URGENTE: Se Temer e o Congresso insistirem em abafar a Lava Jato,
haverá intervenção militar!
21/02/2017Carlos Newton
A política nacional sempre foi muito complicada, os observadores
estrangeiros não conseguem entender tamanha esculhambação institucional, até
mesmo os brasileiros têm enorme dificuldade, não conseguem acompanhar, a todo
momento é preciso recorrer à tradução simultânea.
Desde sexta-feira, dia 17,
procura-se descobrir o real objetivo da explosiva entrevista que o comandante
do Exército, general Eduardo Villas Bôas (Foto), concedeu à repórter Monica
Gugliano, do jornal Valor Econômico.
Como se sabe, chefes militares jamais
se pronunciam sobre assuntos políticos. Quando o fazem, é porque há alguma
coisa de errado, aliás, muito errado.
O mais impressionante foi a rarefeita repercussão das
declarações, que mesmo assim abalaram as estruturas do poder em Brasília, com
reflexos por todo o país, porque o comandante do Exército não mediu as
palavras.
Às vésperas do carnaval, rasgou a fantasia e se incorporou ao Bloco
dos Descontentes, ao afirmar que “somos um país que está à deriva, que não
sabe o que pretende ser, o que quer ser e o que deve ser“.
Ainda não satisfeito, acrescentou: “Esgarçamo-nos
tanto, nivelamos tanto por baixo os parâmetros do ponto de vista ético e moral,
que somos um país sem um mínimo de disciplina social“.
TRADUÇÃO SIMULTÂNEA –
Ao dar entrevista ao Valor,
que é um jornal de circulação
mais restrita na Organização Globo, que comanda
sozinha
a publicação, desde que a Folha se desligou da sociedade,
o general
deixou claro que estava dando um recado “interna corporis”, destinado a
atingir apenas o governo, os políticos
e as lideranças militares.
O fato concreto é que o descontentamento e a pressão interna
nas Forças Armadas têm cada vez mais intensidade. Entre as lideranças
militares, há consenso de que não há planejamento no país, a administração
pública não tem metas nem visa a atender os reais interesses nacionais.
Um dos objetivos da entrevista do general Villas Bôas foi
acalmar o pessoal da ativa e também da reserva, pois os três clubes militares
estão defendendo abertamente uma intervenção das Forças Armadas, a pretexto de
moralizar a política e a administração pública.
SEM INTERVENÇÃO –
Com muita habilidade, o comandante do
Exército descartou a possibilidade de derrubada do governo constitucional: “Interpreto
o desejo daqueles que pedem intervenção militar ao fato de as Forças Armadas
serem identificadas como reduto onde esses valores foram preservados.
No
entendimento que temos, e que talvez essa seja a diferença em relação a 1964, é
que o país tem instituições funcionando.
O Brasil é um país mais complexo e
sofisticado do que era. Existe um sistema de pesos e contrapesos que dispensa a
sociedade de ser tutelada. Não pode haver atalhos nesse caminho. A sociedade
tem que buscar esse caminho, tem que aprender por si. Jamais seremos causadores
de alguma instabilidade“.
O general tem razão. A Constituição deixa claro que cabe
às
Forças Armadas “a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
E a Lei Complementar
número 97 também é clara: ‘A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e
da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de
acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após
esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio’”.
INTERVIR SIGNIFICA GOLPE – Sem a menor dúvida, a
entrevista confirma a convicção de que não existe possibilidade de ocorrer a
apregoada “intervenção militar constitucional”.
O significado real seria “golpe
de estado” ou “golpe militar”, apenas isso.
Segundo as cuidadosas declarações do comandante do Exército,
essa hipótese estaria afastada. Mas acontece que as aparências sempre enganam,
quando se trata da política brasileira.
Na entrevista, a ênfase dada à moral e
à ética, assim como a incisiva defesa da Lava Jato (“É a grande esperança de
que se produza no país alguma mudança nesse aspecto ético que está atingindo
nosso cerne, que relativiza e deteriora nossos valores“) – tudo isso demonstra
que as Forças Armadas não estão desatentas nem omissas.
Ainda em tradução simultânea, o general Villas Bôas deixou
claro que, se o Planalto e o Congresso insistirem nessa irresponsável tentativa
de inviabilizar a Lava Jato, a história vai se repetir no Brasil, e não será como
farsa.
Portanto, espera-se que o presidente Michel Temer tenha um mínimo de
juízo e não ouse levar adiante essa injustificável iniciativa.
Fonte: Tribuna
da Internet
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