GLOBO COMEÇA A RIFAR TEMER E NOBLAT DIZ QUE ELE SUBIU NO
TELHADO
Fiadora do golpe, a Globo, que foi peça central para a
deposição da presidente Dilma Rousseff, começa a abandonar seu preposto Michel
Temer; em artigo publicado nesta sexta-feira 24, o colunista Ricardo Noblat diz
que o governo Temer "subiu no telhado"; "Temer está em ótima
forma física. Quanto à saúde do seu governo, ela passou a inspirar sérios
cuidados desde que o advogado José Yunes depôs à Procuradoria-Geral da
República no último dia 14, em Brasília", escreve o jornalista, lembrando
que o depoimento do amigo "deixa Temer muito mal"; "Se ele não
agir com rapidez livrando-se desde logo de Padilha, sua própria situação deverá
ser duramente afetada", afirma
24 DE FEVEREIRO DE 2017 ÀS 17:30
247 - A Globo começou a rifar Michel Temer. Nesta
sexta-feira 24, o colunista Ricardo Noblat publicou em seu blog no site do
Globo um artigo em que afirma que "o governo Temer subiu no telhado"
depois da denúncia do melhor amigo e ex-assessor do presidente José Yunes, que
afeta diretamente o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, mas também em cheio
o próprio Temer (leia mais).
"Temer está em ótima forma física. Quanto à saúde do
seu governo, ela passou a inspirar sérios cuidados desde que o advogado José
Yunes depôs à Procuradoria-Geral da República no último dia 14, em
Brasília", afirma Noblat, lembrando que o depoimento do amigo "deixa
Temer muito mal". "Se ele não agir com rapidez livrando-se desde logo
de Padilha, sua própria situação deverá ser duramente afetada", diz o
jornalista.
Leia a íntegra:
O governo Temer subiu no telhado
Para o presidente Michel Temer, a quarta-feira de cinzas
chegou antes do carnaval.
A Igreja Católica trata a quarta-feira de cinzas como
um dia para lembrar a fragilidade da vida humana, sujeita à morte.
Temer está em ótima forma física. Quanto à saúde do seu
governo, ela passou a inspirar sérios cuidados desde que o advogado José Yunes
depôs à Procuradoria-Geral da República no último dia 14, em Brasília.
Amigo de Temer há mais de 40 anos, assessor especial dele na
presidência da República, Yunes pediu demissão do cargo em dezembro passado depois
de ter seu nome citado na delação de executivos da Odebrecht.
Foi a propósito disso que ele se ofereceu espontaneamente
para depor. O que contou, gravado em vídeo, compromete Eliseu Padilha,
ministro-chefe da Casa Civil, e deixa Temer muito mal.
Segundo Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente da Odebrecht,
em 2014, depois de um pedido pessoal de Temer a Marcelo Odebrecht, a empresa
repassou R$ 10 milhões a pessoas da confiança do então vice-presidente.
O repasse foi em dinheiro vivo. Do total, de acordo com a
delação, R$ 6 milhões irrigaram a campanha de Paulo Skaf, na época candidato do
PMDB ao governo de São Paulo.
O pagamento do restante foi realizado "via Eliseu
Padilha", e um dos endereços de entrega do dinheiro teria sido o do
escritório de advocacia de Yunes, no centro da capital paulista.
A revista VEJA revelou o caso em agosto do ano passado.
Temer e Padilha disseram que houve um pedido de doação legal, realizada nos
termos da lei eleitoral. Melo Filho manteve a versão de que foi repasse de propina.
Esta semana, em entrevista que a VEJA divulgou ontem à noite
no seu site, Yunes reforçou a versão de Melo Filho. "Fui mula
involuntária", declarou, apresentando-se como um inocente útil nas mãos de
Padilha.
De acordo com Yunes, Padilha entrou em contato para
solicitar-lhe um favor em setembro de 2014, mês em que, segundo o delator da
Odebrecht, parte da fatura dos 10 milhões de reais foi quitada. Fala, Yunes:
- Padilha me ligou falando: 'Yunes, olha, eu poderia pedir
para que uma pessoa deixasse um documento em seu escritório? Depois, outra
pessoa vai pegar'. Eu disse que podia, porque tenho uma relação de partido e
convivência política com ele."
Horas depois, Yunes estava em seu escritório de advocacia em
São Paulo quando, segundo ele, a secretária informou que "um tal de
Lúcio" estava ali para deixar um documento.
- A pessoa se identificou como Lúcio Funaro. Era um sujeito
falante e tal. Ele me disse: 'Estamos trabalhando com os deputados. Estamos
financiando 140 deputados'. Fiquei até assustado. Aí ele continuou: 'Porque
vamos fazer o Eduardo presidente da Casa'. Em seguida, perguntei a ele: 'Que
Eduardo?'. Ele me respondeu: 'Eduardo Cunha'.
Só então caiu a ficha para Yunes. Funaro era ligado ao
Eduardo Cunha. "Eu não sabia. Fui pesquisar no Google quem era Lúcio
Funaro e vi a ficha dele", relembra Yunes.
Preso pela Lava-Jato, Lúcio Bolonha Funaro, doleiro, fazia
negócios para Cunha, hoje preso em Curitiba. A conversa entre Funaro e Yunes
foi breve. Eis o relato de Yunes.
- Ele deixou o documento e foi embora. Não era um pacote
grande. Mas não me lembro. Foi tudo tão rápido. Parecia um documento com um
pouco mais de espessura. Mas não dava para saber o que tinha ali dentro. Depois
disso, fui almoçar. Aí, veio a outra pessoa e levou o documento que estava com
a minha secretária.
De acordo com a delação de Claudio Melo, um dos pagamentos
destinados a Padilha "ocorreu entre 10 de agosto e o fim de setembro de
2014 na rua Capitão Francisco Padilha, 90, Jardim Europa".
O endereço é a sede do escritório de advocacia José Yunes e
Associados. A sala de Yunes fica localizada no 2º andar. O que mais Yunes
revelou à VEJA:
- A delação do Claudio Melo fala que recebi R$ 4 milhões. Cá
entre nós, R$ 4 milhões não caberiam num pacote, né? O que o Lúcio deixou foi
um pacotinho. Não era um pacote grande. Foi tudo tão rápido. Parecia um documento
com um pouco mais de espessura.
Na conversa entre Yunes e a VEJA, deu-se o seguinte diálogo:
- O ministro Eliseu Padilha diz que a história narrada pelo
delator da Odebrecht jamais existiu. O que o senhor tem a dizer?
- Cada um com os seus valores (...). Tenho um apreço até
pelo Padilha, porque ele ajuda muito o presidente. Mas não teria problema
nenhum ele reconhecer que ligou para mim para entregar um documento, o que é
verdade. Vamos ver o que ele vai falar. Estou louco para saber o que ele vai falar.
Ele é uma boa figura. Mas, nesse caso, fiquei meio frustrado. Não sei. É tão
simplório. É estranho, não é?
À VEJA, Padilha afirmou que não conhece Funaro. E que nada
pediu a ele.
Em novembro, já preso, Cunha listou 41 perguntas a serem
feitas a Temer, arrolado como sua testemunha de defesa. Entre as questões,
estas: "Qual a relação de Vossa Excelência com o senhor José Yunes? O
senhor José Yunes recebeu alguma contribuição de campanha para alguma eleição
de Vossa Excelência ou do PMDB?".
Temer ainda não respondeu às perguntas.
Ontem à noite, procurado pelo repórter Guilherme Amado, do
blog do jornalista Lauro Jardim, de O GLOBO, Yunes acrescentou que Temer sabia
que Padilha o havia usado como "uma mula".
- Contei tudo ao presidente em 2014. O meu amigo (Temer)
sabe que é verdade isso. Ele não foi falar com o Padilha. O meu amigo reagiu
com aquela serenidade de sempre (risos).
Yunes reuniu-se com Temer ontem à tarde no Palácio do
Planalto. Não se sabe sobre o que conversaram. Mas àquela altura, Yunes já
sabia que a VEJA publicaria sua entrevista na edição que, hoje, estará nas
bancas.
O estrago que a entrevista causará na imagem do governo será
muito grande. Por mais que Temer tenha dito que só afastará do cargo o ministro
que tenha sido denunciado pela Procuradoria Geral da República ao Supremo
Tribunal Federal, a situação de Padilha se tornará insustentável.
Se ele não agir com rapidez livrando-se desde logo de
Padilha, sua própria situação deverá ser duramente afetada.
Afinal, segundo Yunes, Temer foi informado por ele há mais
de dois anos sobre como tudo se passou, não procurou Padilha para tratar do
assunto e o nomeou ministro depois que assumiu a vaga da ex-presidente Dilma
Rousseff.
Fonte: http://www.brasil247.com/
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