É GUERRA: Delegado da PF é acusado de ‘pirar’ após saber de
liderança de Lula para 2018; CONFIRA AQUI!
22 de fevereiro de 2017
TEREZA CRUVINEL
Em 2015 a campanha para criminalizar e desconstruir Lula
tomou forma e ele anteviu as perseguições, injúrias e violências que sofreria.
“Serão três anos de pancadaria, mas eu vou sobreviver”, garantiu ao discursar
na reunião do Diretório Nacional do PT no dia 29 de outubro daquele ano.
“Se
tem uma coisa que aprendi foi enfrentar a adversidades. Podem ficar certos: eu
vou sobreviver. E eles, terão lá adiante a credibilidade que hoje imaginam
ter?”.
Profético. Lula foi acusado de ocultar um sítio e um apartamento que não
possui, de disfarçar propinas da OAS com o pagamento da armazenagem de seu
acervo presidencial, tornou-se três vezes réu, foi impedido de tomar posse como
ministro de Dilma e enfrenta uma implacável perseguição de Sérgio Moro,
qualificada por sua defesa como “lawfare”, técnica de perseguição jurídica ao
inimigo político, com manipulação do sistema legal para obter sua
desmoralização.
Por fim, Lula perdeu Marisa, que sucumbiu a um aneurisma no
auge da tensão com os processos que ameaçavam Lula, ela e os filhos.
Agora ele
ressurge liderando as pesquisas para 2018 e seus adversários serão contas no
rosário de delações da Odebrecht. Sendo candidato, dificilmente Lula deixará de
ser eleito.
Desta vez, o que eles farão para impedir que ele volte a governar o
país?
O que mais contribui para o crescimento de Lula é o fracasso
do programa do golpe, que feriu a democracia, aniquilou a economia, ampliou o
desemprego e ameaça os direitos sociais e trabalhistas. Neste sentido, quando
mais tempo Temer governar, melhor para Lula, mas pior para o país.
Parece haver
também, no crescimento de Lula, um fator intangível, que habita a esfera dos
sentimentos, dificilmente aferível por pesquisas e sondagens. Algo assim como a
compreensão, por uma parte de seus antigos apoiadores, de que lhe negaram apoio
em momentos que ele precisou.
Por exemplo, quando ele sofreu a condução coercitiva,
quando foi impedido de se tornar ministro ou quando Lula, o PT e os movimentos
sociais tentaram realizar grandes protestos contra o impeachment, bradando o
“não vai ter golpe”.
As manifestações foram grandes mas não suplantaram as da
direita, houve o golpe por um Congresso que dizia atender ao clamor popular.
Algum arrependimento existe, e guarda algum parentesco com o despertar raivoso
da população ao saber que Getúlio se matara.
Ele enfrentava uma longa
perseguição dos adversários e da mídia conservadora mas não contara com um só
grande ato de apoio. Ao saber de sua morte, a multidão tomou as ruas e
empastelou os jornais que atacavam Getúlio.
Na morte de Marisa, sim, Lula recebeu muito carinho e apoio,
tanto presencial como pelas redes sociais. A morte dela coincide com as
evidências de que a Lava Jato não conseguiu provas contra Lula e de que existe
óbvia perseguição.
Além do mais, o golpe fez água, resultou em desastre
econômico e numa enchente de corrupção. Deste reencontro de uma parcela da
população com Lula, por razões racionais e também, vamos dizer, emocionais,
vieram os 30,5% de preferência que ele obteve na pesquisa MDA-CNT.
Um índice
muito aquém dos quase 90% de aprovação com que ele deixou o governo em 2010,
mas que vai crescer, quando mais Temer governar. Possivelmente Bolsonaro também
vai crescer, e tenhamos uma disputa clássica entre esquerda e direita em 2018.
Os candidatos alinhados com o governo é que dificilmente crescerão. Para isso,
precisariam de um milagre na economia e de que a população batesse palmas para
reformas que irão castigá-la, como a previdenciária e a trabalhista.
Mal Lula despontou na liderança da primeira pesquisa, vieram
as críticas e as armações. Um delegado o acusa de obstrução à Justiça porque
foi nomeado ministro embora tenha sido impedido de tomar posse.
Lula é acusado
de ser o que não foi, de fazer o que não poderia ter feito, obstruir a justiça
valendo-se do cargo, e desfrutando do foro privilegiado que lhe foi tirado
depois do golpe, na medida em que deixou de ser investigado ao lado de Dilma,
que deixou de ser presidente.
Muito inepta esta acusação que não resistirá a
qualquer exame jurídico mais sério. Mas os três anos de pancadaria previstos
por Lula ainda não acabaram e armas mais pesadas ainda serão usadas. O que
farão desta vez para evitar Lula presidente?
A hipótese mais banal é a de torná-lo inelegível por uma
condenação em segunda instância antes de junho/julho de 2018, quando as
candidaturas deverão ser registradas. O tempo é curto para isso e as provas
continuam em falta.
Se Moro já o tivesse condenado na primeira instância,
estaria tudo mais fácil. Mas agora, com Lula na liderança das pesquisas, a
ideia de que Moro o condenou para evitar sua candidatura, a serviço dos
concorrentes de outros partidos, vai se fortalecer.
Não é uma ideia lisonjeira
para a biografia de um juiz que já assegurou lugar na História com a Lava Jato
e a prisão de figurões da elite que, de outro modo, jamais teriam dormido uma
noite numa cela.
A outra hipótese é a de um golpe mais radical, que mergulhe
de fato o país na ditadura e cancele as eleições diretas do ano que vem. Quem o
perpetraria? Os militares, cujo comandante enxerga no Brasil de Temer um país à
deriva? Não considero esta hipótese plausível, apesar dos apelos da extrema
direita por uma intervenção militar.
Mas se houver um golpe armado, é mais
fácil que ele seja para entronizar os militares, como em 1964, do que para
garantir a continuidade de Temer.
Ou uma eleição indireta. Lacerda e Magalhães
Pinto apoiaram o golpe e acabaram por ele cassados. Porque iriam os militares
se desgastar com um golpe em favor de uma elite carcomida e afundada em
corrupção?
Mas, se Lula tornar-se de fato candidato, preservadas as
regras democráticas, a campanha será uma guerra e todas as armas serão
permitidas.
Como em 1989, quando Lula perdeu no segundo turno após ataques
baixos de Collor (que pagou sua ex-namorada Miriam Cordeiro para acusa-lo de
tentar força-la a abortar a filha Luriam) e a manipulação do debate final pela
TV Globo.
A batalha será sangrenta. Se Lula for eleito, o país ainda estará
dividido mas, se ele conseguir restaurar a democracia, o crescimento e o
desenvolvimento, como fez em seu governo, acabará conseguindo a reunificação.
“Alguém terá que ser capaz de reunificar o país”, disse
Temer pregando o impeachment no ano passado e defendendo a própria posse no
lugar de Dilma.
O que ele não sabia, com seu limitado currículo democrático, é
que a reunificação em horas de crise e cisão só pode ser propiciada por um governante
legítimo, e além do mais, exitoso. O dele não dispõe nem de um nem do outro
atributo.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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