Postado em 24 Feb 2017
por: Carlos Fernandes
Suruba
Que a política brasileira sempre foi um antro de
imoralidade, corrupção, permissividade, balbúrdia e sacanagem propriamente dita
não é novidade pra ninguém, mas as indecências das relações promíscuas que
adornam o governo ilegítimo de Michel Temer desceram a níveis tais que fariam
corar de vergonha o próprio Marquês de Sade.
Verdade seja dita, desde que Romero Jucá – o porta-voz
informal da baixaria Temeriana – classificou como “suruba” a pornografia
institucionalizada do foro privilegiado, ficou cada vez mais clara
a forma que
devemos entender todo o movimento que se organizou para criar as condições
necessárias para a deposição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Consumado o golpe e seguindo o mesmo script, não por acaso a
sabatina extra-oficial do mais novo membro do STF, o advogado de facções
criminosas e plagiador compulsivo Alexandre de Moraes, se deu num “love boat”
na companhia de meia dúzia de políticos investigados e sabe-se lá mais quais
digníssimas personagens.
Tudo isso já seria material mais do que suficiente para um
roteiro destinado a uma pornochanchada de quinta categoria, mas eis que antes
da tradicional libertinagem carnavalesca começar, surge uma “mula involuntária”
na cozinha do Palácio do Planalto.
Trata-se de ninguém menos do que o melhor amigo de Michel Temer
e ex-assessor especial da presidência da República, o empresário e agora
aspirante a ator principal, José Yunes.
Em entrevista concedida à revista Veja, uma das principais
responsáveis pela orgia política na qual o Brasil se afundou, Yunes abate um dos
mais poderosos articuladores do governo Temer, o não menos indecoroso ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Segundo Yunes, ele teria sido usado por Padilha para
intermediar (daí o termo “mula”) a entrega de um envelope destinado ao ministro
cujo remetente seria o doleiro Lúcio Funaro apontado pelos investigadores da
operação Lava Jato como operador do ex-deputado Eduardo Cunha, sempre ele.
A história toda refere-se ao famoso pedido de R$ 10 milhões
feito por Michel Temer a Marcelo Odebrecht para financiar, via caixa 2,
campanhas de políticos do PMDB.
Pela delação premiada do engenheiro da Odebrecht, Claúdio
Melo, do valor solicitado por Temer, R$ 6 milhões seriam repassados para Paulo
Skaf (aquele do pato da Paulista) e o restante, R$ 4 milhões, para o honorável
Eliseu Padilha distribuir entre os seus. Desses, R$ 1 milhão, ainda segundo
Cláudio Melo, seria o conteúdo do tal envelope.
E assim estamos. Um presidente ilegítimo e atolado em
denúncias de corrupção a, desculpem o termo, fuder com os direitos sociais e
trabalhistas dos brasileiros enquanto a nata do golpe parlamentar que ora
usufrui do poder tenta, de um jeito ou de outro, tirar o seu da reta.
Ironia das ironias, tramita no Câmara dos Deputados o
Projeto de Lei 6.449/2016 de autoria do deputado Marcelo Aguiar (DEM-SP) que
visa barrar todo e qualquer conteúdo sexual na internet.
Segundo o coitado, a
idéia é evitar “um aumento no número de viciados em conteúdo pornô e na
masturbação”.
Diante o que está acontecendo diariamente no país à luz do
dia sob a batuta do próprio presidente da República, só tenho uma coisa a dizer
ao excelentíssimo deputado: sabe de nada, inocente.
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