26 de Fevereiro de 2017
Temer ainda não se deu conta da encrenca em que se meteu ao
admitir publicamente ter pedido dinheiro para o PMDB a Marcelo Odebrecht num
jantar no Palácio do Jaburu, em maio de 2014.
Ele tenta se justificar com o argumento de que pediu
dinheiro "legal" e não "ilegal", mas esquece que um prédio
público, como é a residência oficial do vice-presidente da República, não é
lugar para pedir dinheiro a ninguém, legal ou ilegal, para o partido do qual
era o presidente (e ainda é, embora formalmente seu sucessor seja Romero Jucá).
Nenhum ente público está autorizado a fazer qualquer tipo de
negócio não oficial num prédio governamental, ainda mais quando o ente é o
primeiro na sucessão presidencial.
Imaginem se a presidente Dilma tivesse admitido ter pedido
dinheiro ao PT no Palácio da Alvorada! Ainda que legal.
Ou o presidente Lula!
Seria um prato cheio para a imprensa! Nem Collor fez isso. Nenhum presidente
nem vice-presidente da República fez isso.
Presidentes da República não fazem
isso, a não ser que se considerem acima de qualquer suspeita e inalcançáveis
pela mão da Justiça.
A última autoridade que fez algo parecido, até onde se sabe,
foi o governador Adhemar de Barros, que não se constrangia em exigir dos
empresários que ganhavam algum contrato de seu governo uma singela contribuição
para "as obras assistenciais de dona Leonor" assim que fechava algum
contrato de obras públicas com algum deles, dentro do Palácio dos Campos
Elíseos ou dos Bandeirantes.
Mas ele não é exemplo de ética para ninguém. Ficou conhecido
para todo o sempre como o "rouba, mas faz".
Só não foi preso, certa
vez, pelo Procurador da Justiça Hélio Bicudo, que apurou suas ilicitudes porque
fugiu para a Bolívia num avião particular na calada da noite.
No entanto, se essa parte da negociação com a Odebrecht,
confessada por Temer, já é passível de punição, e punição severa que não pode
ser menor do que a perda de seu cargo, a parte que ele nega, mas que seu melhor
amigo já contou para Deus e o mundo, eleva a punição ao cubo.
Além de ter pedido dinheiro para o seu partido dentro das
instalações do governo, ele o pediu diante do presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, o pai do propinoduto da companhia e de Claudio Melo Filho, cuja
fachada era de diretor da Odebrecht, mas que na verdade era um lobista.
Temer admitiu um lobista conhecido de todos – e não seria
ele, presidente do poderoso do PMDB, que não o conheceria – dentro do Palácio
do Jaburu. E, além de não se incomodar em ser seu anfitrião tratou de
"contribuição à campanha" na sua frente.
Ninguém trata de contribuições legais de campanha com um
lobista!
Quem trata de contribuições de campanha oficiais é o
tesoureiro do partido, na sede do partido – essa é a regra republicana.
Sem contar o fato de que os 10 milhões de reais - ao menos
parte deles - serviria para convencer 140 deputados, como seu amigo Yunes já
contou, a eleger Eduardo Cunha presidente da Câmara dos Deputados, o primeiro
ato da conspiração que derrubou a presidente Dilma.
Esse conjunto da obra é muito mais grave do que o processo
de cassação da chapa Dilma-Temer que corre no TSE. E está mais do que
comprovado por ele próprio.
Temer não foi apenas traidor da presidente com quem se
elegeu, não foi tão somente um dos líderes do golpe parlamentar, como se
supunha até agora.
Mais pernicioso que o hacker da Marcela, mais devastador que
a mais devastadora das perguntas incômodas que Cunha lhe fez via Superior
Tribunal
de Justiça, Temer jogou o seu próprio nome na lama.
Fonte: http://www.brasil247.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário