Popularidade de Temer cai, enquanto sobem a de Lula e
Bolsonaro
AFP 3 horas atrás 16/02/2017
no dia 14 de fevereiro de 2017
A inflação está em queda e a Bolsa de São Paulo bate
recordes, mas a popularidade do presidente Michel Temer e de seu governo
desabam, enquanto sobem a do ex-presidente Lula e a do deputado de ultradireita
Jair Bolsonaro para as eleições presidenciais de 2018.
Apenas 10,3% dos brasileiros aprovam o governo conservador
de Temer, contra 14,6% em outubro, e 44,1% consideram-no ruim, ou péssimo
(contra 36,7% na pesquisa anterior), revelou nesta quarta-feira uma pesquisa do
Instituto MDA para a Confederação Nacional dos Transportes (CNT).
O desempenho pessoal de Temer também sofreu forte desgaste
nos últimos quatro meses: 62,4% dos consultados desaprovam-no (51,4% em
outubro), enquanto 24,4% são favoráveis (31,7% em outubro), de acordo com
pesquisa realizada entre 8 e 11 de fevereiro, com um universo de 2.002 pessoas
e margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Temer assumiu o poder provisoriamente em maio e foi
confirmado no cargo em agosto, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff,
de quem era vice, acusada pelo Congresso de manipular contas públicas nas
chamadas pedaladas fiscais.
O chefe de Estado lançou um programa de ajustes com a
intenção de pôr o país nos trilhos, no momento de pior recessão em mais de um
século, antes das eleições de outubro de 2018.
Apesar do recuo da inflação e dos recordes sucessivos da
Bolsa, pela primeira vez em muito tempo, Lula lidera as intenções de voto para
as próximas eleições, que também apontam para um avanço da ultradireita nas
preferências.
Lula, Bolsonaro e voto em branco em alta
A demora da chegada dos investimentos, o desemprego recorde
de 12%, as chacinas nos presídios entre quadrilhas rivais de traficantes de
drogas e o aquartelamento de policiais pressionado por familiares fizeram
aumentar o sentimento de insegurança e se refletiram na pesquisa MDA/CNT.
© Fornecido por AFP O ex-presidente Lula, em Brasília,
no dia
12 de janeiro de 2017
Essa conjuntura beneficiou Lula. O petista aparece como
favorito para derrotar em qualquer cenário de 2018 o deputado de ultradireita
Jair Bolsonaro (PSC/RJ), que praticamente dobrou sua base e aumentou a
tendência aos votos em branco e nulo.
Aos 71 anos e réu em cinco denúncias relacionadas com a
"Operação Lava Jato", Lula teria o voto de 30,5% dos eleitores (eram
24,8% em outubro), seguido da líder ambientalista Marina Silva (Rede
Sustentabilidade), com 11,8% (recuo de 1,5 ponto percentual), e de Bolsonaro,
com 11,3% (tinha 6,5% em outubro).
A chave dessas tendências é econômica, resumiu Ricardo
Ribeiro, da consultoria MCM.
"Há um sentimento de saudade, uma valorização de um
governo muito bem avaliado, com uma economia que crescia e a inflação
controlada" durante os anos de Lula no governo (2003-2010), mesmo que
muito se devesse à situação internacional, durante o ciclo de valorização das
commodities, explicou Ribeiro à AFP.
Já Bolsonaro é "um outsider que surfa numa onda de
rejeição" à política e "se beneficia [de] que no Brasil e em outros
lugares aflore um sentimento mais de direita e de extrema direita",
acrescentou.
Mesmo no cenário de disputa de um segundo turno, Lula também
aparece em vantagem.
Em outubro, o ex-candidato tucano Aécio Neves (PSDB/MG) e o
ex-sindicalista do ABC paulista apareciam em empate técnico. Agora, Lula
venceria com 39,7% dos votos contra 27,5% para seu adversário.
Em todos os casos, entre 25% e 39% do eleitorado votariam em
branco, ou nulo, e pelo menos 7,2% se disseram indecisos.
A consulta começou quatro dias depois dos funerais da mulher
de Lula, dona Marisa Letícia, durante os quais o ex-presidente lançou duras críticas
aos responsáveis pela "Lava Jato", que tinham incluído a
ex-primeira-dama em suas acusações.
© Fornecido por AFP (Arquivo) Jair Bolsonaro (C)
durante
manifestação contra Dilma Rousseff, em Brasília, no dia 13
de março de
2016
A recuperação de Lula pode se explicar em parte por este
fator "sentimental", disse Ribeiro.
No que diz respeito à corrupção, quase metade dos
consultados (48,8%) calcula que esse flagelo "é igual" com os
governos de Temer e Dilma, embora 31,5% tenham dito que havia mais corrupção
sob o mandato da presidente deposta, contra 16,1% que afirmaram que o problema
se agravou com Temer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário