quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Temer indica para ministro da Justiça advogado de Aécio na Lava Jato

16 de Fevereiro de 2017
 

Temer continua utilizando dois critérios básicos para escolher seus ministros, como já deixou explícito seu braço direito, Eliseu Padilha, sem um pingo de pudor: votos no Congresso e blindagem contra investigações de aliados.

Foi o que norteou a escolha de Carlos Velloso para o ministério da Justiça: a intenção é matar dois coelhos com uma cajadada só.

Por trás da respeitável fachada de ex-presidente do STF, apresentada como uma espécie de salvo conduto, Velloso é um advogado em exercício, cujo escritório defende Aécio Neves na Lava Jato.

Com uma canetada, Temer pretende promover o defensor de um investigado na Lava Jato a chefe do ministério ao qual se subordina a Polícia Federal, que toca as investigações da Lava Jato.

E que conhece de cor e salteado os meandros e os ministros do STF.

Não há como não suspeitar que Aécio vai receber, por intermédio de Velloso, informações privilegiadas acerca do andamento das investigações a seu respeito, seja da Polícia Federal, seja do Supremo. 
Tal como o escritório de Velloso do qual, é obvio, vai se desligar formalmente. Ou o escritório que vier a substituir o dele nessa causa - afinal, manter as aparências faz parte do jogo.

O conflito de interesses é evidente, menos para Aécio, que o indicou, para Temer e Padilha que aprovaram a indicação e para Velloso, que aceitou.

Do ponto de vista político é um conchavo perfeito tanto para o presidente do PMDB quanto para o presidente do PSDB: consumada a nomeação, Aécio não terá como deixar de apoiar qualquer proposta do Planalto, por mais lunática que seja.

Para os deputados e senadores tucanos significa a obrigação de se alinhar com Aécio e com Temer mesmo nas propostas mais anti-populares, como a da Previdência, o que poderá redundar em fracasso eleitoral nas próximas eleições.

Do ponto de vista ético é mais um degrau escada abaixo no processo de destruição moral do Brasil.

Afundar o pais e o PSDB são preocupações que passam ao largo dos conchavos de Temer e de Aécio.

Falta combinar com os eleitores.



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