ESQUEMA NAS OBRAS DA CIDADE ADMINISTRATIVA PODE TRAZER A
DERROCADA FINAL DE AÉCIO
Senador mineiro continua com proteção na grande mídia e tem
tratamento diferenciado de outros políticos delatados na Operação Lava Jato;
Aécio Neves apareceu, de novo, na delação da Odebrecht; segundo o depoimento de
Benedicto Júnior, ex-presidente da empreiteira, houve reunião com o então
governador mineiro para combinar a fraude na licitação da construção da Cidade
Administrativa – a obra mais cara dos 8 anos do governo de Aécio; foram
despejados mais de R$ 2 bilhões na nova sede oficial; esquema teria
sido criado para favorecer as grandes empreiteiras; segundo o delator, o
governador indicava Oswaldo Borges da Costa Filho, conhecido como Oswaldinho,
para tratar das propinas
5 DE FEVEREIRO DE 2017 ÀS 15:58
IMAGINE QUE UM SIMPLES comerciante do interior de Minas
Gerais tenha sido preso por participar de um esquema de vendas de habeas corpus
para traficantes de drogas em conluio com um desembargador.
Imagine que este comerciante seja primo de um político
responsável pela nomeação do desembargador que mais tarde se tornaria seu
comparsa no esquema.
Agora, imagine que o comerciante e o desembargador tenham
sido presos e que o Fantástico tenha feito uma excelente reportagem de quase 12
minutos sobre o assunto, mas não citou que o político em questão levava o nome
de Aécio Neves (PSDB/MG).
Não precisa imaginar mais nada.
Tudo isso aconteceu entre
2011 e 2012. A possibilidade bastante factível de as digitais de Aécio estarem
presentes no esquema nunca foi sequer cogitada pela polícia ou pela imprensa.
Com todo esse carinho e proteção, o mineiro despontou na corrida presidencial
de 2014 com um duro discurso contra a corrupção e, poucos meses depois,
lideraria a oposição no processo que derrubou a presidenta eleita.
Essa é uma história real que pouquíssimos brasileiros
conhecem. Por outro lado, muitíssimos têm certeza de que um dos filhos de Lula
é proprietário da Friboi – um boato que ganhou tanta força que quem ousar
contestá-lo corre o risco de ser ridicularizado.
Essa semana, o senador mineiro apareceu novamente na boca
mole de um executivo da Odebrecht.
Segundo a delação de Benedicto Júnior,
ex-presidente da empreiteira, houve uma reunião com o então governador mineiro
para combinar a fraude na licitação da construção da Cidade Administrativa – a
obra mais cara e inútil dos 8 anos do governo do faraó mineiro.
Foram
despejados mais de R$ 2 bilhões na nova sede oficial, que fica a 20km do centro
de Belo Horizonte, obrigando muitos servidores a gastarem quase duas horas para
chegar na “Brasília mineira” – o que não chega a ser problema para os
servidores que andam de helicóptero.
O esquema teria sido criado para favorecer as grandes
empreiteiras. Segundo o delator, o governador indicava Oswaldo Borges da Costa
Filho, conhecido como Oswaldinho, para tratar das propinas.
Oswaldinho foi
nomeado presidente da CODEMIG – estatal que financiou integralmente a obra –
por Aécio e é conhecido por tucanos e opositores como seu tesoureiro informal
nas campanhas entre 2002 e 2014.
Ele também foi dono de uma empresa de
táxi-aéreo em sociedade com seu cunhado Clemente Faria (morto em 2012 em
acidente aéreo), filho de Gilberto Faria, que foi padrasto de Aécio durante 25
anos.
Foi com os jatinhos dessa empresa que Aécio viajou algumas vezes para
Cláudio (MG), onde um aeroporto público foi construído dentro da fazenda de sua
família e cujas chaves ficavam sob a responsabilidade do primo Quedo (sim, o
mesmo que foi preso por vender absolvição para traficantes).
Você provavelmente já se perdeu nesse emaranhado de
parentescos que aparelhou a coisa pública mineira, portanto, voltemos à
caguetagem.
Delações isoladas não provam nada, e Aécio tem se apegado a isso ao
negar tudo. Mas quando pessoas de diferentes empresas narram o mesmo modus
operandi dos pagamentos de propina, fica difícil não acreditar.
A última
delação bate com a de outras empreiteiras que participaram do consórcio.
Léo
Pinheiro, ex-presidente da OAS, contou no ano passado exatamente a mesma
história que o ex-executivo da Odebrecht: a propina era de 3% do valor dos
contratos e foi paga para Oswaldinho. Segundo apuração da Folha, ex-executivos
da Andrade Gutierrez também irão contar a mesmíssima história nas próximas
semanas.
Mas até blindagem sofre fadiga de material. Com tantas
citações em delações nas costas, vai ficando cada vez mais difícil para os
aliados de Aécio na imprensa segurarem essa barra que é gostar do mineirinho.
Os detalhes das propinas na Cidade Administrativa foram apurados pela Folha e
ganharam manchete de capa no jornal.
Porém, ainda há na imprensa quem resista.
O Estado de Minas, que se autointitula o “grande jornal dos mineiros”, escondeu
a notícia em seu site sem oferecer nenhuma chamada na página principal.
Nas
edições impressas de quinta e sexta, nem vulto da notícia na capa.
Parece que o
fato de um ex-governador e senador mineiro estar sendo acusado de fraudar
licitação na construção de uma obra faraônica não tenha sido a grande pauta de
Minas Gerais dessa semana. Até a notícia “Internauta compara político ao ‘Dino
da Silva Sauro’ e é condenado pela Justiça” ganhou chamada na página principal
do site do jornal durante dois dias.
Já o Jornal Nacional continua funcionando normalmente. Assim
como já havia ignorado quando o senador foi “discretamente” chamado para depor
na Polícia Federal, o jornal televisivo de maior audiência do país fingiu que
nada aconteceu com Aécio nesta semana e dedicou 0 segundo para o caso.
Bom, era isso o que eu tinha pra contar. Encerro lembrando
que eleitores do mineirinho saíram às ruas para protestar contra a corrupção do
governo Dilma vestindo uma camiseta com os dizeres: “Eu não tenho culpa. Votei
no Aécio”.
Fonte: http://www.brasil247.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário