DIREITO É BOM: Importante jurista analisa recursos do
impeachment e garante que Dilma pode voltar a presidência
6 de fevereiro de 2017
Patrícia Miguez
Lucas Ponez
Um movimento em prol da anulação do impeachment da
presidenta eleita Dilma Rousseff começou a ganhar força nos últimos dias.
Setores da esquerda brasileira acreditam que só há um caminho para o
restabelecimento da democracia: a restituição do mandato outorgado à Dilma
Rousseff.
Wallace Martins, advogado criminal, professor de Direito
Penal e Filosofia do Direito também concorda que não há outro caminho a não ser
a volta da presidente eleita ao cargo para o qual foi eleita por mais de 54
milhões de brasileiros.
O advogado ingressou com uma petição amicus curiae, a pedido
do Partido da Causa Operária – representando mais de 600 pessoas -, em conjunto
com o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ), nos Mandados de Segurança que
pedem para que o STF julgue a forma e o mérito do processo de impeachment.
Em entrevista concedida ao Debate Progressista, Wallace
afirma que os Mandados estão, nesse momento, em posse do procurador-geral da
República Rodrigo Janot e estima que este libere as petições para que sejam
julgadas pelo plenário do STF.
O advogado afirma que as chances de anulação do impeachment
são de razoáveis para boas e que é necessária uma pressão popular para
constranger os ministros do STF a fazerem justiça. Ele ainda afirma crer que a
chapa Dilma-Temer não será cassada pelo TSE e, sendo assim, não haverá
problemas vindos da Corte Eleitoral.
Questionado se Dilma Rousseff quer mesmo voltar à
presidência, Wallace – que tem ligações com pessoas muito próximas à presidenta
eleita – afirma categoricamente: “Ela quer voltar, sim”.
Existem dois Mandados de Segurança expedidos pela defesa da
presidenta eleita Dilma Rousseff que pedem a anulação do impeachment. Como
estão as tramitações?
Sim, são dois Mandados de Segurança impetrados por Dilma
Rousseff, e em ambos é pedida a anulação do impeachment por motivos diferentes.
Um é um pouco diferente do outro. Um questiona a forma; o outro, o conteúdo.
Eles estão em posse do procurador-geral da República Rodrigo Janot desde
novembro.
Esses Mandados de Segurança serão apensados por conexão e serão julgados
de forma conjunta.
Nesses Mandados de Segurança já tem a nossa participação
como amicus curiae, tanto do PCO quanto do deputado federal Jean Wyllys
(PSOL-RJ). Portanto, hoje, os Mandatos, juntamente com as petições de amicus
curiae, estão com Rodrigo Janot.
O que foi divulgado é que todos os recursos da presidenta
foram esgotados. Esses Mandados de Segurança têm a ver com o indeferimento dado
pelo ministro Teori Zavascki, em outubro?
Na verdade, nenhum recurso da presidenta foi esgotado,
porque nenhum deles foi julgado.
O que foi julgado pelo Teori foram liminares
nesses Mandados de Segurança. Mas era de se esperar que as liminares fossem
indeferidas.
Imagine um único ministro parar todo o processo de impeachment
sozinho, sem ouvir seus pares, sem ouvir seu colegas ministros do Supremo e sem
colher o parecer do procurador-geral da República? Então esses Mandados de
Segurança têm relação com o indeferimento do Teori, mas ele indeferiu a liminar
em Mandado de Segurança. O mérito ainda será julgado, e é no mérito que a gente
tem bastante convicção.
Então depende da PGR pro mérito ser julgado no STF?
Depende da Procuradoria-Geral da República como qualquer
processo.
Primeiramente, o parecer tem que ser dado pelo Janot. Inclusive eu
acho que a campanha agora deve ser ‘Devolve, Janot’, porque com a devolução do
procurador-geral da República, um novo relator, entre os nove ministros do STF,
será sorteado.
E por que eu digo os ‘nove ministros’? Porque o STF é composto
por onze, só que um faleceu e a outra é a presidente Cármen Lúcia, que não
poderá relatar o Mandado de Segurança.
Esses Mandados de Segurança não poderão
ser julgados como ocorre na Lava Jato, onde os julgamentos são feitos pela
segunda turma, eles serão julgados pelo plenário, por toda a Corte. bravo
Janot tem prazo para devolver os Mandados de Segurança?
Em princípio, prazo ele não tem, mas ele tem a obrigação de
ser razoável, ele não pode “sentar em cima”. Claro que do dia 21 de dezembro
até o dia 31 de janeiro, os tribunais superiores – o Supremo, o STJ, assim como
a PGR – ficaram parados, mas agora, como está com Janot desde o início de
novembro, ele já teria tempo suficiente para devolver, então ele tem que
devolver imediatamente.
Não se trata de um prazo fixado, mas se trata de ser
razoável. Janot, em outros processos da Lava Jato, às vezes, dava pareceres em
48-72h, e por que agora está demorando tanto assim? Então ele tem que “correr”
e devolver os Mandados imediatamente.
Quais são as chances de sucesso?
As nossas chances ter os dois Mandados de Segurança
concedidos é de razoáveis para boas, ou seja, existe, realmente, a
possibilidade. Nós podemos vencer.
O que vai nos ajudar é a pressão popular,
sobretudo em Brasília, na porta do Supremo, próxima aos ministros. Nós
precisamos constranger os ministros. Repito: é necessário que nós consigamos
constranger os ministros a fazerem justiça, porque aquilo que hoje pode
parecer, para alguns, algo normal, algo que não é golpe, certamente a História
vai condenar. O ano de 2016 foi marcado por um Golpe de Estado.
Como ficaria caso a chapa Dilma-Temer seja cassada pelo TSE?
Se a chapa Dilma-Temer vier a ser cassada, nós teríamos um
problema – realmente. Imagina se o Supremo devolve o mandato à Dilma e a chapa
seja cassada em seguida? Isso influiria nas questões do país. Ela sairia de
novo.
Eu sinceramente não acredito que a chapa Dilma-Temer será cassada, porque
no TSE tem, pelo menos, cinco ministros que entenderão que não é caso para
cassação, inclusive a ministra Maria Thereza, que é a relatora da ação. DilmaRousseff-foto-divulgacao-450×270
Você tem proximidade com a presidenta eleita?
Diretamente, não. Mas tenho muitos amigos ligados a ela, uns
muito próximos, outros não tão próximos.
Há quem diga que Dilma Rousseff não quer voltar. Isso
procede?
Não! Isso não procede. Ela quer voltar, sim. Ela acredita,
tem fé, tanto é que entrou com os dois Mandados de Segurança. Ela chegou a
dizer que prefere as “Diretas Já”, mas, na verdade, a vontade dela é de
reassumir o mandato. Ela é uma mulher de fibra e sabe que foi injustiçada.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário