LULA ANUNCIA MORTE DE MARISA E DOAÇÃO DOS ÓRGÃOS
"A família Lula da Silva agradece todas as
manifestações de carinho e solidariedade recebidas nesses últimos 10 dias pela
recuperação da ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia Lula da Silva. A família
autorizou os procedimentos preparativos para a doação dos órgãos", postou
o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; Marisa esteve ao lado de Lula
durante sua ascensão política, desde os tempos de sindicato, passando pela
fundação do PT – que ajudou a criar – até a presidência da República, em 2003;
discreta, evitava holofotes da mídia; em 2011, incentivou Lula a realizar os
exames que descobririam um câncer na laringe; relembre texto postado pela
jornalista Hildegard Angel em homenagem à ex-primeira-dama, que morre aos 66
anos
2 DE FEVEREIRO DE 2017 ÀS 10:44
Por Luiz Inácio Lula da Silva, em seu
Facebook -
A família Lula da Silva agradece todas as manifestações de
carinho e solidariedade recebidas nesses últimos 10 dias pela recuperação da
ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia Lula da Silva. A família autorizou os
procedimentos preparativos para a doação dos órgãos.
Relembre texto postado pela jornalista Hildegard Angel em
homenagem à ex-primeira-dama:
Hildegard Angel, em seu blog
"Foram oito anos de bombardeio intenso, tiroteio de
deboches, ofensas de todo jeito, ridicularia, referências mordazes, críticas cruéis,
calúnias até. E sem o conforto das contrapartidas. Jamais foi chamada de
"a Cara" por ninguém, nem teve a imprensa internacional a lhe tecer
elogios, muito menos admiradores políticos e partidários fizeram sua defesa. À
"companheira" número 1 da República, muito osso, afagos poucos.
Ah,
dirão os de sempre, e as mordomias? As facilidades? O vidão? E eu rebaterei: E
o fim da privacidade? A imprensa sempre de olho, botando lente de aumento pra
encontrar defeito? E as hostilidades públicas? E as desfeitas? E a maneira
desrespeitosa com que foi constantemente tratada, sem a menor cerimônia, por
grande parte da mídia? Arremedando-a, desfeiteando-a, diminuindo-a? E as
frequentes provas de desconfiança, daqui e dali? E – pior de tudo – os boatos
infundados e maldosos, com o fim exclusivo e único de desagregar o casal, a
família? Ah, meus queridos, Marisa Letícia Lula da Silva precisou ter coragem e
estômago para suportar esses oito anos de maledicências e ataques. E ela teve.
Começaram criticando-a por estar sempre ao lado do marido
nas solenidades. Como se acompanhar o parceiro não fosse o papel tradicional da
mulher mãe de família em nossa sociedade.
Depois, implicaram com o silêncio
dela, a "mudez", a maneira quieta de ser. Na verdade, uma prova mais
do que evidente de sua sabedoria.
Falar o quê, quando, todos sabem,
primeira-dama não é cargo, não é emprego, não é profissão? Ah, mas tudo que
"eles" queriam era ver dona Marisa Letícia se atrapalhar com as
palavras para, mais uma vez, com aquela crueldade venenosa que lhes é peculiar,
compará-la à antecessora, Ruth Cardoso, com seu colar poderoso de doutorados e
mestrados.
Agora, me digam, quantas mulheres neste grande e pujante país podem
se vangloriar de ter um doutorado? Assim como, por outro lado, não são tantas
as mulheres no Brasil que conseguem manter em harmonia uma família discreta e
reservada, como tem Marisa Letícia.
E não são também em grande número aquelas
que contam, durante e depois de tantos anos de casamento, com o respeito
implícito e explícito do marido, as boas ausências sempre feitas por Luís
Inácio Lula da Silva a ela, o carinho frequentemente manifestado por ele. E
isso não é um mérito? Não é um exemplo bom?
Passemos agora às desfeitas ao que, no entanto, eu considero
o mérito mais relevante de nossa ex-primeira-dama: a brasilidade. Foi um
apedrejamento sem trégua, quando Marisa Letícia, ao lado do marido presidente,
decidiu abrir a Granja do Torto para as festas juninas.
A mais singela de
nossas festas populares, aquela com Brasil nas veias, celebrando os santos de
nossas preferências, nossa culinária, os jogos e as brincadeiras. Prestigiando
o povo brasileiro no que tem de melhor: a simplicidade sábia dos Jecas Tatus, a
convivência fraterna, o riso solto, a ingenuidade bonita da vida rural.
Fizeram
chacota por Lula colar bandeirinhas com dona Marisa, como se a cumplicidade do
casal lhes causasse desconforto. Imprensa colonizada e tola, metida a chique.
Fazem lembrar "emergentes" metidos a sebo que jamais poderiam
entender a beleza de um pau de sebo "arrodeado" de fitinhas
coloridas. Jornalistas mais criteriosos saberiam que a devoção de Marisa pelo
Santo Antônio, levado pelo presidente em estandarte nas procissões, não é
aprendida, nem inventada.
É legitimidade pura. Filha de um Antônio (Antônio
João Casa), de família de agricultores italianos imigrantes, lombardos lá de
Bérgamo, Marisa até os cinco de idade viveu num sítio com os dez irmãos, onde o
avô paterno, Giovanni Casa, devotíssimo, construiu uma capela de Santo Antônio.
Até hoje ela existe, está lá pra quem quiser conferir, no bairro que leva o
nome da família de Marisa, Bairro dos Casa, onde antes foi o sítio de suas
raízes, na periferia de São Bernardo do Campo.
Os Casa, de Marisa Letícia, meus
amores, foram tão imigrantes quanto os Matarazzo e outros tantos, que ajudaram
a construir o Brasil.
Outro traço brasileiro dela, que acho lindo, é o prestígio
às cores nacionais, sempre reverenciadas em suas roupas no Dia da Pátria. Obras
de costureiros nossos, nomes brasileiros, sem os abstracionismos fashion de
quem gosta de copiar a moda estrangeira.
Eram os coletes de crochê, os bordados
artesanais, as rendas nossas de cada dia. Isso sim é ser chique, o resto é
conversa fiada. No poder, ao lado do marido, ela claramente se empenhou em
fazer bonito nas viagens, nas visitas oficiais, nas cerimônias protocolares.
Qualquer olhar atento percebe que, a partir do momento em que se vestir bem
passou a ser uma preocupação, Marisa Letícia evoluiu a cada dia, refinou-se,
depurou o gosto, dando um olé geral em sua última aparição como primeira-dama
do Brasil, na cerimônia de sábado passado, no Palácio do Planalto, quando,
desculpem-me as demais, era seguramente a presença feminina mais elegante.
Evoluiu no corte do cabelo, no penteado, na maquiagem e, até, nos tão
criticados reparos estéticos, que a fizeram mais jovem e bonita. Atire a
primeira pedra a mulher que, em posição de grande visibilidade, não fez uma
plástica, não deu uma puxadinha leve, não aplicou uma injeçãozinha básica de
botox, mesmo que light, ou não recorreu aos cremes noturnos. Ora essa, façam-me
o favor!
Cobraram de Marisa Letícia um "trabalho social
nacional", um projeto amplo nos moldes do Comunidade Solidária de Ruth
Cardoso.
Pura malícia de quem queria vê-la cair na armadilha e se enrascar numa
das mais difíceis, delicadas e técnicas esferas de atuação: a área social.
Inteligente, Marisa Letícia dedicou-se ao que ela sempre melhor soube fazer:
ser esteio do marido, ser seu regaço, seu sossego.
Escutá-lo e, se necessário,
opinar. Transmitir-lhe confiança e firmeza. E isso, segundo declarações dadas
por ele, ela sempre fez. Foi quem saiu às ruas em passeata, mobilizando
centenas de mulheres, quando os maridos delas, sindicalistas, estavam na
prisão. Foi quem costurou a primeira bandeira do PT.
E, corajosa, arriscou a
pele, franqueando sua casa às reuniões dos metalúrgicos, quando a ditadura
proibiu os sindicatos. Foi companheira, foi amiga e leal ao marido o tempo
todo. Foi amável e cordial com todos que dela se aproximaram.
Não há um único relato
de episódio de arrogância ou desfeita feita por ela a alguém, como
primeira-dama do país. A dona de casa que cuida do jardim, planta horta, se
preocupa com a dieta do maridão e protege a família formou e forma, com Lula,
um verdadeiro casal. Daqueles que, infelizmente, cada vez mais escasseiam.
Este é o meu reconhecimento ao papel muito bem desempenhado
por Marisa Letícia Lula da Silva nesses oito anos. Tivesse dito tudo isso
antes, eu seria chamada de bajuladora. Esperei-a deixar o poder para lhe fazer
a Justiça que merece."
Confira reportagem da Agência Brasil sobre a morte de Dona
Marisa:
Ex-primeira dama Marisa Letícia tem morte cerebral
A ex-primeira-dama Marisa Letícia Lula da Silva, 66 anos,
teve morte cerebral hoje (2). Ela está na unidade de terapia intensiva (UTI) do
Hospital Sírio-Libanês desde o dia 24 de janeiro.
Segundo boletim médico, foi realizado um doppler
transcraniano que identificou a ausência de fluxo cerebral na paciente. Diante
do resultado e com autorização da família, foram iniciados os procedimentos
preparativos para a doação de órgãos.
Pelo Facebook, a família da ex-primeira-dama agradeceu as
manifestações de afeto recebidas no últimos dias. "A família Lula da Silva
agradece todas as manifestações de carinho e solidariedade recebidas nesses
últimos 10 dias pela recuperação da ex-primeira-dama Dona Marisa Letícia Lula
da Silva. A família autorizou os procedimentos preparativos para a doação de
órgãos", diz a mensagem na rede social.
A ex-primeira-dama foi internada após sofrer um acidente
vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Marisa foi acompanhada pelas equipes
coordenadas pelos médicos Roberto Kalil Filho, Milberto Scaff, Marcos Stávale e
José Guilherme Caldas.
Mulher discreta
Marisa Letícia Lula da Silva, nasceu em São Bernardo do
Campo (SP), em 1950, sob o nome de Marisa Letícia Casa. Figura discreta ao lado
do marido, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa começou a
trabalhar aos nove anos, como babá na casa de um sobrinho do pintor Cândido
Portinari.
Cresceu em uma família de onze irmãos e casou-se aos 19 anos com o
taxista Marcos Cláudio da Silva. Três meses depois e grávida do primeiro filho,
Marisa viu-se viúva após Marcos Cláudio ser assassinado durante um assalto.
Em 1973 conheceu Lula no Sindicato dos Metalúrgicos. Sete
meses após se conhecerem, casaram. Com Lula, teve três filhos. Também compõem a
família Marcos, filho do primeiro marido, e a enteada Lurian, filha de outro
relacionamento de Lula. Marisa esteve ao lado de Lula durante sua ascensão
política, desde os tempos de sindicato, passando pela fundação do PT – que
ajudou a criar – até a presidência da República, em 2003.
Marisa foi condecorada, em 2003, com a Grã-Cruz da Ordem do
Mérito Real, concedida pelo rei Haroldo V e a rainha Sônia da Noruega, durante
a visita ao Brasil. Também foi condecorada por Portugal com a Ordem da Liberdade,
também em 2003, e a Ordem Militar de Cristo, em 2008.
Durante os anos no Palácio da Alvorada, Marisa não encabeçou
projetos sociais, função comum às primeiras-damas anteriores, e deixava os
holofotes para o marido.
Mas durante as corridas presidenciais participava,
junto com ele, de comícios, passeatas e outros compromissos de campanha. Em
2011, incentivou Lula a realizar os exames que descobririam um câncer na
laringe. Foi Marisa que cortou os cabelos e a barba do marido, antecipando os
efeitos da quimioterapia.
Em 2016, a ex-primeira dama viu seu nome envolvido nas
investigações da Operação Lava Jato.
Tornou-se ré nas investigações após a
Justiça acatar a denúncia do Ministério Público Federal contra ela e Lula no
caso do triplex no Guarujá (SP).
Mesmo aceitando a denúncia, o juiz Sérgio Moro
"lamentou" as acusações envolvendo Marisa Letícia. Segundo o juiz, há
dúvidas se a esposa de Lula tinha conhecimento dos supostos crimes envolvendo
acertos de propina no esquema da Petrobras.
Fonte: http://www.brasil247.com/
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