Sob gritos de "assassino", Temer chega a hospital
para prestar condolências a Lula
Renata Nogueira
Do UOL, em São Paulo
02/02/201722h31 > Atualizada 03/02/201700h25
na entrada do Hospital
Sírio Libanês; assista
Temer veio
acompanhado de políticos do PMDB e do PSDB. A comitiva chegou ao hospital
às 22h30 e foi embora antes das 23h10.
Junto com o presidente, foram ao local visitar Lula o
ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP), os senadores Renan Calheiros
(PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Eduardo Braga (PMDB-AM), Edison Lobão
(PMDB-MA) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). O presidente do Senado, Eunício de
Oliveira (PMDB-CE) acompanhou o grupo.
A comitiva também contou com os
ministros Helder Barbalho (PMDB-PA), da Integração Nacional, José Serra
(PSDB-SP), das Relações Exteriores, Henrique Meirelles, da economia, e
Moreira Franco, que nesta quinta foi elevado ao cargo de ministro da Secretaria
Geral da Presidência da República.
A comitiva chegou de van ao Sírio, escoltada por batedores,
vindo diretamente do aeroporto, e foi recebida na porta pelo cardiologista
Roberto Kalil Filho, médico que cuida do tratamento de Marisa.
Diferentemente
do que aconteceu com outros políticos que visitaram o ex-presidente Lula
nesta quinta, a chegada de Temer foi precedida de uma série de preparativos no
hospital, comandados pela segurança da presidência.
Grades de proteção foram
colocadas na entrada principal para a passagem do presidente e de sua comitiva.
Comitiva que acompanha o presidente Temer chega em uma van
ao hospital Sírio Libanês
Ainda assim, apesar não terem contato físico com os
políticos, vários militantes que estão em vigília em frente ao hospital em
apoio a Lula e Marisa lançaram gritos de "golpistas",
"vagabundos" e "ladrões" ao presidente e ao grupo
que o acompanhava. Nenhum deles respondeu.
Também não falaram com a imprensa na
entrada nem na saída.
Poucos minutos após a chegada da comitiva presidencial, quem
também entrou no hospital foi o ex-ministro Patrus Ananias (PT-MG),
bastante assediado pelos militantes, que gritavam "dá um abraço no
Lula e tira aqueles bandidos de lá".
Guilherme Boulos, líder do
MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), o ator Sergio Mamberti e o
deputado e ex-presidente do Corinthians Andres Sanchez (PT-SP) chegaram
quase ao mesmo tempo.
Mais cedo, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso visitou Lula para levar suas
condolências, em um dos encontros mais repercutidos de hoje.
Ex-presidentes contra rixas políticas
Logo após a saída da comitiva presidencial à noite, também
deixaram o hospital os petistas Eduardo Suplicy (vereador/SP), Maria do
Rosário (deputada/RS), Lindbergh Farias (senador/RJ) e
Gleisi Hoffmann (senadora/PR).
Suplicy, que já havia estado no Sírio pela manhã, comentou o
fato de quatro presidentes terem passado pelo hospital hoje e lembrou que a
última vez em que vários mandatários brasileiros se encontraram foi no funeral
do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, em 2013.
Na época, Lula, Sarney,
Fernando Henrique Cardoso, Fernando Collor de Mello e a então presidente Dilma
Rouseff viajaram ao país africano para acompanhar as cerimônias de despedida ao
líder mundial.
O vereador ressaltou que, apesar de ser um momento triste,
foi muito importante pelo diálogo e pela reunião de tantos políticos. O
vereador comentou ainda que o teólogo Leonardo Boff, que também esteve no
hospital, comandou uma oração na presença dos políticos.
"O Lula recordou conosco o dia todo diversos momentos
de como ela [Marisa] havia sido uma esposa solidária e sempre presente nas
horas difíceis e nas horas alegres", contou Suplicy.
"Nós também vimos hoje um momento ainda que de tanta
tristeza, de encontro e de solidariedade. A visita dos presidentes Fernando
Henrique Cardoso, José Sarney e do Michel Temer com seus ministros.
O fato
triste da morte de Marisa Letícia proporcionou hoje momentos de diálogos como
há muito eu não presenciava.
O Lula disse ao Temer e aos demais que estavam
presentes na sala, no diálogo ali de pouco mais de 30 minutos, que eles muitas
vezes tiveram diferenças grandes nesses últimos tempos, mas que ele queria
agradecer de coração a visita", relatou o vereador.
Visitas de políticos
Ao longo desta quinta-feira, diversos
políticos manifestaram seus pêsames por meio de mensagens em redes
sociais e notas da assessoria de imprensa.
Outros vários senadores, deputados,
vereadores e ex-ministros compareceram
ao hospital para prestar solidariedade a Lula, quase todos petistas, entre
eles Aloísio Mercadante e Jorge Viana. Integrantes de outros partidos, como a
senadora ex-petista Marta Suplicy (PMDB-SP) e a deputada Jandira
Feghali (PCdoB-RJ), também apareceram.
Marisa Letícia teve a morte cerebral declarada na manhã
desta quinta, depois de nove dias internada na UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) por conta de um AVC (acidente vascular cerebral) do tipo
hemorrágico.
O
velório da ex-primeira dama deve acontecer no Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande SP. O horário ainda
não foi confirmado.
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