Juiz do DF suspende nomeação de Moreira Franco como
ministro; governo recorre
Felipe Amorim
Do UOL, em Brasília*
08/02/201717h48 > Atualizada 08/02/201719h08
Alan Marques - 03.fev.2017/Folhapress
Moreira Franco foi empossado por Temer como ministro da
Secretaria-Geral da Presidência
O juiz federal Eduardo Rocha Penteado, da 14ª Vara Federal
do Distrito Federal, suspendeu nesta quarta-feira (8), em decisão liminar
(provisória), a nomeação de Moreira Franco como ministro da Secretaria-Geral da
Presidência. Ele é um dos principais aliados do presidente Michel Temer.
Na decisão, o juiz compara o caso de Moreira Franco, citado
por delatores da Lava Jato, com o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que teve
a posse na Casa Civil barrada sob suspeita de tentar assumir o cargo
para escapar da jurisdição do juiz federal Sergio Moro.
"É dos autos que Wellington Moreira Franco foi
mencionado, com conteúdo comprometedor, na delação da Odebrecht no âmbito da
Operação Lava Jato.
É dos autos, também, que a sua nomeação como Ministro de
Estado ocorreu apenas três dias após a homologação das delações, o que
implicará na mudança de foro. Sendo assim, indícios análogos aos que
justificaram o afastamento determinado no Mandado de Segurança nº 34.070/DF
[que impediu a posse de Lula] se fazem presentes no caso concreto", afirma
o juiz em sua decisão.
Na semana passada, Temer
nomeou o peemedebista, que deixa a função de secretário-executivo do
Programa de Parceria para Investimentos para exercer a função de ministro-chefe
da Secretaria-Geral da Presidência da República.
A ação afirma que houve "desvio de finalidade" na
nomeação de Moreira Franco com o objetivo de dar foro privilegiado ao
peemedebista. Como ministro, Franco só pode ser investigado pelo STF (Supremo
Tribunal Federal), e não pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava
Jato na primeira instância do Judiciário.
O UOL entrou em contato com a Secretaria-Geral,
que afirmou que o Palácio do Planalto estava a cargo do assunto. A Presidência
da República afirmou, por meio de assessoria de imprensa, que não iria comentar
a decisão judicial.
A AGU (Advocacia-Geral da União) já foi notificada da
decisão e deverá apresentar recurso ainda nesta quarta-feira, segundo informou
a assessoria de imprensa do órgão.
Políticos de oposição também questionaram a posse do
ministro na Justiça. O PSOL
e o senador da Rede Randolfe Rodrigues (AP) entraram com ações contra
a nomeação de Moreira tanto na Justiça Federal quanto no STF. No Supremo, o caso
será relatado pelo ministro Celso de Mello, que ainda não se manifestou sobre o
caso.
O senador da Rede também enviou representações à PGR
(Procuradoria-Geral da República) pedindo que seja investigado se foi cometido
o crime de obstrução da justiça na nomeação de Moreira.
Citado em delação
O veterano Moreira Franco, um dos caciques do PMDB e amigo
de Temer, havia se tornado ministro de Estado três dias depois de homologação
das delações da Odebrecht pela presidente do STF, Cármen Lúcia.
Moreira é citado 34 vezes na delação premiada de Cláudio
Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht.
Apelidado de "Angorá" nos depoimentos do executivo, o novo ministro
nega ter cometido irregularidades.
Em 2015, ele chegou a criticar o excesso de pastas do
governo Dilma -- Franco foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos e
da Aviação Civil da ex-presidente. "O PMDB abraçou a tese de diminuição do
número de ministérios, que é a diminuição da máquina pública.
O governo pede à
população sacrifícios para garantir o ajuste fiscal. O Brasil precisa. Está
gastando demais e está arrecadando de menos. Mas nós precisamos que o governo
dê o exemplo", afirmou. (*Colaborou Daniela Garcia, de São Paulo)
Fonte: https://www.uol.com.br/
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