Nas redes sociais, um discurso moralista em defesa da ética
e várias imagens em passeatas "contra a corrupção, a favor do impeachment
de Dilma, da prisão de Lula e da extinção do PT". Na vida cotidiana, o
neurocirurgião Erich Fonoff integrava esquema fraudulento no SUS. O médico foi
preso pela Polícia Federal
SAÚDE 20/JUL/2016
ÀS 15:25
Erich Fonoff (reprodução)
O neurocirurgião do Hospital das Clínicas (SP), Erich
Fonoff, especializado em Mal de Parkinson, foi um dos presos em condução
coercitiva na última segunda-feira (18) na operação Dopamina, da Polícia
Federal.
De acordo com os investigadores, Fonoff e outros médicos
faziam parte de um esquema criminoso de desvio de recursos públicos para a
compra de equipamentos médicos.
São estimados cerca de R$ 18 milhões de prejuízos aos
cofres públicos.
Apesar de, supostamente, ter se beneficiado com desvios de
recursos públicos, o neurocirurgião é um assíduo ‘militante’ anti-corrupção.
Desde que a presidente Dilma Rousseff foi eleita em 2014,
Fonoff tem frequentado inúmeros protestos pró-impeachment e, pelas redes
sociais, pedia o “fim da corrupção”, pregando a prisão do ex-presidente Lula e
espalhando boatos como de que o governo federal cortaria o Bolsa Família de
quem não votasse em Dilma nas eleições de 2014.
Confira algumas postagens do médico antes de ser preso:
Entenda o caso
As investigações apontaram que os pacientes com mal de
Parkinson eram orientados pelo neurocirurgião Erich Fonoff e pelo diretor
administrativo do setor de neurocirurgia do hospital, Waldomiro Pazin, a procurarem
a Justiça para conseguir marcapassos cerebrais.
Com decisões judiciais, o
hospital adquiria equipamentos sem a necessidade de licitação, que custavam
cerca de quatro vezes mais que o preço real.
Waldomiro Pazin, Erich Fonoff (responsável por 75% das
cirurgias investigadas), Vitor Dabbah, dono da empresa Dabasons, que importava
os equipamentos, e Sandra Ferraz, funcionária da empresa, foram alvos de
condução coercitiva.
De acordo com a PF, os beneficiados com as decisões tinham
quadros semelhantes ou até menos graves que outras pessoas que estavam na fila
para conseguir o tratamento.
O esquema funcionou de 2009 a 2014, nas gestões tucanas de
José Serra e Geraldo Alckmin. Nesse período foram feitas 154 cirurgias de
implante para tratamento de Parkinson com recursos do SUS (Sistema Único de
Saúde) com ordem judicial.
Neste período não houve licitação para compra de
marcapassos de maneira regular, e 82 pessoas não conseguiram operar de maneira
regular.
A defesa do neurocirurgião Erich Fonoff afirmou que “como
médico cirurgião, ele nunca deteve poder para influenciar o processo de compra
de equipamentos no Hospital das Clínicas”.
com informações de Folha e Revista Brasileiros
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