domingo, 11 de dezembro de 2016

Delação da Odebrecht deve provocar obstruções na reforma da Previdência

Delação da Odebrecht deve provocar obstruções na reforma da Previdência
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Hoje em Dia - Belo Horizonte 11/12/2016 - 21h33 - Atualizado 21h58
 Júlio Delgado pretende impedir que a PEC passe rapidamente pela comissão
Júlio Delgado pretende impedir que a PEC passe rapidamente 
pela comissão

A delação do ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, deve trazer resistências à aprovação da PEC da reforma da Previdência na Câmara, por atingir o governo Temer. 

A PEC será lida na sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desta segunda-feira, e deputados governistas devem pedir vista (um tempo para análise) para, após duas sessões do plenário, haver a votação na quarta-feira. No entanto, a oposição e o PSB, da base do governo Temer, falam em obstruí-la.

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), um dos quatro integrantes do partido na CCJ, justifica que a delação agrava a crise política. 

"Temos clima para votar uma reforma que mexe tanto com as pessoas?", questiona. "Não adianta correr igual coelho, para depois a aposentadoria do cidadão ser a passo de tartaruga".

"Se, para debater, for preciso obstruir, nós vamos", reforça Tadeu Alencar (PSB-PE), líder do partido na Câmara.

O PR, partido do 'Centrão' e alinhado à base do governo, não está fechado quanto ao tema, mas o deputado Delegado Waldir (PR-GO) vê motivos para a CCJ não aprovar a matéria ainda nesta semana. 

"Eu penso que governo está abalado, treme com as delações trazidas pela Odebrecht, eu acho que deveríamos adiar esta discussão para o próximo ano, até que nós tenhamos mais estabilidade no governo", disse Waldir, um dos seis integrantes do PR na CCJ.

Com sete integrantes na CCJ, o PT vai entrar com um "kit obstrução", de acordo com o líder do partido, Afonso Florence (PT-BA). 

"Claro que o governo tem uma maioria muito expressiva, mas vamos buscar dificultar, porque a PEC retira muitos direitos. 

Há, entre nós, os que defendem que não devemos ficar no plenário se eles forem votar", disse.

Deputados e senadores do PT terão uma reunião no fim da tarde com o PCdoB e o PDT para traçar estratégia de fortalecimento da oposição ao governo. Rede e o PSOL serão convidados para a reunião.

O deputado Chico Alencar, do PSOL, engrossa a crítica. "A delação aponta que Governo e o Parlamento vêm implementando políticas, projetos de lei e iniciativas legislativas movidas a dinheiro e interesse privado", disse. 

"Quem elaborou matéria tão complexa para o relator Alceu Moreira, também do PMDB, apresentar seu relatório em tempo recorde? Essa correria é muito suspeita", questionou Alencar.

O relator Alceu Moreira (PMDB-RS), que chegou a se autointitular 'The Flash', pela rapidez com que entregou o relatório, diz que o responsável pelo ritmo da tramitação é o presidente da CCJ - Osmar Serraglio (PMDB-PR). "Só tenho de relatar a admissibilidade, e é algo jurídico e técnico", disse Moreira. (Breno Pires)





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