Colonatos de Israel. Trump e Netanyahu contra o resto
do mundo
24/12/2016, 11:19
Presidente israelita fez aliança com o presidente eleito
para tentar impedir resolução histórica da ONU contra colonatos de Israel. Não
resultou. Trump diz que as coisas vão mudar em janeiro
Netanyahu à saída de um encontro com Trump, quando este
ainda era apenas candidato, a 25 de setembro AFP/Getty Images
“Them against the world”, é assim que a CNN define as reações do presidente eleito dos Estados
Unidos, Donald Trump, e do presidente israelita, Benjamin Netanyahu.
São eles
contra o resto do mundo. Depois de, na sexta-feira, o Conselho de Segurança da
ONU ter votado uma
resolução histórica a exigir que Israel “cesse imediatamente e completamente
todas as atividades de construção de colonatos no território palestiniano
ocupado, incluindo Jerusalém Oriental.”
Foi a abstenção dos EUA — que sempre vetaram
resoluções contra o Estado israelita — que permitiu mais esta decisão histórica
na reta final da administração Obama. Netanyahu ficou furioso, Trump irritado.
As manobras diplomáticas foram intensas nestes
dias. Israel arregimentou o Presidente eleito, Donald Trump, tentou pressionar
a administração cessante (de Obama), com um tweet e um post no Facebook a pedir
um veto na véspera.
Trump ainda fez mais nos bastidores. Ligou ao presidente do
Egito, Abdel Fattah el-Sissi — o autor e proponente do texto de resolução numa
tentativa de adiar a resolução.
A frente Trump-Netanyahu é uma novidade
diplomática: nunca antes (pelo menos em público) um presidente antes de tomar
posse se relacionou com um chefe de Estado de um outro país para fazer pressão
na ONU. Sem êxito. Com a abstenção dos EUA, a votação foi clara: 14-0.
Trump reagiu em tweet e em força para mostrar o seu
desagrado logo após a votação, dizendo: “Quanto à ONU, as coisas serão
diferentes após 20 de janeiro“.
Entretanto, o Estado israelita vai acusando a administração
Obama de estar a deixar para trás um aliado de longa data e trata Barack Obama
como se já fizesse parte do passado.
No comunicado de reação à resolução da
ONU, o governo de Netanyahu, diz que “Israel espera trabalhar com o presidente
eleito Trump e com todos os nossos amigos no Congresso, republicanos e
democratas, para evitar os efeitos nocivos desta absurda resolução”.
Ao contrário do que tem feito Barack Obama, Donald Trump
promete alinhar a política norte-americana com as ideias da direita do Likud, o
partido de Netanyahu. Além desta mudança estrutural, há outras simbólicas:
promete transferir a embaixada Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém.
Esta
transferência pode, no entender dos analistas, incendiar os palestinianos e
fazer com que os EUA tenham dificuldades em mediar o conflito entre israelitas
e palestinianos (que veem a cidade como capital do futuro Estado palestiniano).
A política de Trump, mais dura e pró-israelita, terá um
grande apoio no Congresso, que esteve contra esta decisão de Obama nas Nações
Unidas. Até o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, questionou esta
opção.
A relação entre Obama e Netanyahu tem sido conflituosa e
atingiu o auge quando, em março de 2015, o presidente israelita discursou no
Congresso norte-americano e criticou a diplomacia da Administração Obama, em
particular o facto dos norte-americanos negociarem com o Irão um acordo
nuclear.
Os EUA livram, historicamente, Israel de resoluções
negativas das Nações Unidas, através do uso do direito de veto. A última vez
tinha acontecido em 2011, mas têm sido dezenas ao longo dos últimos anos. Nos
últimos meses, as Nações Unidas têm denunciado o aumento dos colonatos
israelitas em zonas ilegais.
FONTE: http://observador.pt/
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