quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

A misteriosa história dos órfãos de Quebec: declarados loucos e submetidos a desafios até morrerem

A misteriosa história dos órfãos de Quebec: declarados loucos e submetidos a desafios até morrerem
De  Lucas  28 de dezembro de 2016
 

“Tirei seu gorro e notei que seu crânio estava partido em dois, vi que não havia cérebro e o crânio estava vazio”

Muitas vezes as histórias reais superam a ficção, e neste caso, esta é uma delas. Entre 1940 e 1950, uma quantidade próxima a mais de 3 mil crianças se encontravam em orfanatos na cidade de Quebec, no Canadá. 

Eram principalmente filhos de mães solteiras que não tinham como cuidar deles, assim preferiam deixa-los sob cuidados do Estado.

O Estado enviava ajuda a alguns deles, mas poucas vezes isso chegava aos pequenos. Foi nessa época que o primeiro ministro canadense, Maurice Duplessis, decidiu fazer um acordo com a igreja católica, que arruinaria a vida dessas crianças para sempre.
 
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Para as cuidadoras dessas crianças – as irmãs católicas a cargo dos orfanatos – cuidar de uma criança significava que receberiam 75 centavos. Entretanto, se a criança era enviada a uma instituição de saúde mental, recebiam quase o dobro do pagamento por causa da mudança de diagnóstico.
 
Maurice Duplessis / Dictionary of Canadian Biography

Então tiveram uma ideia: tirariam dinheiro do Estado declarando a todas essas crianças como doentes mentais, retardados, loucos ou incompetentes. 

E assim foi feito, todos e cada um deles terminou em um hospital de Quebec, com um diagnóstico falso com a ajuda do colégio médico do lugar.
 
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Porque aproveitando a situação, os doutores submeteram aos menores de idade a milhares de experimentos médicos. Os mais frequentes e dos quais se sabe até agora são: choques elétricos, camisas de força, lobotomia e inclusive alguns foram abusados sexualmente.
“O corpo estava jogado em uma mesa. Tirei seu gorro e notei que seu crânio estava partido em dois, vi que não tinha um cérebro e o crânio estava vazio” – Relata Silvio Dieu, que trabalha no necrotério do hospital.
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Em um período de três meses, Silvio conta que teve que trasladar 67 corpos de crianças desde a sala de descarga elétrica ao sótão. Depois esses corpos eram levados a uma cova comum.
 
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Das crianças que conseguiram escapar dos mal tratos e puderam ir ao hospital, somente uma conseguiu mudar seu expediente médico ao que realmente deveria ter sido sempre.
 
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Em 1990, 3 mil sobreviventes se juntaram para exigir ao governo a verdade sobre os feitos. O colégio médico, a igreja e o Estado tiveram que responder às atrocidades que ali cometeram. 

Mas os pequenos somente receberam uma indenização que pouco lhes pôde ajudar a esquecer dos traumas que ficarão com eles pelo resto de suas vidas.








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