Promotores que pediram prisão de Lula, abandonam caso e são
acusados até de forjar provas
POSTED BY: ADMIN DECEMBER 23,
2016
Veja uma lista com as principais façanhas do trio de
promotores que tentou prender o ex-presidente
O trio de promotores estaduais de São Paulo José Carlos
Blat, Cássio Conserino e Fernando Henrique Araújo, que pediram a prisão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por uma rejeitada acusação de Obstrução
da Justiça, não conseguem manter seus nomes longe da imprensa, tal a capacidade
dos três em se envolver em polêmicas e confusões.
Desde que pediram a prisão de Lula – rapidamente negada pela
Justiça – eles já se declararam suspeitos de conduzir as uma investigação sobre
o ex-presidente, já foram acusados pela Justiça de forjar flagrante em outro
processo investigatório, já confundiram publicamente nomes de filósofos
conhecidos e até protagonizaram um “barraco” nada protocolar com uma juíza do
Tribunal de Justiça de São Paulo.
Veja, abaixo, uma lista com as principais façanhas do trio
que tentou prender o ex-presidente Lula.
– Pedidos esdrúxulos em casos de repercussão
Sempre em busca de holofotes, José Carlos Blat é conhecido
por atuar em casos envolvendo figuras públicas ou assuntos que causam comoção
geral.
Ele já atuou em casos como da Favela Naval, da Máfia dos Fiscais e, mais
recentemente, da Bancoop, a cooperativa habitacional dos bancários que
enfrentou problemas financeiros e acabou por vender alguns de seus
empreendimentos à construtora OAS.
No caso da Bancoop (que, por uma derivação criada pelos
promotores, acabou por levar ao pedido de prisão de Lula), alguns de seus
pedidos foram de tal forma draconianos que geraram espanto do juiz que os
apreciou, como pode ser lido neste trecho da decisão judicial negando pedidos
de Blat, datada de abril de 2012:
“A partir do momento em que este inquérito passou a ter
tamanha repercussão política, é preciso que cada decisão ou providência tomada
esteja ainda mais firmemente embasada em elementos de prova e de direitos
sólidos e claros.
Quanto ao item 6 (bloqueio imediato de todas as contas
bancárias, fundos e aplicações da Bancoop), observo que é manifesto seu
descabimento e despropósito nestes autos, sendo de rigor o pronto
indeferimento.”
– Suspeita de forjar flagrante contra dono de boate
Na mais recente confusão em que se meteu, José Carlos Blat
se tornou suspeito de forjar um flagrante contra Oscar Maroni, dono da boate
Bahamas. Há sete anos, Maroni era acusado por Blat de coagir testemunhas.
Agora, ao fim do processo, Maroni foi inocentado, enquanto o promotor passou
para o papel de acusado de ter forjado um flagrante.
Maroni era acusado crimes de favorecimento à prostituição e
manutenção de local destinado a encontros libidinosos. Ele
chegou a ser preso em flagrante, com o carro estacionado em frente ao
prédio da mulher que iria depor contra ele, sua ex-namorada Vivian Milczewsky.
Durante o processo da 5ª Vara, no qual Blat atuava, Vivian
disse que o empresário estava fazendo ameaças para ela não testemunhar.
Apresentou mensagens de celular e áudios como provas.
Mas, na hora de testemunhar em frente ao juiz, Vivian falou
o contrário do que Blat afirmava que ela iria dizer: disse que não sofreu
nenhuma pressão, que se falou o contrário foi para se vingar de Maroni, que o
promotor tinha elaborado um plano junto com ela para que o empresário fosse
preso.
Diante disso, até a promotora que atuava no caso junto com
Blat pediu a absolvição de Maroni. A juíza Tatiana Vieira Guerra acolheu pedido
de defesa e da acusação e, atendendo a pedido da promotora, a juíza pediu à
Procuradoria-Geral de Justiça que a entidade investigue as acusações
feitas contra o promotor José Carlos Blat.
– Autodeclaração atrasada de suspeição
Se os outros dois promotores colegas de Blat no caso
frustrado contra Lula não são suspeitos de forjar flagrante, se autodeclararam,
na semana passada, suspeitos para conduzir procedimentos investigatórios contra
o ex-presidente.
Quer dizer, sete meses após imputarem a Lula o crime de
obstrução de Justiça e pedirem sua consequente prisão por causa disso, Cássio
Conserino e Fernando Henrique Araújo admitiram que não devem trabalhar em casos
envolvendo Lula. O motivo? Não revelaram, disseram apenas ser “questão foro
íntimo”.
Para o advogado dos diretores da Bancoop, Rubens de
Oliveira, a situação é muito inusitada. “É questionável tudo que ele fez até
agora. Mas por que é suspeito só agora? Espero que a juíza peça para ele se
manifestar. Não é usual que tenha de explicar foro íntimo, mas acredito que,
nesse caso, ele precisa explicar”, disse.
“Barraco com juíza do TJ-SP”
Em outubro deste ano, o trio de promotores protocolou um
documento acusando o Ministério Público Federal no Paraná e a equipe de
procuradores da Operação Lava Jato de organizarem um conluio com uma juíza
paulista e montar uma denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
apenas com base em “achismos”, no que se refere ao apartamento no Guarujá cuja
propriedade é da OAS, mas que os procuradores da Lava Jato insistem em dizer
que é “propriedade oculta” de Lula.
Em sua reclamação à juíza paulista Maria Priscilla Veiga de Oliveira,
que entregou o caso ao Ministério Público Federal do Paraná, para ser julgado
pelo juiz Sérgio Moro, Conserino abre mão da etiqueta forense e se dirige à
magistrada em linguajar pouco comum no âmbito do Judiciário, além de dar início
e encerrar o documento sem as cordialidades de praxe. “Aqui tem Ministério
Público!
Aqui tem Promotores de Justiça que fizeram uma denúncia com convicção.
Não denunciamos com base em achismo”, afirmou Conserino, comparando seu
trabalho ao dos procuradores do MPF-PR.
Tudo isso disseram os promotores só para, dois meses depois,
admitirem que não podem conduzir investigações envolvendo Lula e o prédio do
Guarujá, por serem suspeitos, “por motivo de foro íntimo” não revelado.
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