Leandro Ab
10:55:00 22/12/2016
Segundo estudo publicado na 'Nature Geoscience', esse rio é
quase tão quente quanto a superfície do Sol.
Sob a superfície da Terra há um veloz rio de ferro
derretido, quase tão quente quanto a superfície do Sol.
E ele está correndo
cada vez mais depressa. Segundo estudo da Nature Geoscience que
descreve a descoberta, publicado na última segunda-feira, o rio sob a
superfície tem velocidade três vezes maior do que a usual para movimentações na
parte externa do núcleo do planeta. O desafio dos cientistas agora é
compreender a razão dessa aceleração.
“Nós sabemos mais sobre o Sol do que sobre o centro da
Terra, porque o Sol não está escondido por 3.000 quilômetros de rocha”, afirmou
Chris Finlay, pesquisador da Universidade Técnica da Dinamarca, e um dos
membros da equipe que fez a descoberta, em comunicado.
De acordo com os
cientistas, a descoberta pode nos ajudar a compreender como se deu a
formação do campo magnético terrestre que nos protege de eventos cósmicos como
os ventos solares.
Rio de ferro
Os dados que levaram à descoberta fazem parte da Swarm, uma
missão da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) lançada em 2013 e
composta por um trio de satélites que monitora o campo magnético terrestre.
Desde então, os cientistas vêm utilizando satélites para coletar e decifrar
informações sobre os diferentes campos magnéticos que partem tanto do núcleo terrestre
quanto de outras partes do planeta, como manto, crosta, oceanos, ionosfera e
magnetosfera.
Juntos, esses campos magnéticos protegem o planeta da
radiação cósmica e partículas carregadas que vêm em direção à Terra com os
ventos solares.
De acordo com os cientistas, o rio de ferro derretido é um
fenômeno natural, formado há bilhões de anos. O núcleo externo da Terra é
composto por uma grande concentração de metais derretidos, principalmente
ferro.
A movimentação constante desses metais cria correntes elétricas, que dão
origem ao campo magnético que atua sobre o nosso planeta. Observar as mudanças
no campo magnético pode, consequentemente, fornecer aos cientistas um tipo de
“raio-x” da Terra, ajudando a entender como o ferro líquido no núcleo se move.
E foi dessa forma que um rio de ferro derretido com 420 quilômetros de extensão
foi descoberto circulando abaixo de áreas próximas ao Polo Norte.
Estudos anteriores já haviam revelado que mudanças no campo
magnético indicavam uma movimentação mais rápida de metais líquidos nessa
região. No entanto, os dados coletados pela Swarm permitiram olhar para aquela
corrente de ferro derretido específica e identificá-la como a causa do
fenômeno.
O rio se desloca 40 quilômetros por ano – o triplo da velocidade
normal de movimentação do núcleo externo da Terra e centenas de vezes maior do
que a velocidade de deslocamento das placas tectônicas.
“O estudo é uma das primeiras descobertas sobre as
profundidades da Terra possibilitadas pela Swarm”, diz Rune Floberghagen, comandante
da Swarm, em comunicado.
“Com imagens em resoluções sem precedentes se tornando
possíveis, esse se torna um momento muito empolgante – nós simplesmente não
sabemos qual vai ser a próxima descoberta sobre o nosso planeta.”
Veja.
Fonte: http://www.resumo.blog.br/
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