Paulo Nogueira: Cristovam Buarque, a quem o senhor engana
falando em ‘nova esquerda’?
31 de julho de 2016 às 16h21
Biografia no lixo
A quem o senhor engana falando em ‘nova esquerda’? Carta
aberta a Cristovam Buarque. Por Paulo Nogueira
Esta é mais uma da série das Cartas Abertas aos Golpistas. O
destinatário agora é Cristovam Buarque. No futuro, as cartas poderão ser
reunidas num livro que recapitule o golpe de 2016.
Caro Cristovam:
Li outro dia o senhor falando numa “nova esquerda”. Senador:
o senhor não tem vergonha de falar em “nova esquerda” quando se aliou ao que
existe de mais putrefato na velha direita brasileira num golpe que destruiu 54
milhões de votos e, com eles, a democracia?
Como o senhor dorme, senador? A consciência não lhe pesa?
Que mentiras o senhor conta a si mesmo para conviver com tamanha ignomínia?
Já tivemos tempo para verificar qual foi o real propósito do
golpe. Os ricos são favorecidos e os pobres castigados. É assim que funciona,
desde sempre, a plutocracia brasileira.
Por isso somos uma das sociedades mais desiguais e mais
abjetas do mundo.
E o senhor está ao lado dessa calamidade. Contribuiu, com
seu voto, para mais uma vitória da plutocracia que, no passado, matou GV e
derrubou Jango.
Vou citar o nome de alguns de seus companheiros de jornada.
Eduardo Cunha. Bolsonaro. Malafaia. Todos aqueles deputados
federais que viraram piada no mundo na sessão do impeachment. Janaína Paschoal.
Os irmãos Marinhos da Globo. A família Frias da Folha. Os
Civitas da Abril.
Michel Temer. Renan Calheiros. Collor. Gilmar Mendes.
Todos os analfabetos políticos que, manipulados pela mídia
plutocrata, vestiram a camisa da CBF e foram às ruas bradar pelo golpe. Os idiotas
que bateram panelas, igualmente induzidos pela imprensa.
Os comentaristas e editores recrutados pelas empresas de
mídia em seu jornalismo de guerra. Todos eles.
É uma amostra da escória à qual o senhor se juntou, senador.
Como homem da Educação, o senhor bem sabe o valor dos
livros. Qual o papel que os livros lhe reservarão no futuro?
É uma pergunta fácil de responder. O de um fâmulo da
plutocracia. O de um golpista.
O senhor atirou sua biografia no lixo. Seus descendentes
serão obrigados a conviver com a infâmia de um antepassado que optou pelos
privilegiados em detrimento dos miseráveis com argumentos cínicos.
E o senhor ainda ousa falar em “nova esquerda”. A quem o
senhor engana, senador? Nem ao senhor, presumo. O senhor não é tão mentecapto
para acreditar em tamanho disparate.
Sinceramente.
Paulo
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