BOLÍVIA, VENEZUELA E EQUADOR CONVOCAM EMBAIXADORES APÓS O GOLPE
Governo venezuelano, de Nicolás Maduro, anunciou que
congelará suas relações com o Brasil sob a gestão de Michel Temer; Cuba, de
Raúl Castro, também definiu o processo de impeachment de Dilma Rousseff como um
"golpe de estado parlamentar e judicial", mas não convocou embaixador
nem cortou relações; já Mauricio Macri, da Argentina, e os Estados Unidos
reconheceram o golpe como legítimo e declararam seu apoio a Temer
31 DE AGOSTO DE 2016 ÀS 19:57
247 – O governo da Venezuela, de Nicolás Maduro,
anunciou nesta quarta-feira 31 que congelará suas relações com o Brasil sob a
gestão de Michel Temer.
Venezuela, Bolívia e Equador anunciaram que irão convocar
seus embaixadores no Brasil após o afastamento de Dilma Rousseff pelo Senado
nesta tarde.
"O governo da República Bolivariana da Venezuela, em
resguardo da legalidade internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu
retirar definitivamente seu embaixador da República Federativa do Brasil e
congelar as relações políticas e diplomáticas com o governo surgido a partir
deste golpe parlamentar", diz comunicado publicado no site do governo venezuelano.
"Destituíram Dilma. Uma apologia ao abuso e à traição.
Retiraremos nosso representante da embaixada. Jamais reconheceremos
estes...", publicou no Twitter o presidente do Equador, Rafael Correa. Evo
Morales também postou mensagens no Twitter condenando o processo antes da
votação final (veja aqui).
Cuba, governada por Raúl Castro, também definiu o processo
de impeachment como um "golpe de estado parlamentar e judicial", mas
não convocou embaixador nem cortou relações com o novo governo.
Já Mauricio Macri, da Argentina, reiterou seu apoio ao novo
presidente peemedebista. Os Estados Unidos também reconheceram o processo como
legítimo e declararam que fortes relações com o Brasil continuarão após o
impeachment de Dilma.
O porta-voz John Kirby disse a jornalistas que as
instituições democráticas do Brasil agiram dentro da estrutura constitucional
do país.
Leia mais na reportagem da Reuters:
Governos esquerdistas da América Latina condenam afastamento
de Dilma
Por Diego Oré
CARACAS (Reuters) - Governos esquerdistas da América Latina
condenaram o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, nesta
quarta-feira, e o classificaram como um golpe de Estado, mas a Venezuela foi
além e suspendeu suas relações com o Brasil e retirou
"definitivamente" seu embaixador do país.
As manifestações contrárias à decisão do Senado de declarar
Dilma culpada de crime de responsabilidade por violar leis orçamentárias também
vieram de Bolívia, Cuba, Equador e Nicarágua, países próximos à primeira mulher
presidente do Brasil.
"O governo da Venezuela, em defesa da legalidade
internacional e solidária com o povo do Brasil, decidiu retirar definitivamente
seu embaixador na República Federativa do Brasil, e congelar as relações
políticas e diplomáticas com o governo surgido desse golpe parlamentar",
disse o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela em comunicado.
"Oligarquias políticas e empresariais recorreram a
artimanhas antijurídicas sob o formato de crime sem responsabilidade para
chegar ao poder pela única via que lhes é possível: a fraude e a
imoralidade", acrescentou.
Durante o processo de impeachment que polarizou o país,
Dilma negou veementemente as acusações e denunciou o processo como um golpe de
Estado.
Por 61 votos a favor e 20 contra, o Senado pôs fim a 13 anos
de governo do PT, e colocando Michel Temer no comando do país até o fim de
2018. [nL1N1BC1YC]
A voz contrária na região foi da Argentina, um dos
principais parceiros comerciais do Brasil, que disse que "respeita o
processo" de impeachment e "reafirma a sua vontade de continuar no
caminho de uma integração real e efetiva".
Desde que Temer assumiu interinamente, em maio, a Venezuela
afastou-se do Brasil, depois de um relacionamento forte na última década,
quando governaram Hugo Chávez e Luiz Inácio Lula da Silva.
"GOLPE DE ESTADO"
Bolívia, Cuba, Equador e Nicarágua também condenaram o
impeachment de Dilma, chamando-o de "golpe".
"O Governo da República de Cuba rejeita fortemente o
golpe de Estado parlamentar-judicial que foi consumado contra a presidente
Dilma Rousseff", disse o governo cubano em uma declaração oficial lida na
televisão estatal.
O Brasil, aliado político próximo de Cuba, é também um dos
seus principais parceiros comerciais na região e fonte de crédito da ilha
caribenha.
O presidente da Bolívia, Evo Morales, convocou seu
embaixador no Brasil e escreveu em sua conta no Twitter: "Condenamos o
golpe parlamentar contra a democracia brasileira. Acompanhamos Dilma, Lula e
seu povo neste momento difícil #FuerzaDilma".
O Equador, por sua vez, pediu consultas ao seu encarregado
de negócios no Brasil e disse que os "acontecimentos lamentáveis representam
um sério risco para a estabilidade da nossa região".
"Nunca corroboraremos com essas práticas, que nos
lembram os momentos mais sombrios da nossa América. Toda a nossa solidariedade
com a companheira Dilma, com Lula, e todo o povo brasileiro. Até a vitória
sempre!", escreveu o presidente equatoriano, Rafael Correa, em sua conta
no Twitter.
(Reportagem adicional de Nelson Acosta, em Havana, Alexandra
Valencia em Quito, Daniel Ramos em La Paz e Ivan Castro em Manágua)
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