Edição do dia 24/03/2013
24/03/2013 20h58 - Atualizado em 06/05/2016 16h13
Neurocirurgião volta do coma e se convence que há vida após
a morte.
Alexander Eben entrou em coma profundo, teve visões de uma
espécie de paraíso, e voltou convencido de que existe vida do outro lado.
O Fantástico conta uma história do além! Um neurocirurgião
americano nunca acreditou em vida após a morte até passar por uma experiência
dramática. Ele entrou em coma profundo, teve visões de uma espécie de paraíso,
e voltou convencido de que existe vida do outro lado.
O que existe depois que a vida acaba? Para o neurocirurgião
Alexander Eben, a morte sempre significou o fim de tudo. Ele entende do
assunto: foi professor da escola de medicina de Harvard, nos Estados Unidos, e
há mais de 25 anos estuda o cérebro.
Sempre tinha uma explicação científica para os relatos dos
pacientes que voltavam do coma com histórias de jornadas fora do corpo para
lugares desconhecidos. Até que ele próprio vivenciou uma delas. E agora afirma:
existe vida após a morte.
Era 10 de novembro de 2008. O doutor Alexander é levado às pressas para o
hospital, com fortes dores de cabeça. Ao chegar lá, é imediatamente internado
na UTI. Em poucas horas já estava em coma profundo.
Ele havia contraído uma forma rara de meningite. Quando o doutor
Alexander entrou no hospital os médicos disseram à família que a possibilidade
dele sobreviver seria muito baixa. Ele ficou em coma profundo por sete
dias. E foi durante esse período que o doutor Alexander afirma ter tido a
experiência mais fantástica que um ser humano pode ter.
Na jornada que eu tive não existia corpo, apenas a minha consciência, diz o
médico. Meu cérebro não funcionava. Eu não me lembrava de nada da minha vida
pessoal, meus filhos, ou quem eu era.
Ele escreveu um livro para relatar a sua experiência de
quase morte. E conta que primeiro foi levado para um ambiente escuro, lamacento
e sem seguida chegou a um lugar bonito e tranqüilo. Um vale extenso, muito
verde, cheio de flores e repleto de borboleta, diz ele. Ele conta que viu também
um espírito lindo, uma mulher com uma roupa simples e com asas. Ela me disse:
‘você vai ser amado para sempre, não há nada a temer, nós vamos cuidar de
você’.
Perguntamos ao doutor Alexander se ele viu Deus. Ele disse
que sim: Deus estava em tudo ao meu redor, ele estava lá o tempo todo.
Um pesquisador da Universidade Federal de Juiz de Fora
participa do maior estudo mundial já feito sobre as experiências de quase
morte.
“Os estudos mostram que apenas 10%, uma em cada dez pessoas
que tiveram uma ressuscitação bem sucedida relatam experiência de quase morte.
Os pacientes que vivenciaram uma experiência de quase morte tendem a ter ao
longo do tempo, por exemplo, aumento da satisfação com a vida, tendem a ter
diminuição do medo da morte, maior apreciação da espiritualidade, maior
apreciação da natureza”, afirma o professor de psiquiatria da Universidade de
Juiz de Fora Alexander Moreira-Almeida.
A morte é uma transição, não é o fim de tudo, resume o
doutor Alexander. Minha jornada serviu para me mostrar que a consciência nossa
existe além do corpo, e ela é muito mais rica fora dele. Isso pode significar
que a nossa alma, nosso espírito, seria eterno.
No Brasil, existem pacientes como o doutor Alexander.
Outro caso aconteceu com a mãe de Vera Tabach que passou três meses em coma.
Ela voltou contando uma história incrível.
“Ela confessou que nesse período de coma ela se viu como se
fosse num quarto de hospital sempre numa cama com várias pessoas em volta de
branco. Ela disse que tinha feito um acordo. Que eles tinham dado mais 20 anos
para ela, que ela ia conseguir criar os filhos e depois ela ia embora. E a
gente acho aquilo uma história, mas realmente aconteceu”, lembra a jornalista
Vera Tabach.
Dia 17 de outubro de 1974, quando ela foi para UTI. E voltou
depois de um tempo. Quando passou 20 anos, em 1994, em abril, ela começou a se
sentir mal. Às 05h, 18 de outubro de 1994, ela morreu.
“Ela sempre dizia que na vida só não tinha jeito pra morte.
E depois que ela voltou ela disse que até para morte tinha jeito” conta Vera
Tabach.
O doutor Alexander diz que por dois anos tentou achar uma
explicação científica para o que aconteceu com ele e com esses outros
pacientes. Queria saber se tudo podia ser uma ilusão produzida de alguma
maneira pelo cérebro, conversei com colegas da área e cheguei à conclusão de
que não há como que explicar. Não foi alucinação, não foi sonho.
Mas nem todos concordam. O professor de neurociências da
Universidade de Columbia, Dean Mobbs, diz que é difícil acreditar num
desligamento completo do cérebro. E que mesmo no caso do doutor Alexander,
outras áreas do cérebro podem ter permanecido ativas, provocando as sensações
que ele descreve.
O nosso cérebro é muito bom em transformar a realidade. Em
um acidente, como um trauma na cabeça, os caminhos do cérebro podem ser
danificados mas é possível que ele encontre outras maneiras de identificar os
sinais que vêm de fora e criar uma nova experiência como a da quase morte, por
exemplo.
O uso de fortes analgésicos e a baixa oxigenação do cérebro
durante estados de coma podem explicar que luzes e sons estranhos sejam
percebidos pela mente.
E a sensação de estar fora do corpo já foi induzida
artificialmente em muitas pesquisas. Eu acho que essas experiências de quase
morte na realidade são uma maneira do cérebro lidar com um trauma.
A ciência ainda não tem respostas conclusivas sobre as
experiências de quase morte.
“A grande discussão que existe hoje é: a mente é um produto
do cérebro, o cérebro produz a mente; ou a mente é algo além do cérebro, mas
que se relaciona com o cérebro”, questiona Alexander.
Independentemente do que tem acontecido, diz a esposa
do doutor Alexander, para ela, que ficou ao lado do leito do hospital esperando
o marido voltar, o final foi feliz. Quando chegamos em casa e sentamos no sofá,
não acreditei que ele estava junto comigo de novo.
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