A "megaestrutura alienígena" acaba de ficar ainda
mais misteriosa
Gizmodo Maddie Stone10 horas atrás 08/08/2016
Reprodução
A estrela KIC 8462852 se tornou nossa obsessão quando alguns
astrônomos disseram que ela poderia ser algum tipo de megaestrutura alienígena.
Observações posteriores da “estrela de Tabby” não
revelaram sinais de vida alienígena, mas alguns fenômenos de picos
luminosos continuaram a intrigar os especialistas. Agora, as coisas ficaram ainda
mais estranhas.
Um estudo ainda não publicado oficialmente foi divulgado no
arXiv. Nele, o astrônomo Ben Montet da Caltech e Joshua Simon, do Carnegie
Institute, descrevem os resultados de uma nova análise fotométrica da estrela,
que foi vista pela primeira vez pela base de dados do telescópio da sonda
Kepler.
Examinando cuidadosamente todas as imagens coletadas durante a campanha de
observação da Kepler, Montet e Simon descobriram algo surpreendente: não são
apenas as luzes da estrela que ocasionalmente diminuem em até 20%, mas todo o
fluxo estelar tem sido reduzido ao longo de quatro anos.
Durante os primeiros mil dias da campanha do Kepler, a Estrela de Tabby
diminuiu sua luminosidade em aproximadamente 0,34% por ano. E nos 200 dias
seguintes a estrela ofuscou mais rapidamente, e seu fluxo estelar caiu 2% antes
de estabilizar. No geral, a estrela ficou 3% mais opaca durante os quatro anos
que a Kepler a observou – uma quantia enorme e inexplicável. Os astrônomos
observaram outras 500 estrelas vizinhas e não viram nada parecido.
"A parte que realmente me surpreendeu foi o quão rápido e não linear tudo
aconteceu," disse Montet ao Gizmodo. "Nós passamos um bom tempo
tentando nos convencer de que isso não era real. Mas não conseguíamos."
Fotometria da KIC8462852 mensurada a partir dos dados do
Kepler. As análises revelaram uma diminuição lenta e estável na luminosidade da
estrela por cerca de 1000 dias, seguida de um período de declínio mais
agressivo. Imagem: Montet & Simon 2016.
Essa não é a primeira vez que os especialistas apontam que a
Estrela de Tabby está ficando mais opaca. No começo desse ano, Bradley
Schaefer, da Universidade do Estado da Luisiana, decidiu examinar a estrela a
partir de chapas fotográficas do céu do século 19. Ele descobriu que
durante os últimos 100 anos, a emissão total de luz da estrela diminuiu em 19%.
Porém, logo depois que ele publicou seu estudo, outros especialistas começaram a encontrar defeitos, afirmando que o ofuscamento
observado era resultado dedados deficientes. Schaefer retrucou e
as coisas ficaram um pouco feias.
A controvérsia sobre o trabalho de Schaefer foi justamente o que fez com que
Montet observasse algumas tendências por outra pespectiva. "Nós percebemos
que para resolver isso, você precisava ou de um parâmetro longo ou de dados de
alta precisão," disse Montet. "Kepler tem dados de alta
precisão." Ele disse ainda que a taxa de escurecimento que encontrou é
duas vezes maior do que a de Schaefer, o que "é diferente, mas não
necessariamente inconsistente."
Jason Wright, astrônomo da Penn State que sugeriu que a Estrela de Tabby
poderia ser uma megaestrutura alienígena, concordou que as novas análises vão
de encontro com as afirmações de Schaefer. "O novo estudo afirma, e eu
concordo, que não temos nenhum outro modelo realmente bom para esse tipo de comportamento,"
disse. "Isso é animador!"
Keivan Stassun, um astrônomo da Vanderbilt que não havia concordado com
a ideia de ofuscamento a longo prazo, disse que a Estrela de Tabby ainda
carrega muitas dúvidas. "As novas descobertas
sugerem que nenhum dos fenômenos considerados podem, sozinhos, explicar as
observações" disse ao Gizmodo. "No final das contas, resolver esse
quebra-cabeça talvez exija levar em consideração uma combinação de
efeitos."
Alguns das explicações mais críveis até agora incluem: uma família de cometas, o efeito de uma estrela distorcida ou
os restos de um planeta estilhaçado. Algumas delas conseguem explicar o efeito
de ofuscamento a longo prazo, enquanto outras explicam a cintilação a curto
prazo, mas como Montet afirma "nada explica tudo muito bem."
O que está claro é que não iremos resolver esse mistério enquanto não
conseguirmos uma observação melhor da estrela, que é exatamente o que Tabby
Boyajian – o astrônomo que a descobriu – está fazendo.
Depois de uma campanha de financiamento coletivo bem sucedida para
se manter na Las Cumbres
Observatory Global Telescope Network, Boyajian irá observar a estrela por
um ano inteiro e espera vê-la cintilando. Se isso acontecer, outros telescópios
pelo mundo serão alertados e mobilizados. E poderemos ver a estrela piscando
pra gente através de todo o espectro eletromagnético, e aí quem sabe,
conseguiremos decifrar a mensagem.
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