Brasil Jogado Na Sarjeta Do Mundo – A Aliança Entre A Ralé E
O Judiciário No Brasil
POSTADO POR: FÁTIMA MIRANDA - 16:12:00 06/12/2016
Foto: Wilson Dias)
Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho
A aliança do Judiciário com os movimentos antidemocráticos
de classe média, como o MBL, conduziu o país à atual crise institucional
profunda. Começando pelo impeachment, que derrubou o poder Executivo, hoje
chegamos à briga entre os dois poderes restantes, Judiciário e Legislativo, um
tentando esmagar o outro.
O afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado,
pelas mãos de Marco Aurélio de Mello, apenas um dia após as manifestações,
mostra a sintonia fina da cúpula do Judiciário brasileiro com os movimentos de
protesto.
Nos dias precedentes, procuradores convocaram a população para se
mobilizar e, de outro lado, os movimentos da classe média convidaram membros da
Lava Jato para irem às ruas.
A Folha revelou que o
Vem Pra Rua convidou o juíz Sérgio Moro para as manifestações do
domingo (04). Vejamos com quem o Judiciário se aliou.
Na cabeça da organização dos protestos no Brasil está o MBL.
Um dos seus líderes, segundo a Folha, responde
por mais de 60 processos referidos a crimes diversos. Outro costumeiro
organizador de protestos, o líder do Revoltados Online, teve a página retirada
do ar por conduta incompatível com as regras do Facebook.
Por fim, o líder do
Vem Pra Rua, Rogério Chequer, apareceu em fevereiro de 2012, entre documentos
revelados pelo Wikileaks, na lista de e-mails da empresa de “inteligência
global” Statfor, mais conhecida como “the Shadow CIA”, isto é, a sombra da CIA.
Esse grupo social pode ser chamado de a ralé da classe
média. É uma fatia da classe média inteiramente inescrupulosa e recoberta por
diversas camadas de suspeita. Sua falta de escrúpulos brilha nos dados
divulgados por ela, a organizadora, sobre os protestos em São Paulo.
Como
epicentro de toda a manifestação no país, os dados de São Paulo serviriam para dar
a dimensão do seu sucesso. São números importantes também porque no estado se
concentram as sedes e as lideranças nacionais dos citados movimentos.
Segundo os dados da Globo em seu Mapa
das Manifestações no Brasil, a cidade de São Paulo teve apenas 15 mil
manifestantes dispostos a ir até a Avenida Paulista, pela contagem da PM. É um
número ridiculamente desprezível para uma cidade de mais de 11 milhões de
habitantes.
Apesar do esvaziamento perceptível a olho nu, os
organizadores não sentiram o menor constrangimento em inflar os números de
participantes para 200 mil, isto é, mais de 13 vezes maior que os 15 mil
contados pela PM.
E foi com figuras como essas – sem o menor apego à verdade,
sem o menor senso crítico, inteiramente alheias ao imperativo informar com
correção a opinião pública, inescrupulosas e suspeitas – que o Judiciário
brasileiro firmou uma relação preferencial.
Na realidade, essa relação é uma aliança política.
A presidente do STF, em consonância com os protestos
marcados para o dia 04, desencavou um dos processos que dormitavam nos recessos
profundos do tribunal, contra o presidente do Senado e o tornou réu no 01 de
dezembro. Mas nem esse incentivo suplementar aumentou o número de
manifestantes. O que mostra que essa aliança opera no vazio social, sem lastro.
Apesar do fracasso dos protestos, um dia depois das débeis
manifestações de domingo, num gesto avaliado por muitos com tresloucado, o
ministro Marco Aurélio de Mello, por decisão monocrática, concedeu liminar
afastando Renan Calheiros das funções de presidente do Senado.
A crise instaurada tem a cara da aliança com a ralé. As
estruturas institucionais estão sendo tratadas como objeto de ações de
chantagem, retaliação ou de promoção pessoal – não vamos esquecer que, desde
que saiu em defesa de Lula em março, falando em “condução sob vara”, Marco
Aurélio perdeu 90% do seu prestígio com a classe média e, principalmente, com a
mídia, de onde foi exilado. De março até ontem, quando ousou um gesto que pode
torná-lo o novo herói da ralé, permanecia enterrado em profundo ostracismo.
Os riscos decorrentes de ações tão grotescas não são
medidos. A inteira desmoralização do país no exterior, não é posta na balança.
Nenhuma consideração de ordem política, econômica, social, modera as ações dos
representantes da justiça em seu nível mais alto.
Entramos numa lógica de
brigas de gangues e decomposição total. É o pior dos cenários possíveis em que o
país é lançado na sarjeta aos olhos do mundo.
Para medir o grau da degradação ao nível de fim de feira
tumultuada, basta lembrar que à poucos instantes um
dos ministros do STF, Gilmar Mendes, que vinha ocupando aquela posição de
“herói da ralé”, sendo inclusive atração principal do congresso do MBL ocorrido
em 19 e 20 de novembro, deu declarações a um dos blog da Globo sugerindo o
impeachment de Marco Aurélio ou o seu afastamento das funções por loucura.
É a degradação total que deixa claro os efeitos de uma
aliança com a ralé. O que segue é o mergulho no abismo.
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