NO SENADO
Delação da Odebrecht faz senadores pedirem eleição direta
para presidente
Grupo de parlamentares defende que novas eleições sejam
prioridade de discussão na semana, diante do aumento da crise política e de
novas denúncias a serem feitas nos próximos dias
Por Hylda Cavalcanti, da RBA publicado 12/12/2016
19:03,
última modificação 12/12/2016 19:27
Paim: "O país inteiro está estarrecido com as
denúncias"
Brasília – Como reflexo do aumento da crise política e das
repercussões da delação premiada feita pelo ex-executivo Cláudio Melo Filho na
Lava Jato, divulgada no final de semana – segundo a qual mais de 70 políticos
receberam propina da empresa, inclusive o presidente da República Michel Temer
–, vários senadores aproveitaram para pedir, hoje (12), no plenário, a
antecipação das eleições para a Presidência no país.
Um dos primeiros a tocar no assunto foi o senador Paulo Paim
(PT-RS), que já defende o tema desde o início do ano.
O senador lembrou que
propôs, ao lado de colegas, em abril passado, uma emenda constitucional que
previa para outubro a eleição do chefe do Poder Executivo, mas que terminou não
seguindo com tramitação adiante.
Segundo ele, “o país inteiro está estarrecido
com as denúncias feitas pelo ex-diretor da Odebrecht, principalmente as que
fazem referência ao atual presidente”.
Também a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o
momento é de “agravamento da crise política institucional”. E, por isso,
exigirá a concentração de esforços de todos os setores, de forma a levar o
Brasil a sair da crise. “Temos uma crise nos poderes e entre os poderes”,
afirmou.
A parlamentar ressaltou que vê como única solução a realização de
eleições diretas e acrescentou que esta precisa ser a discussão mais importante
a ser tratada na Casa, a partir de amanhã (13).
Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou não acreditar mais que
reste outra saída ao Senado “senão cancelar a votação da Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 55, que congela os gastos públicos e o projeto de lei do
Senado (PLS) 204, que trata da securitização das dívidas de estados e
municípios”.
Segundo ele, a tramitação das duas matérias deve ser trocada pela
discussão sobre novas eleições presidenciais.
Requião ainda disse que a convocação de eleições gerais pode
ser uma boa ideia a ser tratada também, para que, neste caso, as reformas que o
país precisa sejam votadas “por representantes sintonizados com os interesses
dos brasileiros e não com os dos banqueiros e empreiteiros”.
“Não podemos ser
indiferentes às denúncias que atingem a Presidência da República, boa parte dos
ministérios, lideranças partidárias e nomes expressivos, influentes, deste
Senado e da Câmara dos Deputados”, destacou.
O assunto ficou de ser tratado por líderes partidários de
partidos da oposição durante a apreciação da PEC 55 amanhã, caso a pauta de
votações da semana seja mantida – o que ainda está sendo avaliado.
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