VIROU PIADA NA REDE: Willian Bonner tenta dar desculpa sobre
Jornal Nacional ser direcionado quase todo a Lula, mas não convence
15 de abril de 2017
POR BRASIL 247
Todos estão notando o espaço desproporcionalmente maior dado
aos ex-presidentes Lula e Dilma no noticiário do Jornal Nacional no âmbito das
matérias sobre delações de ex-funcionários e controladores da empreiteira
Odebrecht. O caso de Lula, porém, é escandaloso. Apesar de não haver nada que
justifique, o tempo gasto para acusá-lo é GIGANTESCO.
Leitores, inclusive, estão vendo similaridade entre o que
está acontecendo e matéria que esta página publicou em fevereiro último, na
qual foi relatado que haveria um plano da Globo justamente para dar maior
destaque a Lula e Dilma quando o ministro Fachin liberasse as delações da
Odebrecht.
Difícil dizer ser as informações passadas a esta página
estão se materializando, mas um fato é inegável: Lula e Dilma estão ganhando
muito mais espaço do que os outros delatados, apesar de, no caso de Dilma,
pesar muito menos contra ela do que contra qualquer outro, e, no caso de Lula,
no máximo pesar contra si a mesma coisa que pesa contra políticos do mesmo
calibre.
Na verdade, contra Lula pesa menos do que contra um Aécio
Neves, um José Serra ou um Michel Temer, como veremos adiante.
Como fazer para dar mais destaque aos dois ex-presidentes
petistas? Eis que, na locução de William Bonner, a fórmula encontrada foi
divulgada – até porque, a diferença de destaque para Lula e Dilma vinha
provocando cobranças e estranheza.
Diz Bonner:
“(…) Na terça-feira, o JN anunciou um compromisso com você.
Nos dias seguintes, nós detalharíamos as denúncias dos [sic] políticos com
maior destaque na vida nacional pelos cargos que ocupam ou que ocuparam (…)”.
O critério é falho, para dizer o mínimo. Explico: onde entra
a GRAVIDADE das acusações? Um político contra o qual pesa somente citação sem
que o delator tenha afirmado ter sido feito por esse político algum pedido
direto de “vantagem indevida” está na mesma situação que um político acusado de
ser “chato” ao pedir propinas reiteradamente?
Mas mesmo se o critério alegado pelo JN fosse justo, Lula, o
campeão de tempo de reportagens do JN sobre si, não deveria ter maior destaque
que Michel Temer, que é nada mais, nada menos do que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA
em exercício do cargo.
Ainda assim, o espaço dado a Lula e Dilma é desproporcional.
Basta olhar a relação de reportagens do JN
As matérias do JN dos dias 12, 13 e 14 (sobre os políticos
citados por delatores, conforme consta na página do telejornal – link no
parágrafo anterior), atribuem o seguinte tempo de reportagem dedicado pelo
telejornal a cada um.
Fernando Henrique Cardoso – 2 minutos, 14 segundos – Foi
citado nas delações da Odebrecht. O ministro Edson Fachin decidiu enviar à
Procuradoria da República em São Paulo as citações sobre Fernando Henrique
feitas pelo dono da Odebrecht.
De acordo com o Ministério Público, Emílio
Odebrecht relatou o pagamento de dinheiro para campanhas eleitorais do tucano
via caixa 2, sem declaração à Justiça Eleitoral.
Geraldo Alckmin – 4 minutos, 44 segundos – Três executivos
da Odebrecht citaram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, nas delações.
Os delatores do Grupo Odebrecht disseram que a empresa teria repassado ao então
candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, a pretexto de
contribuição eleitoral, R$ 2 milhões em 2010 e R$ 8,3 milhões na eleição de
2014, dinheiro que não teria sido declarado na prestação de contas de campanha.
Os delatores dizem ainda que Adhemar César Ribeiro, cunhado de Alckmin, recebeu
pessoalmente esses valores.
José Serra – 4 minutos, 55 segundos – O senador é
investigado por suspeita de corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro,
fraude em licitações e formação de cartel. Aos procuradores da República, sete
delatores disseram que o esquema de corrupção começou em 2007 quando José Serra
era governador de São Paulo. Segundo eles, as irregularidades foram na obra do
trecho sul do Rodoanel, via que liga as principais estradas que passam por São
Paulo.
Michel Temer – 5 minutos, 28 segundos – Ex-executivos da
Odebrecht relataram um acordo entre o PMDB e a empresa para pagamento de
propina ao partido em troca do fechamento de um contrato com a Petrobras.
O
delator Márcio Faria, ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial, disse
que além dele participaram dessas negociações outro executivo da Odebrecht,
Rogério Araújo, e o lobista João Augusto Henriques, que era uma espécie de
intermediário entre a construtora e o partido. O contrato era de US$ 825
milhões.
A propina, 5% desse valor: US$ 40 milhões. Temer é acusado de estar
presente a essas tratativas. De saber delas.
Dilma Rousseff – 12 minutos, 28 segundos – A ex-presidente
Dilma Rousseff também foi citada por delatores da Odebrecht. O ex-diretor de
Relações Institucionais da Odebrecht Alexandrino Alencar disse que dinheiro do
esquema de corrupção abasteceu a campanha da ex-presidente de 2014. Segundo
ele, o tesoureiro da campanha, Edinho Silva, pediu dinheiro de caixa dois e o
repasse foi feito para o assessor Manoel Sobrinho.
Aécio Neves – 16 minutos, 27 segundos – O senador e
presidente do PSBD, Aécio Neves, aparece em cinco inquéritos no Supremo
Tribunal Federal. Nas planilhas de propina da empresa, Aécio, identificado como
“Mineirinho”, é acusado por esquema de fraude em processos licitatórios na
construção da Cidade Administrativa, sede do governo de Minas, também é
investigado por ter pedido dinheiro de caixa 2 para a campanha dele à
Presidência em 2014 e doações eleitorais da Odebrecht em 2009 e em 2010 para
campanhas de aliados.
Lula – 30 minutos, 31 segundos – Foi citado pelos delatores
da Odebrecht em seis episódios. Os executivos contaram ao Ministério Público
que a Odebrecht pagava uma espécie de mesada a José da Silva, o Frei Chico,
irmão do ex-presidente Lula. Também foi relatado que Odebrecht teria pago
despesas do ex-presidente Lula. Eles falam em aquisição de imóveis para uso
pessoal, instalação do Instituto Lula e pagamentos de palestras. Citam ainda o
pagamento de reformas em um sítio em Atibaia/SP.
Como se vê, não tem ninguém mais ou menos enrolado. Todos
sofrem acusações graves. O que poderia mudar, entre os supracitados, é o grau
de relevância política. Mas nada muda porque todos têm importância similar.
Todos já foram candidatos a presidente da República.
Na verdade, aliás, Michel Temer, Geraldo Alckmin, José Serra
e Aécio Neves deveriam ganhar mais tempo porque estão no exercício de seus
mandatos e, portanto, são mais relevantes.
O tempo destinado pelo JN para acusar Lula e Dilma não tem
explicação aceitável. É jogada política. Como avisava post que esta página
publicou em fevereiro último, a Globo está manipulando as delações da Odebrecht
para prejudicar mais Lula e Dilma.
Está comprovada a denúncia que este blog fez
dois meses atrás.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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