EXCLUSIVO: Para aprovar reformas, Temer troca cargos por
votos de partidos nanicos
BRASÍLIA – Em busca de apoio para conseguir aprovar as
reformas na Câmara, principalmente a da Previdência, o governo deu início a uma
ofensiva até sobre os partidos nanicos na Casa.
Na negociação, interlocutores
do governo no Congresso Nacional oferecem cargos no terceiro escalão do
Executivo que essas legendas pleiteiam, desde que, em troca, garantam que a
maioria de suas bancadas votará a favor das reformas.
Com cinco deputados, o PROS negocia com o Palácio do
Planalto uma diretoria do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
No início do governo Michel Temer, a sigla chegou a ter a presidência do órgão,
com Gastão Vieira.
Em dezembro de 2016, porém, ele foi substituído por Silvio
Pinheiro, indicado pelo DEM. Desde então, o PROS pleiteava alguma diretoria na
instituição.
Na última quinta-feira, 20, o governo também trocou o presidente
da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para atender o PTN, sigla que tem 13
deputados e que ameaçava deixar a base aliada ou votar contra as reformas, caso
não conseguisse o cargo. Para atender o partido, Temer teve de abrir mão de uma
indicação pessoal, no caso o então presidente, Antônio Henrique Pires, para
nomear Rodrigo Dias, indicado pelo PTN.
O partido vinha ameaçando romper com o governo desde o
início de abril, mas foi somente durante a votação da urgência da reforma
trabalhista, na última quarta-feira, 19, que o governo cedeu à pressão.
Deputados do PTN ameaçaram se abster na votação. Com aval do Planalto, o líder
do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), então, comunicou que a legenda
teria a presidência da Funasa.
No dia seguinte, a nomeação de Dias foi publicada no Diário
Oficial da União (DOU). Com o pleito atendido, o partido deu 10 votos
favoráveis à urgência e apenas três contra. Na primeira votação da urgência da
reforma, na última terça-feira, 18, quando o governo saiu derrotado, apenas
seis deputados do PTN votaram a favor e cinco, contra. Outros dois
parlamentares da legenda não apareceram para votar.
Com o PHS, cuja bancada é de sete deputados, a negociação
tem sido “caso a caso”. De acordo com interlocutores do governo no Congresso, o
partido pleiteia algumas diretorias em órgãos do terceiro escalão e deve ser
atendido.
Entre os nanicos, a sigla é o que mais preocupa o Palácio do
Planalto. Na primeira votação da urgência da reforma trabalhista, por exemplo,
os cinco deputados do partido presentes em plenário votaram contra.
Ameaças. Em outra frente para garantir apoio às
reformas, o governo ameaça retirar cargos de partidos que não votarem com o
Planalto. Uma delas foi retirar a presidência da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) do líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).
Interlocutores do governo reclamam que Jovair não tem controle total sobre a
bancada e que sequer tem participado das votações.
Eles citam como exemplo a votação da urgência da reforma
trabalhista, em que o próprio líder do PTB não apareceu para votar. Além disso,
lembram que, dos 17 integrantes da bancada, apenas 12 votaram, sendo oito a
favor e quatro contra. “Ele tem que se reposicionar.
O PTB, no dia da votação
da urgência, não deu nem metade dos votos a favor, e o líder estava fora”,
afirmou um interlocutor do governo em caráter reservado.
Em entrevista ao Broadcast nesse domingo, 23, o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), admitiu que o governo não tem hoje os 308
votos mínimos necessários para aprovar a reforma da Previdência no plenário.
O
Placar do Estadão mostra que, mesmo após as concessões feita pelo relator da
proposta, Arthur Maia (PPS-BA), o governo não conseguiria aprovar a reforma
hoje.
Pelo levantamento, já são 209 votos contrários, quando o máximo para
conseguir aprovar deveria
ser 205 votos.
Com informações de Estadão.
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