Odebrecht construiu museu de 56 milhões,que Rede Globo toma
conta, obras suspeitas de fraudes
15/04/2017
Só esse museu que é “lícito” para Globo.
Fatos incontestes são que ONG se torna uma espécie de
herdeira na exploração dos museus construídos com possível corrupção de Eduardo
Cunha
Por Helena Sthephanowitz publicado 19/12/2015 10h46
DIVULGAÇÃO
PGR diz ter provas de que Cunha recebeu R$ 52 mi em propinas
para liberar verba para obras do Porto Maravilha.
Na quinta-feira (17), a cidade do Rio de Janeiro ganhou o
Museu do Amanhã, construído na zona portuária onde havia um pier
abandonado. O museu faz parte da operação urbana Porto Maravilha, de
revitalização e desenvolvimento da região, realizada em parceria
público-privada.
A prefeitura conduz o processo, as empreiteiras Carioca
Engenharia e OAS constroem, parte dos recursos é de financiamentos do FGTS-FI,
o fundo de investimento que faz aplicações dos recursos do Fundo de Garantia e,
no caso do Museu, quem toma posse da operação depois de pronto é a Fundação
Roberto Marinho, ONG ligada aos donos da TV Globo.
A Fundação é duplamente
beneficiada: ganha prestígio com mais um museu de grande porte em seu
portfólio, e cobra da prefeitura o preço para manter o museu funcionando.
Até aí quase tudo bem, exceto o quase monopólio da Fundação
Roberto Marinho na gestão de museus municipais do Rio. Além do Museu do Amanhã,
a Fundação também ganhou da prefeitura a gestão do Museu de Arte do Rio,
inaugurado em 2013, e o novo Museu da Imagem e do Som, em final de construção.
O maior problema é quando ficamos sabendo que o presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entrou nesse meio, mesmo fora
de sua área de competência.
No âmbito da Operação Lava Jato, a Procuradoria-Geral da
República afirma ter provas de que Cunha recebeu outros R$ 52 milhões em
propinas na Suíça e em Israel da empreiteira Carioca Engenharia para liberar
financiamento do FGTS-FI para as obras do Porto Maravilha.
Dois donos da
empresa, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior,
delataram que o próprio Cunha acertou e cobrou a propina sem
intermediários, para depositar no exterior nas contas indicadas pelo deputado.
Segundo a Procuradoria da República, o elo de Cunha com o
FGTS-FI era Fábio Cleto, indicado por ele para o cargo de vice-presidência de
Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal (CEF).
Cleto era o
representante da Caixa no Conselho Curador do FGTS, posição-chave tanto para
dificultar como para facilitar a aprovação do financiamento de R$ 3,5 bilhões
para o Porto Maravilha.
Cleto foi demitido pela presidenta Dilma Rousseff na semana
passada. Nesta semana sua residência sofreu busca e apreensão por policiais
federais, dentro da operação Catilinárias, cujo foco maior foi Eduardo Cunha e
outras lideranças do PMDB.
A Fundação Roberto Marinho não é acusada pela
Procuradoria-Geral da República de participação nos malfeitos, mas os fatos
incontestes são de que ela se torna uma espécie de herdeira na exploração dos
museus construídos com possível corrupção de Eduardo Cunha.
O que chama atenção no caso da ONG da família Marinho são os
vultosos pagamentos recebidos dos cofres públicos da prefeitura.
Segundo o
Portal da Transparência da prefeitura do Rio, R$ 56.003.994 já foram pagos
à Fundação Roberto Marinho pelo “Programa Porto Maravilha” desde 2010, mais do
que a propina atribuída a Eduardo Cunha.
Quase todo o valor foi pago antes
mesmo da inauguração dos museus.
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