MEIO MILHÃO: Nova delação da Odebrecht afunda Cunha ainda
mais na Lava Jato e só delação pode salvá-lo
24 de abril de 2017
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) recebeu
mesada de R$ 547 mil por três anos, segundo um dos delatores da Odebrecht.
Benedicto Júnior afirmou em seu depoimento que o ex-deputado
recebeu um total de R$ 19,7 milhões entre setembro de 2011 e agosto de 2014.
O valor, segundo ele, é referente às obras de revitalização
e manutenção do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro, executadas por um consórcio
formado pela Odebrecht, OAS e Carioca Engenharia.
“Entre agosto e setembro de 2011, fui pessoalmente procurado
por Eduardo Cunha e, a título de campanhas futuras, ele me pediu que fizesse
pagamento da ordem de 1,5% do valor liberado para o projeto em 36 parcelas”,
afirmou Júnior.
As parcelas, segundo Júnior, foram operacionalizadas pelo
Setor de Operação Estruturadas, que controlava os repasses ilícitos da
Odebrecht, e pagas por meio do doleiro Álvaro José Novis.
Júnior relatou que ele e os líderes das outras duas empresas
-Léo Pinheiro, da OAS, e Ricardo Pernambuco, da Carioca- se reuniram e
decidiram fazer os pagamentos a Cunha separadamente. Cada construtora
repassaria 1,5% do valor referente à sua participação na obra.
O projeto, no total de R$ 3,5 bilhões, foi financiado pelo
FI-FGTS, fundo gerido pela Caixa Econômica Federal.
Meses antes, um aliado de Cunha, Fábio Cleto, se tornara
vice-presidente da Caixa, compondo o conselho de investimentos
do fundo.
Em 2011, segundo o delator, as obras já estavam aprovadas e
a verba, liberada. Apenas em 2014, quando foi necessário um novo aporte do
FI-FGTS para o Porto Maravilha, a articulação com Cunha se fez necessária,
conforme Júnior. Cleto havia pedido vistas na análise do caso, atrasando o
pagamento.
Júnior, então, entrou em contato com Léo Pinheiro, da OAS,
que pediu a Cunha que intercedesse. Dias depois, ainda de acordo com o delator,
Cleto se manifestou a favor da aprovação do novo aporte de R$ 1,5 bilhão.
“Aceitei fazer os pagamentos pois entendia que poderiam
influenciar o voto do vice-presidente da Caixa e membro do Comitê de
Investimentos do FI-FGTS no Porto Maravilha [Fábio Cleto]”, afirma Júnior.
“Porque o deputado Eduardo Cunha é uma pessoa relativamente
importante no cenário e porque ele tinha uma pessoa dentro do conselho [do
FI-FGTS] que ele tinha colocado lá meses antes. Eu não queria ter problemas
nesse assunto”, disse o delator.
CARANGUEJO
Eduardo Cunha, que tinha o codinome “caranguejo” nas
planilhas da Odebrecht, teve seu mandato cassado e está preso em Curitiba desde
outubro passado.
Ele é réu em ação penal que tramita na 10ª Vara Federal de Brasília
e investiga o pagamento de propina pela liberação de recursos do FI-FGTS a
construtoras. A Procuradoria-Geral da República acusa Cunha de receber R$ 52
milhões ilegalmente pelo Porto Maravilha.
Em delação premiada, dois sócios da Carioca Engenharia já
haviam afirmado que Cunha recebera propina das empresas envolvidas na obra do
Porto Maravilha. Cleto, também em acordo de colaboração, confirmou que o
ex-deputado recebeu pagamentos em troca de liberar recursos do fundo.
OUTRO LADO
A defesa de Eduardo Cunha negou as informações relatadas por
Júnior.
Com informações da Folhapress.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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