PF faz buscas em endereços de pessoas ligadas a Renan,
Sarney, Jucá e Garibaldi
Mandados fazem parte da segunda fase da Operação Satélites,
desdobramento da Lava Jato que investiga pessoas próximas de políticos do PMDB.
Por Camila Bomfim, Vladimir Neto e Ana Paula Andreolla, TV
Globo, Brasília
28/04/2017 08h20 Atualizado há 6 horas
A Polícia Federal saiu às ruas na manhã desta sexta-feira
(28) para cumprir mandados da Operação Satélites, relacionada à Lava Jato.
O principal alvo é o advogado Bruno Mendes, ligado ao
senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Os agentes fizeram busca e apreensão no
escritório de Mendes.
Também foram feitas buscas na casa de uma ex-assessora do
senador Romero Jucá (PMDB-RR), na residência de um assessor do ex-presidente e
ex-senador José Sarney, também do PMDB, e em um endereço de uma pessoa ligada
ao senador Garibaldi Alves (PMDB-RN).
Outro alvo da operação é o ex-presidente da petroquímica
Triunfo Caio Gorentzvaig. A petroquímica é investigada na Operação Lava Jato
devido a um contrato que beneficiou a empreiteira Odebrecht durante o governo
Luiz Inácio Lula da Silva.
A etapa da operação deflagrada nesta sexta-feira apura
irregularidades praticadas na estatal Transpetro e investiga contratos da
Petrobras com as empresas NM Engenharia e NM Serviços, e tem como base
depoimentos em acordos de delação premiada de Sérgio Machado e dos empresários
Nelson Cortonese Maranaldo e Luiz Fernando Nava Maranaldo.
A assessoria do senador Renan Calheiros informou que ele
está "tranquilo" e que não cometeu irregularidade. Segundo a
assessoria, Bruno Mendes "sempre atuou em conformidade com a lei". O
advogado de Bruno Mendes, Luís Henrique Machado, afirmou que não há "nenhuma
evidência ou participação" do cliente nos fatos investigados. (leia notas
ao final desta reportagem).
A assessoria de Jucá disse, por meio de nota, que a operação
não envolveu nenhum funcionário do gabinete do senador ou pessoa que trabalhe
com ele (veja íntegra ao final desta reportagem). Garibaldi Alves não havia
sido localizado para comentar a operação até a última atualização desta
reportagem. Sarney não quis se manifestar.
Ao todo, a operação cumpriu dez mandados, todos de busca e
apreensão, no Distrito Federal e em Alagoas, Sergipe, Rio Grande do Norte e São
Paulo.
A etapa desta sexta foi autorizada pelo ministro Édson
Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro de um
dos 13 inquéritos abertos para investigar Renan Calheiros.
Os pedidos para a operação foram enviados ao STF pela
Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com a PGR, esta fase apura irregularidades
praticadas na Transpetro. Os crimes envolvidos, de acordo com a procuradoria,
são lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa, crimes contra a
administração pública, entre outros.
A primeira fase da Satélites foi deflagrada em março. A
operação tem esse nome porque os alvos são pessoas próximas dos políticos
investigados na Lava Jato no âmbito do STF.
Na ocasião, os mandados tiveram como alvos pessoas ligadas a
Renan, ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), ao senador Humberto
Costa (PT-PE) e ao senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Eles negaram envolvimento em
qualquer tipo
de irregularidade.
‘Está se fechando o cerco em cima do senador Renan
Calheiros’, diz Valdo Cruz
Conversa sobre a Lava Jato
Bruno Mendes era um dos advogados de Renan presentes em
um conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro e um dos
delatores da Lava Jato Sérgio Machado.
As gravações, apresentadas por Machado em 2015, contêm
conversas de uma reunião na casa do então presidente do Senado, Renan
Calheiros, com a participação do ex-ministro da Transparência, Fiscalização e
Controle, Fabiano Silveira, quando ele ainda era conselheiro do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ), Jucá e Sarney. Após a divulgação da conversa,
SIlveira deixou
o ministério de Temer.
Segundo Sérgio Machado, na conversa houve troca de
reclamações sobre a Justiça e a operação Lava Jato. Na gravação, Fabiano
Silveira faz críticas à condução da Lava Jato pela Procuradoria e dá conselhos
a investigados na operação.
Nota de Renan Calheiros
Leia abaixo íntegra de nota divulgada pela assessoria de
Renan Calheiros.
O senador Renan Calheiros afirma estar tranquilo em relação
à operação Lava Jato, porque tem certeza de que não cometeu qualquer
irregularidade.
A tentativa de ligar Bruno Mendes a atos ilegais é inócua
porque o profissional sempre atuou em conformidade com as leis. Bruno é um
advogado digno, professor de Direito Eleitoral respeitado, que presta
relevantes serviços jurídicos ao PMDB.
Nota de Bruno Mendes
Leia nota divulgada pelo escritório de advocacia que defende
Bruno Mendes:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Diante do pedido de busca e apreensão realizado, nesta
sexta-feira, no escritório de advocacia de Bruno Mendes vale esclarecer:
Pedido de natureza semelhante já havia sido incisivamente
indeferido pelo Ministro Teori Zavascki no ano passado, pois não existia
qualquer indício ou notícia de prática ilícita envolvendo
o Advogado.
Na operação realizada hoje pela Polícia Federal, não foi
localizado, identificado ou apreendido, nenhum objeto de valor, como dinheiro
em espécie, obras de arte ou joias que pudessem aparentar origem suspeita ou
resultado de conduta ilícita. Basicamente foram recolhidas cópias relativas à
defesa de clientes, rascunhos de discursos e cartões de visita."
Tudo isso demonstra que não há nenhuma evidência ou participação
do advogado nos fatos investigados.
Luís Henrique Machado, advogado de Bruno Mendes
Escritório: Machado Ramos & Von Glehn Advogados
Nota de Romero Jucá
Leia íntegra de nota divulgada pela assessoria do senador
Romero Jucá:
A assessoria de imprensa do senador Romero Jucá informa que
a operação deflagrada hoje pela Polícia Federal não envolveu nenhum funcionário
do seu gabinete ou pessoa que trabalhe com o senador. Jucá reitera que está à
disposição da Justiça para prestar esclarecimentos assim como seus funcionários
no sentido que as investigações possam ocorrer rapidamente e que a verdade seja
reestabelecida.
O senador informa ainda que já solicitou aos órgãos competentes
que ele possa prestar informações o mais
rápido possível.
Fonte: http://globo.com/
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