LEONARDO BOFF: PAPA NÃO TINHA MOTIVO PARA VIR AO BRASIL
APOIAR 'GOLPISTA'
Para teólogo Leonardo Boff, ao recusar convite de Michel
Temer para visitar o país, líder mundial da igreja católica é coerente com a
opção pelos pobres; "Se ele viesse ao Brasil seria legitimar esse
estado de coisas, o que ele nunca faria. Ele foi coerente ao não ir à Argentina
e não vir ao Brasil. Enquanto houver formas duras, ditatoriais, eu diria, de
governo e de relação com o povo, o papa não dará seu apoio e não visitará essas
terras e esses países"
18 DE ABRIL DE 2017 ÀS 20:17
Eduardo Maretti, da RBA - "O papa não tinha nenhuma razão para
vir ao Brasil, apoiar um golpista. Ele é muito coerente com a opção que tem
pelos pobres, pelos que sofrem violência e são marginalizados. Por causa disso
ele não quis visitar a Argentina de (Mauricio) Macri. Por essa mesma razão ele
não quis visitar o Brasil sob Temer."
A declaração é do frei e teólogo Leonardo
Boff, sobre a carta enviada pelo papa Francisco ao presidente Michel Temer,
recusando o convite para visitar o país para as celebrações dos 300 anos da
aparição da imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Embora reconheça que a crise que o país enfrenta "não é
de simples solução", Francisco enfatiza: "Porém não posso deixar de
pensar em tantas pessoas, sobretudo nos mais pobres, que muitas vezes se veem
completamente abandonados e costumam ser aqueles que pagam o preço mais amargo
e dilacerante de algumas soluções fáceis e superficiais para crises que vão
muito além da esfera meramente financeira".
Para o frei, o papa deixa claro de que lado está: "Ao
lado das vítimas, dos que sofrem, coisa que este governo está produzindo".
"Se ele viesse ao Brasil seria legitimar esse estado de coisas, o que ele
nunca faria. Ele foi coerente ao não ir à Argentina e não vir ao Brasil.
Enquanto houver formas duras, ditatoriais, eu diria, de governo e de relação com
o povo, o papa não dará seu apoio e não visitará essas terras e esses
países."
Boff lembra que, após a abertura do processo do impeachment,
o papa Francisco escreveu uma mensagem à então presidenta Dilma Rousseff, já
afastada, na qual demonstrou apoio.
"O papa Francisco mandou uma carta à
Dilma enquanto se fazia o julgamento dela, apoiando-a pessoalmente porque ele a
conhece. Eu vi isso, estive com Dilma", disse Boff à RBA.
Para ele, considerado expoente da Teologia da Libertação e
próximo a Francisco, com atitudes como a recusa a vir ao Brasil governado por
Michel Temer, o papa está indiretamente dando um recado aos governos "que
fazem políticas superficiais, que trazem dificuldades e injustiça para os
pobres, e reformas que se fazem com alta velocidade e não atendem às
necessidades do povo, são antipopulares e anticonstitucionais".
Apesar das enormes dificuldades pelas quais passa o país,
"não há dificuldade que não possa ser resolvida" – diz Boff. "Já
que os partidos estão corrompidos, com um vazio de lideranças, o grande lugar
da pressão é a rua e a praça, com manifestações, grupos de discussão onde se
discuta que Brasil nós queremos, que coisas principais devemos fazer para
incluir a grande maioria que está à margem, superar a chaga da desigualdade,
que é uma das piores do mundo".
Apesar do pessimismo de parte da população brasileira com os
ataques a direitos pelo governo e suas reformas, Leonardo Boff afirma acreditar
que "esse caos, essa confusão que está havendo, lentamente vai criar uma
claridade para ver o caminho que devemos seguir, um outro tipo de sociedade, de
governo, que seja voltado para o povo, que realize direitos e não apenas
defenda privilégios".
Fonte: http://www.brasil247.com/
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