‘Não tenho preocupação com delação do Palocci’, diz Lula
Ex-presidente, em entrevista ao SBT, afirmou ainda que terá
condições jurídicas de ser candidato em 2018
26/04/2017 - 22H15 - ATUALIZADA ÀS 22H19 -
POR AGÊNCIA O
GLOBO
O EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA EM
ENTREVISTA AO SBT BRASIL (FOTO: REPRODUÇÃO/SBT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou nesta quarta-feira (26) não ter nenhuma preocupação com
a possibilidade de o ex-ministro Antonio Palocci firmar um acordo de
delação premiada. Em entrevista ao SBT Brasil, o petista disse ainda querer ser
candidato a presidente em 2018 e descartou qualquer possibilidade de ter a
candidatura impugnada por causa de condenações
na Lava-Jato.
Lula destacou que Palocci é seu “amigo, fundador do PT e uma
das inteligências políticas mais privilegiadas do país”.
"Não tenho nenhuma preocupação com uma delação do
Palocci."
Para o ex-presidente, o ex-ministro, assim como outros
delatores, está sendo pressionado para falar dele.
"Ele está lá trancafiado. Enquanto, não falar não sai.
Você quer sair, fala do Lula. É assim com todo mundo."
Lula também negou novamente ter medo de ser preso e
desqualificou as acusações feitas contra ele pelo ex-presidente da OAS Léo
Pinheiro.
"Alguém para ser preso tem que ter cometido um crime.
Temos que levar em conta a situação em que o Léo deu o seu depoimento. O Léo
deu o depoimento sem o compromisso de dizer a verdade. Todo mundo já escreveu
neste país que o Léo vem sendo pressionado há dois anos para citar o meu nome.
O cara está condenado a 26 anos de cadeia."
Léo Pinheiro disse que, em 2014, no início da Lava-Jato,
Lula pediu a ele que destruísse registros de pagamentos feitos ao PT por meio
do então tesoureiro da legenda, João Vaccari Neto.
Como já havia declarado anteriormente, negou ter pedido
qualquer dinheiro a empresários.
"Eu duvido que tenha um empresário neste país que diga
o Lula pediu R$ 10."
Disse que é investigado há mais de três anos e afirmou que
não ver problema em continuar sendo, mas fez um apelo:
"Se não encontrarem nada, a única coisa que eu peço,
pelo amor de Deus, tenham a grandeza de usar a palavra desculpa."
Lula também acusou o Ministério Público de mentir no
processo sobre o apartamento tríplex no Guarujá.
"O Ministério Público começou mentindo a continua
mentindo sobre esse processo."
O ex-presidente ainda classificou de “surreal” a acusação
feita por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva o nome de
sua família, de que o setor de propinas da companhia tinha uma conta com o nome
de “amigo” para fazer repasses a ele.
"Essa é surreal. Supostamente tem uma conta que não
está no nome do Palocci, nem no meu, nem em ninguém do PT. E segundo lugar,
foram retirados R$ 13 milhões para dar para mim. Será que R$ 0,10 desses R$ 13
milhões não teriam que ser depositado numa conta? Como eu iria carregar R$ 13
milhões?"
Também descartou ter tido qualquer conversa com o pai de
Marcelo, Emilio, sobre repasses de recursos ao PT.
"Eu duvido que o Emilio tenha em algum momento
conversado comigo sobre dinheiro de campanha."
Irritado, Lula se queixou das acusações contra ele na
Lava-Jato. "Estou cansado de brincadeira com meu nome, estou
cansado de achincalhamento."
O petista também afirmou não ver problema na mudança da data
de seu depoimento a Moro do dia 3 para o dia 10 de maio. Por outro lado, se
queixou da limitação feita pelo magistrado ao número de testemunhas que indicou
no processo sobre a compra do sítio de Atibaia.
"Se for necessário, eu me mudo para Curitiba. Mas a
gente não vai abrir mão de uma testemunha que ache importante. O juiz Moro não
pode julgar a quantidade de testemunhas."
Pela primeira vez, Lula foi direto ao falar sobre a sua
candidatura a presidente em 2018.
"Agora, eu quero ser candidato a presidente da
República. Na atual situação, as pessoas sabem o que eu já fiz e sabem que eu
posso consertar este país."
Questionado se via risco de não poder disputar a eleição do
ano que vem por causa da Lava-Jato, o ex-presidente respondeu:
"Eu vou ter condições jurídicas de ser candidato porque
não há nenhuma razão para evitar que eu seja. (Se for para eu não concorrer),
era melhor dar um segundo golpe neste país e decidir que não vai ter eleição em
2018."
Indagado também sobre os ataques que tem sido feitos contra
ele pelo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), Lula evitou mencionar o nome
do tucano e o comparou aos ex-presidentes Janio Quadros e Fernando Collor.
"Obviamente ele quer cinco minutos de glória. Já
tivemos prefeito que se elegeu dizendo que iria varrer a cidade. Presidente que
vestia camiseta contra a drogas e saia para correr. Ele (Doria) não fez nada de
gestão, fez pirotecnia e ninguém sobrevive com pirotecnia."
Fonte: http://globo.com/
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