MERCADANTE: FIM DO CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS É “RETROCESSO
INACEITÁVEL”
Ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante, reagiu ao
anúncio do fim do programa Ciência Sem Fronteiras, criado pelo governo da
presidente Dilma Rousseff; "Quando denunciamos o fim do Ciência Sem
Fronteiras, falaram também que só queríamos criar pânico nos estudantes. Agora,
confirmam o desmonte do programa", disse Mercadante sobre a medida de
Michel Temer; ele lembra que dos alunos que participaram do Ciência Sem
Fronteiras, 26,4% são negros, 25% são jovens de famílias com renda até três
salários mínimos e mais da metade são de famílias com renda de até seis
salários mínimos; "Mais uma vez, a sociedade paga pelos retrocessos e
desmandos na educação. Sofrem, principalmente, os mais pobres que, em razão da
renda, dificilmente terão a oportunidade de estudar no exterior, como faziam
com o suporte do Ciência Sem Fronteiras"
2 DE ABRIL DE 2017 ÀS 12:50
247 - O ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante,
condenou o fim do programa Ciência Sem Fronteiras, realizado pelo governo de
Michel Temer. Segundo informações publicadas na coluna Lauro Jardim deste
domingo, 2, "Mendonça Filho fez as contas e afirma que, com o total gasto
para mandar 30 mil estudantes para fora, seria possível pagar a merenda escolar
para 40 milhões de alunos da educação básica.
Novas bolsas não serão concedidas
a partir de agora" (leia mais).
Para Mercadante, com o fim do programa, "mais uma vez,
a sociedade paga pelos retrocessos e desmandos na educação.
Sofrem,
principalmente, os mais pobres que, em razão da renda, dificilmente terão a oportunidade
de estudar no exterior, como faziam com o suporte do Ciência Sem
Fronteiras".
"Dos alunos que participaram do Ciência Sem Fronteiras,
26,4% são negros; 25% são jovens de famílias com renda até três salários
mínimos; e mais da metade são de famílias com renda de até seis salários
mínimos. Nunca tiveram essa oportunidade", afirma.
A nota lembra, ainda, que só na primeira fase do Ciência Sem
Fronteiras o Brasil enviou 73,3 mil universitários brasileiros para o exterior.
"Eles participaram de 2.912 universidades de 54 países, sendo 182 das 200
melhores universidades do mundo.
Além disso, a participação no Ciência Sem
Fronteiras despertou nestes jovens a motivação para seguir na pós-graduação,
mestrado e doutorado".
Além disso, dos 13 mil alunos de graduação que passaram um
ano no exterior pelo programa, que retornaram e concluíram o ensino superior no
Brasil, 20% se tornaram alunos de pós-graduação. Quando falamos dos alunos que
não participaram do Ciência Sem Fronteiras, esse percentual é inferior a 5%,
nas mesmas áreas de formação.
Orçamento
Mercadante também desmontou argumento utilizado por Mendonça
Filho, desde que assumiu o Ministério da Educação, para justificar os desmontes
que vem realizando na pasta.
Sempre que questionado sobre algum corte, Mendonça
costuma dizer que encontrou a pasta sem orçamento.
Na nota, o ex-ministro diz que "eles sempre atribuíram
os desmontes que vem realizando na educação ao fato de supostamente terem
encontrado o MEC quebrado, em razão do contingenciamento provisório de R$ 4,2
bilhões que fizemos em março de 2016, enquanto aguardávamos a votação da
alteração da meta do superávit.
Pois bem. Depois do golpe, quando o Congresso
finalmente alterou a meta, este valor foi reintegrado ao orçamento do MEC, como
havíamos planejado".
"Agora, eles anunciam um bloqueio dos mesmos R$ 4,2
bilhões no orçamento do ministério. Ou eles mentiram antes ou estão, agora,
quebrando o MEC de vez, isto depois de já terem acabado com o Pronatec, terem
cortado o Fies e terem suspendido toda expansão das Universidades
Públicas", afirma.
Confira a íntegra da nota do ex-ministro:
"Eles sempre atribuíram os desmontes que vem realizando
na educação ao fato de supostamente terem encontrado o MEC quebrado, em razão
do contingenciamento provisório de R$ 4,2 bilhões que fizemos em março de 2016,
enquanto aguardávamos a votação da alteração da meta do superávit.
Pois bem.
Depois do golpe, quando o Congresso finalmente alterou a meta, este valor foi
reintegrado ao orçamento do MEC, como havíamos planejado.
Agora, eles anunciam um bloqueio dos mesmos R$ 4,2 bilhões
no orçamento do ministério. Ou eles mentiram antes ou estão, agora, quebrando o
MEC de vez, isto depois de já terem acabado com o Pronatec, terem cortado o
Fies e terem suspendido toda expansão das Universidades Públicas.
Quando denunciamos o fim do Ciência Sem Fronteiras, falaram também
que só queríamos criar pânico nos estudantes. Agora, confirmam o desmonte do
programa. Mais uma vez, a sociedade paga pelos retrocessos e desmandos na
educação.
Sofrem, principalmente, os mais pobres que, em razão da renda,
dificilmente terão a oportunidade de estudar no exterior, como faziam com o
suporte do Ciência Sem Fronteiras. Dos alunos que participaram do Ciência Sem
Fronteiras, 26,4% são negros; 25% são jovens de famílias com renda até três
salários mínimos; e mais da metade são de famílias com renda de até seis
salários mínimos. Nunca tiveram essa oportunidade.
Todos os países importantes do mundo têm programas
importantes de incentivo a mobilidade internacional de estudantes. A União
Europeia, por exemplo, tem o Erasmus Mundi, isso para não falarmos da China que
tinha, quando lançamos o Ciência Sem Fronteiras, 80 mil estudantes de doutorado
só nos Estados Unidos.
O choque de conhecimento gerado pelo Ciência Sem Fronteiras
ajudou o a Brasil chegar a ser, em determinado momento, o 13º país do mundo que
mais publicava artigos científicos.
Além disso, lançamos o Idiomas Sem
Fronteiras para atender a demanda pelo aprendizado de idiomas, especialmente o
inglês, gerada pelo Ciência Sem Fronteiras, que já era um dos objetivos
complementares do programa, o de internacionalizar nossas universidades.
Além disso, a participação no Ciência Sem Fronteiras
despertou nestes jovens a motivação para seguir na pós-graduação, mestrado e
doutorado. Dos 13 mil alunos de graduação que passaram um ano no exterior pelo
programa, que retornaram e concluíram o ensino superior no Brasil, 20% se
tornaram alunos de pós-graduação.
Quando falamos dos alunos que não
participaram do Ciência Sem Fronteiras, esse percentual é inferior a 5%, nas
mesmas áreas de formação.
O programa priorizou áreas estratégicas para o país como
ciências, tecnologias, engenharia, matemática, computação, informática,
medicina e saúde. Com isso, o Ciência Sem Fronteiras impulsionou o país para a
ciência, tecnologia e inovação, aumentando a produtividade, competitividade e
preparando as bases da economia do conhecimento. Só na primeira fase do
programa, enviamos 73,3 mil universitários brasileiros para o exterior.
Eles
participaram de 2.912 universidades de 54 países, sendo 182 das 200 melhores
universidades do mundo.
Em tempos de crise, é até compreensível que o programa passe
por ajustes, como a redução do escopo para melhoria da qualidade, a questão da
oferta de bolsas parciais, ou até a busca de mais parcerias com a iniciativa
privada, que deveria ter sido responsável 25% do financiamento do programa,
apesar de algumas empresas não terem cumprido o acordado, enquanto estivemos na
gestão.
Agora, acabar definitivamente com o programa é um retrocesso
inaceitável. A crise exige ajustes, mas não desmontes e retrocessos que eles
querem que permaneçam pelos próximos vinte anos, com a PEC do teto dos gastos
sociais".
Fonte: https://www.brasil247.com/
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