PF vai indiciar alvos da Carne Fraca e alerta sobre esquema
Marília Almeida 2 horas atrás 03/04/2017
© image/jpeg Frigorífico após Operação Carne Fraca
A Polícia
Federal considera ter reunido elementos para indiciar na próxima
semana os 37 alvos da Operação Carne Fraca, por supostos crimes de corrupção,
advocacia administrativa e fraudes em fiscalizações federais e vai
individualizar os apontamentos de supostos crimes à saúde pública e contra o
consumidor.
Os investigados são funcionários do Ministério da
Agricultura, executivos e donos de frigoríficos e empresas de alimentos
processados, entre elas, nomes da JBS e da BRF, alvos das prisões e buscas do
dia 17 de março, realizadas em 7 estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná,
Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
Comandada por três delegados da PF, em Curitiba, a equipe da
Carne Fraca tem a convicção de ter descoberto um esquema criminoso de
indicações políticas, em cargos chaves do Ministério da Agricultura, em
especial no Paraná e Goiás, que tinha como contrapartida a obrigação de
arrecadar propinas para partidos como PMDB, PP e PDT com empresários do setor
de carnes e embutidos.
O delegado Maurício Moscardi Grillo – que trabalha junto com
os delegados Roberto Biasoli e William Tito – iniciou o relatório parcial de
indiciamento dos alvos para apresentar ao juiz federal Marcos Josegrei da
Silva, da 14ª Vara Federal, em Curitiba, até o dia 17 – dos alvos, 26 estão
presos preventivamente.
Os policiais trabalham na conclusão do cruzamento de dados
das quebras de sigilos bancários e fiscais dos investigados – ainda não
tornadas públicas – e dos 13 mil grampos telefônicos e telemáticos feitos em
2016, com o material apreendido nas buscas.
São 195 malotes carregados de
documentos, agendas, anotações, provas que estão sob análise.
O relatório de indiciamento dos alvos deve trazer, entre
outros elementos, as análises de alimentos produzidas pelo Ministério da
Agricultura, nas 21 empresas alvos da Carne Fraca, que apontam adulteração em
produtos, bem como os grampos que revelam tratativas dos empresários com os
fiscais para liberar cargas de produtos enviados para China, Espanha e Itália.
Corrupção sistêmica
A suspeita da polícia é que o esquema descoberto envolvendo
fiscais do Paraná, Goiás e Minas Gerais, pode ter sido espelhado nas demais
superintendências do Ministério da Agricultura, nos Estados, e nos serviços de
inspeção de produtos de origem animal (Sipoas).
Nas duas últimas semanas foram ouvidos depoimentos de produtores rurais, agentes públicos e outras testemunhas
que indicaram nomes de fiscais, políticos que seriam os responsáveis por suas
indicações e fatos específicos de fraudes.
O material será enviado aos Estados
de origem dos fatos, para abertura de novas investigações.
“É como se fosse uma Lava Jato da área de Agricultura”,
afirmou um investigador, com acesso aos inquéritos.
O ex-superintendente do
Ministério da Agricultura no Paraná Daniel Gonçalves Filho, apontado na Carne
Fraca como um dos líderes do esquema e preso desde o dia 17, iniciou negociação
com a polícia para fazer um acordo de delação premiada e pode ampliar o foco da
Carne Fraca.
Arquivado em:NEGÓCIOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário