"Temer não tem para onde ir", diz Renan em jantar
Afirmação foi feita durante jantar realizado na casa da
senadora Kátia Abreu, nessa terça-feira, com a presença de pouco mais da metade
da bancada do partido
HÁ 19 HORAS
05/04/2017 POR ESTADÃO conteúdo
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),
considera difícil a situação do presidente Michel Temer no governo.
"Diziam que a [ex-presidente] Dilma [Rousseff] não tinha para onde ir, e o
[presidente Michel] Temer não tem para onde ir", disse Renan a aliados na
noite desta terça-feira, 5, segundo parlamentares que participaram do jantar da
bancada na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em Brasília.
No encontro, que contou com a presença de pouco mais da
metade da bancada - a maior da Casa, com 22 parlamentares - alguns senadores
teriam reclamado da pressão feita pelo Palácio do Planalto pela aprovação da
reforma da Previdência.
A avaliação é de que a cúpula do governo, o presidente
Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco
(Secretaria-Geral) não "entende" a situação dos congressistas porque
não "depende" do voto popular.
"Nenhum deles é candidato a nada e nas últimas eleições
que disputaram perderam. Agora querem cobrar dos parlamentares. Estão pedindo o
que não vão ganhar", afirmou um peemedebista que participou do jantar.
"É terrível o que querem impor ao Congresso. O povo não quer [as reformas]
e os congressistas vivem de voto. Estão propondo suicídio político",
avaliou o senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Nas últimas semanas, Renan tem subido o tom contra as
reformas. Ontem, ele chegou a dizer que, "se continuar como está, o
governo vai cair para um lado e o PMDB para o outro".
Para Raimundo Lira
(PMDB-PB), que participou da confraternização, esta é uma posição pessoal de
Renan. "Não vejo nenhum grupo dentro do PMDB pensar dessa forma. Até porque
a reforma [da Previdência] está cada dia mais tendo possibilidade de ser
amenizada", considerou.
O jantar, que começou por volta da meia noite, durou cerca
de três horas. Os ministros Dyogo Oliveira (Planejamento) e Helder Barbalho
(Integração Nacional) também estiverem no encontro, mas, segundo parlamentares,
falaram pouco.
Além deles, o ex-presidente José Sarney e sua filha, Roseana
Sarney, marcaram presença. Nas conversas, Sarney teria reforçado o discurso de
Renan, de que o governo tem que dialogar mais.
Entre os senadores presentes, além de Renan, Kátia, Requião
e Raimundo, compareceram o líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR), Jader
Barbalho (PA), Rose de Freitas (ES), Valdir Raupp (RO), Marta Suplicy (SP),
Elmano Férrer (PI), Hélio José (DF), Dário Berger (SC) e Garibaldi Alves (RN).
Como já era esperado, o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (CE), não
compareceu ao jantar.
A confraternização, de acordo com parlamentares, não teve
motivação política, e sim na vontade da bancada de se reunir para comer um dos
pratos típicos do Tocantins, a fritada de aratu, considerada especialidade de
Kátia. "Na fritada de aratu, Temer também foi fritado", brincou um
dos senadores presentes.
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