Andrea Neves pode se complicar na Lava Jato, diz imprensa
1 de abril de 2017
Mais do que indícios, há testemunhos e até documentos que
apontam Andrea Neves como operadora ou eminência parda do senador e
ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves.
Já no primeiro governo de Aécio, entre 2003 e 2007, era Andrea quem decidia
onde e quanto gastar das verbas de publicidade estatal.
Formalmente, a função dela era cuidar da obra social, mas o
empresário Marco Aurélio Carone conta que, logo no início da gestão de Aécio,
Andrea o procurou para negociar a compra do título do jornal Diário de Minas, o
mais antigo do Estado.
Foi, segundo ele, um tipo de retribuição pelos serviços prestados durante a
campanha, em que Carone foi candidato a governador pelo pequeno PSDC e atuou
como muro de contenção de Aécio, para protegê-lo dos ataques de Newton Cardoso.
Andrea negociou a compra, mas a fatura foi paga, segundo
Carone, com cheques do sindicato da construção civil do Estado e por
fornecedores da CEMIG, a empresa de energia de Minas Gerais. Carone vendeu o
jornal, mas continuou na mídia.
O diretor de jornalismo da Globo, Marco Nascimento, em entrevista para o documentário “Liberdade, essa palavra”, de Marcelo Baêta, revelou que perdeu o cargo logo no início do governo de Aécio, depois que Andrea pediu sua cabeça à direção da emissora.
Com o dinheiro da venda, manteve o Novo Jornal,
um site de notícias que se transformou, sob a batuta do experiente e premiado
jornalista Geraldo Elísio, no único veículo de comunicação independente do
Estado.
Independência que vai custar a Carone nove meses de prisão e a Geraldo
Elísio, a humilhação de ter a casa vasculhada por policiais civis.
O diretor de jornalismo da Globo, Marco Nascimento, em entrevista para o documentário “Liberdade, essa palavra”, de Marcelo Baêta, revelou que perdeu o cargo logo no início do governo de Aécio, depois que Andrea pediu sua cabeça à direção da emissora.
Segundo ele, Andrea estava descontente com uma reportagem
que mostrava o flagrante do consumo de crack perto de uma delegacia de polícia.
“Andrea me disse: Marco, esta matéria veio num momento ruim
para o governo do Estado”, disse, na entrevista para o documentário.
“A partir do momento em que eu tenho o flagrante, se vai ser
bom para o governo ou não, eu não tenho nada com isso”, acrescentou Marco
Nascimento.
O jornalista lembrou que obrigação jornalística era ouvir o
governo do Estado, e isso foi feito, mas o que Andrea queria era evitar a
veiculação de reportagens como aquele do consumo de drogas no Estado.
Outros quatro jornalistas de Minas Gerais, de outros
veículos de comunicação, também perderam o emprego nos primeiros meses do
governo de Aécio, por publicações interpretadas como negativas para ele.
Andrea é citada como a mão forte por trás das demissões.
A blindagem de Aécio feita a partir da pressão exercida por
Andrea ultrapassou as fronteiras de Minas.
Em 2007, a Polícia Federal esteve no apartamento de um casal
de doleiros no Rio de Janeiro e apreendeu documentos de contas abertas no exterior,
entre os quais uma fundação em nome da mãe e da irmã de Aécio.
A conta não estava declarada no Brasil, mas o Ministério
Público Federal inocentou a família Neves, com uma interpretação elástica da
lei, a de que transferências inferiores a 100 mil dólares não precisavam ser
declaradas ao Banco Central (leia mais aqui).
A notícia da existência de uma conta em nome de uma fundação
da mãe e da irmã de Aécio no principado de Liechtenstein – com Aécio sendo o
beneficiário — só veio à torna muitos anos depois, no calor da disputa entre o
PSDB e PT.
Fonte: http://clickpolitica.com.br/
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