QUA, 23/11/2016 - 19:17
Assunto surgiu durante as primeiras audiências de
testemunhas contra Lula na ação do triplex no Guarujá, mas o juiz Sergio Moro e
um procurador da força-tarefa impediram que detalhes viessem à tona, alegando
"irrelevância" para o processo
O assunto surgiu durante as primeiras audiências de
testemunhas contra Lula na ação do triplex no Guarujá, mas o juiz Sergio Moro e
um procurador da força-tarefa impediram que detalhes viessem à tona, alegando
"irrelevância" para o processo.
A partir dos 4 minutos e 40 segundos do vídeo acima,
Cristiano Martins Zanin, advogado de Lula, pergunta a Eduardo Leite,
ex-executivo da Camargo Corrêa, se ele fez delação com os EUA.
"Ainda não. Posso vir a firmar, mas hoje não tenho nada
firmado com o governo americano. Também não [estou em negociação]. Eu fui
procurado pelo governo americano no intuito de buscar um interesse e
entendimento das partes", respondeu Leite. Ele disse que sua defesa
informou o Ministério Público Federal dessa "comunicação".
Depois, ele disse que, "na verdade, foi uma busca do
governo americano através da força-tarefa [da Lava Jato], na qual fomos
procurados para saber do interesse de haver partilhamento [de informações] ou
de a gente participar de um processo lá."
Nesse momento, o procurador Diogo Castor de Mattos,
preocupado com os detalhes que Leite poderia dar sobre essa negociação com os
EUA, diz ao juiz Sergio Moro que essa pergunta deveria ser
"indeferida".
O juiz, então, auxilia o MPF interrompendo a resposta
de Leite e afirmando que outra testemunha [Augusto Mendonça, da Setal] não quis
responder por "não se sentir segura".
"O acordo com os Estados Unidos, qual a relevância
disso?", perguntou um membro da força-tarefa, ao que Zanin responde:
"Vamos ver. Eu não sou obrigado a antecipar a minha estratégia de
defesa."
Depois, Leite se corrigiu: "Eu gostaria de consertar. O
procedimento, quem tem o domínio é meu advogado. Eu entendo que tenha havido
uma comunicação."
Segundo Leite, ele recebeu um termo de colaboração em inglês
que era "genérico", apenas sondava a "disposição de colaborar
com a Justiça americana", e ele não tomou nenhuma decisão sobre isso
"ainda".
Segundo a Folha desta quarta (23), Zanin disse que "a
revelação feita em audiência de que o Ministério Público Federal estaria
trabalhando junto com autoridades americanas parece não estar de acordo com o
tratado que o Brasil firmou em 2001 com os EUA que coloca o Ministério da
Justiça como autoridade central para tratar esse tipo de questão."
Numa audiência anterior, a defesa de Lula pergunta a Augusto
Mendonça, do grupo Setal, se ele também era colaborador nos Estados Unidos. Ele
disse que não sabia se poderia responder a essa questão, e Moro questionou se
ele tinha algum "acordo de confidencialidade", porque se tivesse, qualquer
afirmação dele poderia ter "reflexos jurídicos" que deveriam ser
preocupação da Lava Jato. Diante da insistência de Zanin, o juiz impediu
qualquer questão sobre o tema: "Está indeferido até porque, doutor, a
relevância disso me escapa."
O advogado José Roberto Batochio retomou o assunto e
perguntou se Mendonça foi autorizado a negociar com agentes dos Estados Unidos
por autoridades brasileiras. Moro, irritado, interrompeu e disse que a
testemunha não precisaria responder e questionou as intenções da defesa de
Lula:
"Qual a relevância, doutor, dessa questão para o processo. Ele é um
agente dos Estados Unidos aqui?"
Batochio, mesmo assim, ainda perguntou a Mendonça:
"O
senhor depôs em processo judicial ou depôs no FBI?", e o empresário
respondeu: "Eu prefiro não responder essa pergunta."
Acompanhe a partir dos 24 minutos e 30 segundos:
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Fonte: http://jornalggn.com.br/
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