15 horas atrás (Atualizado 15 horas atrás) 12/11/2016
Impacto da Lava Jato levará Suíça a investigar bancos
MP suíço irá adotar estratégia para forçar instituições a
denunciar operações suspeitas
Marcelo Odebrecht em operação da PFAntonio
Melo/20.06.2015/Estadão Conteúdo
As autoridades suíças ficaram surpresas com o fato de, nos
dias seguintes à prisão de Marcelo Odebrecht, em junho do ano passado, cerca de
80 denúncias terem sido apresentadas pelos bancos locais sobre suspeitas de
movimentações da empreiteira brasileira.
No momento, a Odebrecht negocia uma delação com a Lava Jato
para revelar como participou do esquema de formação de cartel e corrupção na
Petrobrás e trata de um acordo de leniência, com pagamento de multa que pode
chegar a R$ 6 bilhões a ser dividida entre Brasil, Estados Unidos e Suíça.
A agência reguladora do sistema financeiro da Suíça agora
que saber por que essas denúncias só foram feitas após a prisão do empresário.
"Os dirigentes (de bancos) devem dizer a si mesmos: seria melhor denunciar
do que colocar os problemas para baixo do tapete", disse Michael Lauber,
procurador-geral da Suíça, em entrevista ao jornal Le Temps.
No total, cerca de US$ 800 milhões em 42 bancos suíços foram
congelados por Berna, o que reabriu um velho debate sobre o papel do país em
administrar dinheiro sujo do mundo. O caso brasileiro ainda coincide com uma
investigação sobre corrupção envolvendo o fundo soberano da Malásia, que, a
exemplo do caso de executivos da Petrobrás e da Odebrecht, usou bancos suíços
para esconder fortunas.
Berna oficialmente não faz uma ligação direta entre o caso
brasileiro e sua nova estratégia, mas admite que, nos últimos meses, os
incidentes envolvendo bancos suíços sofreram um aumento importante. Desde o
início das investigações sobre corrupção na Petrobrás, em 2014, a agência
reguladora do sistema financeiro suíço iniciou exames sobre 25 bancos citados
no caso da estatal.
No banco Julius Bär, por exemplo, foram encontrados recursos
do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso em Curitiba. Entre as
instituições que colaboram estão também Pictet, Cramer, HSBC, UBS, Credit
Suisse, PKB, entre outras. Pelo Lombard Odier foi movimentado dinheiro de
ex-diretores da Petrobrás.
Ação. A estratégia do MP suíço é recorrer à eficácia de um
artigo do Código Penal promulgado em 2003, mas que até hoje só foi usado pela
Justiça do país quatro vezes.
A lei suíça estabelecia que apenas funcionários de bancos
poderiam responder criminalmente por corrupção e lavagem de dinheiro – jamais a
instituição. Um dos casos de condenação de bancos com base no artigo envolveu a
francesa Alstom em razão de pagamento de propina em diversos países do mundo
por meio de contas na Suíça.
Com base nesse artigo, o MP anunciou uma ofensiva sobre os
bancos, que poderão ser processados e eventualmente condenados. Segundo Lauber,
o MP suíço quer impedir que gerentes e diretores de instituições financeiras
lancem a responsabilidade de atividades ilegais sobre funcionários.
Proteção. De acordo com a lei, o banco envolvido em um
esquema de lavagem de dinheiro pagaria uma multa de US$ 5 milhões, um valor
considerado "irrisório" para advogados envolvidos na defesa de
brasileiros em Genebra. Ainda assim, o MP suíço insiste que a meta é proteger a
praça financeira suíça, duramente afetada pelo escândalo de corrupção na
Petrobrás.
FONTE: http://www.r7.com/
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