Postado em 25 de Novembro de 2016 - 14:24 -
Sérgio Moro veta advogado de Eduardo Cunha de perguntar a
Nestor Cerveró sobre Temer
Ex-diretor da Petrobrás afirmou em audiência na Justiça
Federal no Paraná que grupo do PMDB lhe exigiu 700 mil dólares por mês para
ficar no cargo; na ocasião, partido era comandado pelo atual presidente da
República.
Fonte: Estadão
Nestor Cerveró. Reprodução: fotospublicas.com
O juiz Sérgio Moro não autorizou que um advogado completasse
pergunta ao ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró (Internacional) sobre o
presidente Michel Temer. O episódio ocorreu nesta quinta-feira, 24.
“Essa proposta financeira que o sr. recebeu para se manter
no cargo de pagar 700 mil dólares por mês também foi levada ao presidente do
PMDB à época?”, indagou o advogado, defensor do ex-presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB/RJ), em audiência na Justiça Federal em Curitiba.
“Não dr, aí estou indeferindo essa questão”, interrompeu
Moro, imediatamente. “Isso não é objeto da acusação e não tem competência desse
juízo para esse tipo de questão”, completou o juiz da Lava Jato.
A preocupação de Moro é com a citação a autoridades
detentoras de foro privilegiado perante tribunais superiores – caso do
presidente da República.
A menção a pessoas nessas condições em processo de primeiro
grau judicial pode levar até à anulação do caso ou provocar o deslocamento dos
autos.
Cerveró foi arrolado pela defesa de Eduardo Cunha, réu da
Lava Jato e preso em Curitiba por ordem de Moro.
Na audiência, Cerveró disse que foi nomeado para o cargo na
Petrobrás em janeiro de 2003 ‘no novo governo Lula’.
O advogado do ex-presidente da Câmara indagou do ex-diretor
da estatal petrolífera se ‘houve participação’ do então senador Delcídio Amaral
(ex-PT/MS) em sua indicação.
“Sim, minha indicação (foi feita) pelo (ex) governador Zeca
do PT (MS), por indicação do senador Delcídio.”
Indagado se houve ‘pagamento de vantagem indevida a Delcídio’,
Cerveró respondeu. “Não na ocasião, mas posteriormente.”
O advogado de Eduardo Cunha perguntou a Cerveró quando ele
‘se aproximou do PMDB’. Na época, em 2006, Cerveró estava sendo pressionado
para deixar o cargo.
“Foi o PMDB que se aproximou de mim, em 2006, logo depois do
Mensalão, através do ministro Silas Rondeau que fazia parte do grupo do PMDB”,
respondeu.
“Fui procurado pelo Silas que me apresentou ao senador Renan
(Calheiros) e, na época, ao deputado Jáder Barbalho (PMDB/PA). Me informaram
que eu passaria a ser apoiado por esse grupo.”
Em sua delação premiada, Cerveró afirmou que em 2006 pagou
US$ 6 milhões a Renan ‘a título de participação nos negócios da Petrobrás’.
Renan nega.
“Realmente foi um acerto que houve com esse comando do PMDB.
Delcídio não fazia parte desses seis milhões, mas houve uma destinação desses
seis milhões de dólares para esse grupo (do PMDB) de propinas (no âmbito) da
primeira sonda que a Petrobrás contratou. Delcídio não fez parte.
Dois anos
depois fui substituído.”
“Minha substituição não foi de uma hora para outra, se
iniciou com uma pressão do PMDB da Câmara. Fui cobrar o apoio do grupo do PMDB
do Senado, mas esse grupo estava muito enfraquecido na ocasião porque o
senador Renan teve que renunciar (à presidência da Casa) por conta da história
da filha dele. Esse grupo tinha perdido (força)”, relatou Cerveró, que acabou
caindo em 2008.
O advogado de Eduardo Cunha questionou Cerveró se ele foi
pressionado a fazer pagamento mensal de US$ 700 mil ‘ao grupo do PMDB’ para se
manter no cargo. Ele confirmou.
Cerveró contou que esteve com Michel Temer. Na ocasião,
Temer era deputado e presidia o PMDB. “Estive com Michel Temer, (fui) levado
pelo dr. Bumlai (pecuarista José Carlos Bumlai, réu da Lava Jato). Ligou,
marcou uma audiência com o deputado Michel Temer, no escritório dele em São
Paulo.
Fui lá, ele (Temer) me recebeu muito bem, mas disse que não podia
contrariar os interesses da bancada que ele comandava, ele era o presidente do
PMDB.”
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