Brasília vai ser sitiada. Fechamento do Congresso pode
acontecer a qualquer momento
27/11/201
Nesse momento abandono por um breve período a
neutralidade exigida para atuar como editor da Revista Sociedade Militar,
que publica textos de tantos renomados articulistas, para escrever algumas
linhas como pessoa comum, pai de três filhos, militar da reserva, assalariado e
que, além da formação militar, nas horas que restaram entre inúmeros plantões,
se graduou e pós-graduou numa universidade pública recheada de militantes, que
já naquela época se achavam donos do recinto.
Falo aqui como o amigo que troca idéias com todos aqueles
que não só nos enviam textos, mas também participam sugerindo, elogiando ou
criticando nos comentários, emails e whatsapp (21 98106-2723).
Temos acompanhado o cenário político e a voz das ruas faz
algum tempo. Fui a várias manifestações e conheço muitas lideranças de
movimentos populares, alguns intervencionistas e alguns radicalmente outros
anti-intervenção. Também, obviamente, conheço muito bem a mente militar. Passei
mais tempo de minha vida na caserna do que fora dela.
Ainda que os comandantes militares insistam em dizer que as
ações das Forças Armadas sejam delimitadas por parâmetros como legalidade e
estabilidade, crescem em meio à sociedade e até na reserva, os apelos
pela chamada intervenção militar.
E os comandantes sabem disso. Frequento
pessoalmente vários fóruns e grupos de inteligência, militares, segurança
pública e policia militar e percebo claramente que o clamor por uma medida
saneadora mais drástica cresce na mente de muitos do nosso meio.
São antidemocratas? Não, jamais. Contudo, quem melhor do que
nós, detentores de algumas informações privilegiadas, para saber o que se passa
por trás dos panos?
Se os militares e comunidade de segurança pública
estão no seu limite, se decepcionam com a democracia, pode-se crer que as
coisas estão muito piores do que já pôde perceber o cidadão comum.
Alguns economistas e políticos, assim como o próprio
Comandante do Exército deixam explicito em suas falas que qualquer sinal de
possível instabilidade pode prejudicar a retomada do país em busca de
crescimento e progresso. É uma verdade, estão certos e isso em parte explica
sua sobriedade nas declarações públicas.
O mundo, os investidores em potencial, aqueles que
realmente decidem os destinos da economia, acreditam que uma “higienização da
classe política” pode acontecer pelo menos em médio prazo no Brasil? Sim, AINDA
acreditam, tanto que os indicadores chegaram a melhorar nos últimos meses.
Contudo, fatores como o tempo que o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
leva para julgar autoridades com foro privilegiado, como é o caso de Renan
Calheiros, envolvido como acusado em processos que já duram mais de 5 anos, e a
luta de parlamentares por corromper a proposta de iniciativa popular
anti-corrupção, endossada por mais de 2 milhões de brasileiros, fazem crescer
os apelos para que os militares tomem partido e realizem de alguma forma a
moralização necessária.
Além das centenas de grupos intervencionistas nas redes
sociais, alguns com mais de 200 mil participantes que se comunicam diariamente,
pudemos identificar duas grandes rádios online 24 horas por dia divulgando
debates, discursos e conversas em apologia à intervenção militar. O movimento
não para de crescer e, embora seja um assunto tabu, é acompanhado de perto.
Citando : Radio
Pesadelo dos Políticos e Rádio Rede Brasil Online
A ocupação realizada no Congresso por militantes de direita
acendeu uma luz vermelha. A imprensa e classe política mais atenta
percebeu que a sociedade aos poucos deixa de vislumbrar possibilidades de
se resolver “a coisa” de forma menos impactante.
Cada vez maior número de pessoas têm se desiludido com a
velocidade do “saneamento político” e aumentam a pressão para que as forças
armadas assumam o controle e inclusive enquadrem e julguem rapidamente todos os
políticos envolvidos em falcatruas por crimes contra a segurança nacional,
realizando em seguida eleições livres e sem a participação de qualquer político
já condenado por corrupção ou envolvimento em qualquer crime.
Eles se
autodenominam intervencionistas e foi uma parte mais radical desse grupo acabou
ocupando o congresso nacional há cerca de uma semana.
Grande parte dos oficiais generais na reserva declaram
sem pudor que a ação militar não pode ser descartada como uma das formas de
resolver a crise de moralidade atualmente vivida.
Recentemente o deputado Jair Bolsonaro declarou no plenário
do Congresso Nacional que se na calada da noite o congresso nacional corromper
a proposta popular e implantar ali dentro uma forma de anistiar parlamentares
corruptos há possibilidade de o povo ir para as ruas pedir o fechamento do
parlamento.
O filósofo Olavo de Carvalho, que de sua residência nos EUA
orienta alguns personagens anti-esquerda, como Lobão, e que no início do
movimento anti-Dilma chegou a declarar que o Impeachment não adiantaria muito
para o país essa semana fez postagens em redes sociais incentivando a sociedade
para que ocupe de forma DEFINITIVA o parlamento.
A verdade é que a corrupção no Brasil a cada dia se mostra
mais entranhada na política e já poucos de nós acreditam que a médio prazo
conseguiremos mudar isso.
Com isso entendemos que a instabilidade não é causada
por um grupo de intervencionistas que de forma precipitada – mas de boa vontade
e com propostas em sua esmagadora maioria, corretas – entrou no Congresso
Nacional; por um deputado que insinue a possibilidade de fechamento do
congresso ou por recados de um filósofo que reside nos EUA.
A tal “instabilidade” é causada pelas próprias ações
desesperadas da classe política no afã de escapar do expurgo que, de uma forma
ou de outra vai acontecer.
Esperamos e desejamos realmente que o judiciário brasileiro
consiga vencer a oposição e terminar o que começou a fazer.
É evidente que os comandantes militares não desejam assumir
o controle do país. É obvio que se busca a todo custo a “solução democrática”.
Por isso a declaração padrão é “nossa sociedade não precisa ser tutelada“.
Quem
em sã consciência desejaria suportar o peso de tomar o controle de um país
continental como o nosso, tendo que enfrentar não só as centenas de grupelhos
de esquerda que se levantariam em vários locais, mas também a pressão da
comunidade internacional em peso?
Muita coisa poderia acontecer, a complexidade é enorme,
nenhum ensaio, prospecção, pode prever tudo, muita gente inocente pode sofrer,
morrer.
Com toda certeza esse é o último recurso e deve sim ser
protelado ao máximo.
Tomo a liberdade de terminar essa conversa citando excerto de
ótimo texto de um conhecido oficial:
“Empregar as FFAA enquanto estamos
progredindo bem com outras peças de manobra é, de fato, um grande equívoco,
assim como também é por em dúvida o seu comprometimento constitucional, a sua
subordinação ao interesse da Pátria e a sua competência para acompanhar e
interpretar a conjuntura, imaginando-as incapazes de, por si próprias, conhecer
o momento oportuno para agir e prevenir danos maiores à democracia … (General
de Brigada Paulo Chagas)”
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