Cunha entra em “panico” e chora dentro de cela em Curitiba
Quinta-feira, novembro 3, 2016
O presidente de facto, Michel Temer, e seus auxiliares mais
próximos estão em alerta máximo. Eles passaram a receber, nos últimos dias,
novas ameaças do deputado cassado, e preso, Eduardo Cunha. As noites, na fria
carceragem da Polícia Federal, na capital paranaense, têm sido demais para o
ex-presidente da Câmara. Testemunhas que conversaram com a reportagem do
Correio do Brasil disseram tê-lo visto chorando ao abraçar a mulher, a
jornalista Cláudia Cruz. Ela e os filhos o visitaram, no início da semana.
Cunha tenta, em suas últimas esperanças de evitar um longo
período atrás das grades, convencer os demais correligionários. Hoje, na
condução do país, seus parceiros deveriam ajudá-lo na guerra contra a Operação
Lava Jato, acredita. Mas pode ser tarde demais. Suas primeiras conversas acerca
de uma possível delação premiada têm esbarrado nos procuradores do Ministério
Público Federal (MPF). Parte deles prefere ver Cunha preso por muito tempo, ao
invés de ter a pena reduzida. O peemedebista fluminense é acusado de receber
mais de US$ 6 milhões em propina no esquema de corrupção na Petrobras.
Cunha e os ‘peixes graúdos’
Após negociar a confissão de Odebrecht, a delação de Cunha
passa a ter peso específico. Somente interessaria ao Judiciário caso o
peemedebista fluminense disponha de provas objetivas contra cúmplices do mais
alto escalão. Entre eles, o presidente licenciado da legenda, Michel Temer, e
políticos já citados, como o senador José Serra (PSDB-SP). Atual ocupante do
ministério das Relações Exteriores, Serra já foi citado por receber mais de R$
20 milhões em dinheiro sujo.
— Muitas pessoas e alguns articulistas dos principais jornais do país
andaram falando assim, como se nós tivéssemos uma obrigação de fechar um acordo
com Cunha. Eu não vou trocar o Cunha por alguém abaixo dele, eu tenho que
trocar por alguém da mesma hierarquia ou acima dele, essa é a lógica do
sistema.
A menos que ele venha me entregar 200 deputados, 200 deputados menores
que ele, daí eu até poderia ter uma multiplicação no sentido quantitativo —
disse o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, a jornalistas.
Ele é um dos principais integrantes da força-tarefa.
Acordo fechado
Ao contrário de Cunha, que apela para se ver livre das
grades, Odebrecht teria fechado, na véspera, o seu acordo de delação premiada.
A defesa do dono da empreiteira teria chegado a um acordo sobre um dos
principais pontos da delação premiada. Acertaram que Odebrecht permanecerá preso, em regime fechado, até
dezembro de 2017. A pena total deve ser de dez anos, com dois e meio em regime
fechado.
A delação de Marcelo e dos executivos do grupo atinge todo o
sistema político. Inclui Michel Temer, que teria pedido R$ 10 milhões em caixa
dois. E Serra, com depósitos de R$ 23 milhões numa conta secreta, na Suíça.
Odebrecht está preso desde junho do ano passado, sob
suspeita de envolvimento no esquema de desvios da Petrobras. Esse período de um
ano e quatro meses será descontado da pena total, de acordo com pessoas ligadas
às negociações, segundo adiantaram seus advogados.
Pena rígida
Em dezembro de 2017, segundo o acordo celebrado, o
empresário entraria em progressão de regime, cumprindo pena no semiaberto e
aberto, inclusive o domiciliar. No início de outubro, as autoridades da Lava
Jato iniciaram as negociações para que ele cumprisse pena de quatro anos em
regime fechado.
Sua defesa, no entanto, conseguiu negociar a redução da
punição, alegando que era muito rígida. Afinal, o empresário denuncia políticos
de alto calado e contratos públicos de valores astronômicos.
CORREIO DO BRASIL
FONTE: http://clickpolitica.com.br/
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