Testemunhas da Lava Jato inocentam Lula em depoimento
Das oito testemunhas ouvidas até agora, todas disseram que
jamais conversaram com Lula sobre qualquer atividade fraudulenta em contratos
da Petrobras
POLÍTICA PETROBRÁSHÁ 21 HORAS 25/11/2016
POR NOTÍCIAS AO MINUTO
Das oito testemunhas ouvidas até agora, todas disseram que
jamais conversaram com Luiz Inácio Lula da Silva sobre qualquer atividade
fraudulenta em contratos da Petrobras. Também disseram não ter qualquer
conhecimento ou prova de que o apartamento do Guarujá guarda alguma relação com
Lula ou com as atividades desenvolvidas pela empreiteira na estatal
petrolífera.
Embora os procuradores da Operação Lava Jato afirmem ter
convicção de que Lula obteve vantagens ilícitas de uma empreiteira por ter
facilitado fraudes em contratos da Petrobras, nenhuma das testemunhas
convocadas pelos próprios procuradores confirma essa tese. Veja, abaixo, o que
disseram cada uma das oito testemunhas a respeito do assunto:
1 - Delcídio do Amaral - ex-senador
O ex-senador Delcídio do Amaral afirmou nunca ter tido
qualquer conversa com o ex-presidente a respeito de qualquer procedimento
ilícito. Disse também que não tem nenhuma prova de que Lula tenha feito parte
de qualquer procedimento fraudulento. Por fim, disse que não teve conversa direta
ou tem prova de que o ex-presidente saberia de fraudes que aconteciam na
Petrobras.
2 - Augusto Mendonça Neto - empresário
Assim foi perguntado e assim respondeu a testemunha em
audiência realizada na última segunda-feira (21):
Advogado - O senhor sabe se algum consórcio pagou alguma
vantagem indevida ao ex-presidente Lula?
Augusto Mendonça Neto - Não sei.
Advogado - O senhor sabe ou tem provas se ex-presidente Lula
tem alguma relação com o apartamento 164-A, no Guarujá?
Augusto Mendonça Neto - Não tenho a menor ideia.
3 - Dalton Avancini - executivo
O ex-presidente da Camargo Corrêa tornou-se delator premiado
da Lava Jato em junho de 2015, quando assinou um acordo com os procuradores do
MPF-PR e confessou a Sérgio Moro que havia pago, no ano de 2006, R$ 8,7 milhões
em propina para a campanha de Eduardo Campos (PSB) para o governo de
Pernambuco.
Já sobre Lula, em seu depoimento da última segunda-feira, o
delator afirmou jamais ter conversado com o ex-presidente sobre qualquer
manobra ilícita no âmbito da Petrobras. Também disse não ter nenhuma prova de que
Lula tenha recebido algum tipo de benefício financeiro por meio de um
apartamento no Guarujá.
4 - Eduardo Leite - executivo
Ex-diretor vice-presidente da Camargo Corrêa foi condenado a
15 anos de cadeia, mas está em casa cumprindo pena graças ao contrato de
delação que assinou com Sérgio Moro.
Na audiência da última segunda-feira, assim como seu colega
Dalton Avancini, Eduardo Leite afirmou nada ter a dizer em relação a ilícitos
ou vantagens recebidas de empreiteiras por parte de Luiz Inácio Lula da Silva
5 - Pedro Correa - político
O ex-deputado federal e ex-presidente do PP Pedro Correa
admitiu, em depoimento nesta quarta-feira (23), em Curitiba, que, quando se
apresentou ao MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) para depor contra o
ex-presidente Lula, estava agindo dentro do processo de busca de vantagem por
meio de uma delação premiada que reduzisse suas penas.
Correa contou ainda que não tem conhecimento de nenhum
pedido de vantagem indevida pelo ex-presidente Lula, ou nada relacionado ao
apartamento tríplex no Guarujá, cuja “propriedade oculta” o MPF-PR insiste em
reputar a Lula.
6 - Pedro Barusco - executivo
Sobre a acusação específica que faz o MPF-PR (Ministério
Público Federal no Paraná) ao ex-presidente, de que Lula teria recebido
vantagem indevida por meio de um apartamento do Guarujá, o ex-gerente da
Petrobras disse não ter nenhuma informação sobre o caso.
Também disse nunca ter tido nenhuma reunião ou contato com o
ex-presidente, tendo o visto apenas em eventos públicos.
Em acordo de delação
fechado com os procuradores curitibanos, Barusco pagou multa R$ 6,5 milhões e
devolveu mais de US$ 90 milhões que recebeu no exterior.
7 - Paulo Roberto Costa - executivo
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras disse nunca ter
tido nenhuma reunião sozinho com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
muito menos qualquer conversa a respeito de atividades fraudulentas.
"Nunca tive intimidade com o presidente Lula. Nunca
tive uma reunião sozinho com o presidente Lula", afirmou. Paulo Roberto
disse ainda que as vezes em que viu Lula foram sempre na companhia do então
presidente da empresa, para informações sobre projetos de desenvolvimento dos
Estados.
E que desconhece qualquer pedido ou recebimento de vantagem indevida
pelo ex-presidente Lula.
8 - Nestor Cerveró - executivo
O ex-diretor da Petrobras disse jamais ter tido uma reunião
sozinho com Lula ou discutido com o ex-presidente qualquer irregularidade.
Disse também que nada sabe a respeito do apartamento 164-A, no Guarujá, cuja
propriedade é da construtora OAS.
O ex-diretor também confirmou no depoimento que o ex-senador
Delcídio do Amaral teria negociado propina no Governo FHC com as empresas
Alstom e GE, e que repassou ao ex-senador Delcídio cerca de 2,5 milhões de
dólares de vantagens indevidas, pago algumas vezes atendendo a pedidos do
senador Delcídio, que fechou um acordo de delação e é uma das testemunhas da
acusação no processo contra Lula.
O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quinta-feira, 24, que
acusações contra o ex-presidente no âmbito da ação penal da operação Lava Jato
estão "ruindo".
Em vídeo, Martins cita o depoimento do ex-diretor
Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, delator da Lava Jato, que disse
nesta quinta-feira não saber de qualquer participação de Lula em
irregularidades relacionadas à Petrobras, nem de supostas vantagens indevidas
no caso do apartamento triplex.
"O depoimento de Cerveró segue a mesma
linha das demais testemunhas, que isentaram o ex-presidente Lula da prática de
qualquer ato ilícito nessa ação penal que diz respeito ao triplex ou à obtenção
de vantagens indevidas", diz o advogado.
Além de isentar Lula, em seu depoimento, Nestor Cerveró
revelou que sua indicação para o cargo de diretor Internacioinal foi
patrocinada pelo PMDB, e citou o secretário de governo de Michel Temer, Geddel
Vieira Lima, como um de seus padrinhos.
De acordo com o portal Brasil 247, a defesa de Lula
classifica como nova prática de "low fare" a acusação do juiz Sérgio
Moro, de que os advogados do ex-presidente estaria tumultuando o processo, ao
apontar irregularidades na condução dos trabalhos.
"Se, diante desse
cenário da fragilização absoluta das teses acusatórias, o que resta a dizer é
que a defesa está tumultuando o processo, não há problema nenhum. O fato é que
a tese da acusação está ruindo", afirmou.
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