Para estudantes, declarações de Temer sobre ensino merecem
nota zero
Valter Campanato/Agência Brasil
BRASIL 19:22 09.11.2016(atualizado 19:24 09.11.2016)
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Estudantes secundaristas e de outros níveis de ensino reagiram às declarações
do presidente Michel Temer que, na terça-feira, 8, afirmou que os estudantes
que estão ocupando escolas em todo o país contra a reforma do ensino médio e a
limitação do gasto público fazem críticas sem sequer saber o que é uma PEC
(Proposta de Emenda Constitucional).
Durante seminário sobre "Infraestrutura e Desenvolvimento do Brasil",
na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, Temer
afirmou que os críticos "debatem sem discutir ou ler o texto". E
ironizou: "Você sabe o que é uma PEC? É uma Proposta de Emenda
Comercial", disse simulando a resposta de um estudante secundarista.
Para
o presidente, a reforma do ensino médio vem sendo debatida há muito tempo e não
visa a prejudicar os alunos do ensino público.
Segundo Temer, "o que a
medida provisória do governo federal faz é agilizar o debate relativo ao ensino
médio no país". A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE),
Carina Vitral, tem uma opinião radicalmente contrária.
"Foi uma declaração muito infeliz do presidente que revela duas coisas
principais. A primeira é uma subestimação do movimento estudantil. Os
estudantes que ocupam mais de mil escolas e mais de 200 universidades em todo o
país sabem bem pelo que lutam. Estão lutando pelo seu futuro e pelo futuro da
educação e estão fazendo isso para serem ouvidos.
O presidente, ao invés de
dizer que a gente não sabe o que é uma PEC, deveria nos chamar para ouvir nossa
opinião sobre a reforma do ensino médio, sobre a reforma do gasto público no
país."
A dirigente da UNE acusa a proposta do governo de retirar a formação política e
o senso crítico das escolas, tornando matérias como sociologia e filosofia
facultativas na grade curricular de ensino. Essas mudanças, na visão de Carina,
não vão superar a desafasagem do ensino que o próprio presidente reconhece.
TÂNIA RÊGO/AGÊNCIA BRASIL
Estudantes secundaristas já ocupam mais de mil escolas em todo o país
Quanto às críticas feitas por Temer quanto à ocupação de
escolas, Carina diz que o movimento traz um recado claro:
"Quem subestimou as ocupações até agora saiu perdendo. Derotamos Beto
Richa (governador do Paraná), Geraldo Alckmin (governador de São Paulo) e vamos
derrotar Michel Temer", diz, observando que todo mundo é a favor de escola
em tempo integral.
"Problema é que aumento de carga horária não
significa escola integral. Escola integral é quando você oferece disciplinas,
aulas, oficinas para além do currículo, extra conhecimento formal que possa
melhorar a qualidade de ensino. Hoje mais aulas do jeito que está vai somente
aumentar a evasão escolar."
Fonte: https://br.sputniknews.com/
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