Aécio passa a ser investigado pela PGR e a lista de
suspeitas aumenta
Aécio queria ser diplomado no lugar da presidenta Dilma
Entre os crimes atribuídos ao senador Aécio Neves, derrotado
nas eleições de 2014 pela presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), consta a
receptação de propina nos contratos superfaturados por empreiteiras, ao longo
de sua gestão
Por Redação – de Brasília e Belo Horizonte
Ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, o executivo
Benedicto Júnior apontou o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) como corrupto.
Em
sua delação premiada aos delegados da Operação Lava-Jato, vazada para a mídia
conservadora, Benedicto relata que Neves, em sua passagem pelo governo de Minas
Gerais, montou um esquema fraudulento para desviar recursos dos cofres
públicos.
Ele e seus associados na organização criminosa, segundo um dos
integrantes — réu confesso e autor da delação premiada —, fraudavam licitações
nas obras da Cidade Administrativa.
Foi o maior projeto executado em seus oito
anos de administração. Procurado pela reportagem do Correio do Brasil, o
senador negou qualquer irregularidade nos projetos.
Entre os crimes atribuídos ao senador tucano, derrotado nas
eleições de 2014 pela presidenta deposta Dilma Rousseff (PT), consta a
receptação de propina nos contratos superfaturados por empreiteiras, ao longo
de sua gestão. Um assessor de Aécio, responsável pela cobrança de acertos entre
2,5% e 3% sobre os valores das faturas quitadas, também entrou no radar da
Polícia Federal (PF).]
Oswaldo Borges da Costa Filho, que integra o círculo
familiar de Aécio Neves, é apontado por Benedicto Júnior como o ‘homem da mala’
(responsável pela coleta da propina) do então governador. Além de montar o
circuito criminoso com as construtoras, Aécio teria orientado os executivos das
empreiteiras a procurar por Costa Filho.
A Cidade Administrativa custou R$ 2,1
bilhões. Conhecido como Oswaldinho, Costa Filho consta na lista de
colaboradores nas campanhas do senador tucano.
Recall de Aécio
Após as delações de Benedicto Júnior, procuradores da Lava
Jato teriam exigido dos advogados da Andrade Gutierrez, no fim de 2016, uma
espécie de complementação das delações de seus executivos, chamada no jargão da
PF de “recall”.
Segundo investigadores, funcionários da Andrade não detalharam
o esquema de propina na Cidade Administrativa e em outras duas obras
especificadas nas delações da Odebrecht: a construção do Rodoanel e do Metrô,
em São Paulo.
Nestas duas últimas, consta também a citação ao senador José
Serra (PSDB-SP). Ele teria recebido propina no valor de R$ 23 milhões, no
exterior.
Nas próximas semanas, o ex-presidente da AG Energia Flávio
Barra e o ex-vice-presidente institucional da empresa Flávio Machado serão
ouvidos, mais uma vez, na Vara Federal comandada pelo juiz Sérgio Moro. Outros
executivos da empresa também podem ser incluídos no “recall”.
Barra dará detalhes das obras em São Paulo, enquanto Machado
vai confirmar a versão que Oswaldinho cobrou propina de 3% do valor dos
contratos da Cidade Administrativa, o que chegaria a cerca de R$ 40 milhões
somente na parte da Andrade.
‘Doação oficial’
Esse também é o relato do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.
O ex-CEO da empreiteira disse que repassou a Aécio, via Oswaldinho, o montante
referente à propina de 3%. As negociações com a OAS, porém, teriam sido
suspensas devido aos vazamentos de informação.
O nome de Oswaldinho também aparece em uma troca de
mensagens de setembro de 2014 entre o então presidente da Odebrecht, Marcelo
Odebrecht, e Benedicto Júnior. Eles tratavam de “uma doação de R$ 15 milhões,
de recursos disponibilizados a Mineirinho via Sergio Neves”.
“Combinei que Sergio Neves sentaria com OSW para ver forma
(dentro das limitações que temos) de 15”, diz a mensagem enviada a BJ por
Marcelo Odebrecht. Na campanha presidencial de 2014, Aécio Neves recebeu R$ 15
milhões da empreiteira baiana como doação oficial.
Após o Supremo Tribunal Federal (STF) homologar a delação da
empreiteira Norberto Odebrecht, com 77 executivos, ex-executivos e funcionários
da empreiteira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) acaba de instaurar
inquérito para investigar Aécio Neves. A informação foi publicada no site de
notícias Buzzfeed.
Fim do sigilo
Neves negou, em resposta às acusações, vazadas para o diário
conservador paulistano Folha de S. Paulo, que tenha participado de qualquer
fraude na licitação da Cidade Administrativa.
Ele segue dizendo que a obra
cumpriu todos os parâmetros legais.
“O senador desconhece o conteúdo dessa suposta delação e
afirma, com veemência, que as afirmações relatadas são falsas e absurdas.
O
edital de construção da Cidade Administrativa foi previamente apresentado ao
Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado e as obras auditadas
durante sua execução por empresa independente”, declarou, em nota, o senador.
O tucano mineiro se diz favorável, ainda, ao “fim do sigilo
sobre as delações homologadas para que todo conteúdo seja de conhecimento
público e as pessoas mencionadas possam se defender, uma vez que é impossível
responder a especulações, interpretações ou informações intencionalmente
vazadas por fontes não identificadas”.
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