URGENTE: Grampo revela que Aécio pediu R$ 2 milhões a dono da JBS
Gravação foi entregue por Joesley Batista à PGR. Primo do
senador foi filmado recebendo o dinheiro
Por Lauro Jardim / Guilherme Amado
17/05/2017 19:30 / Atualizado 17/05/2017
21:58
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) - Valter
Campanato/Agência Brasil
RIO - Joesley Batista entregou à Procuradoria-Geral da República (PGR) uma
gravação que piora de forma descomunal a tempestade que já cai sobre a cabeça
de Aécio Neves (PSDB-MG).
No áudio, o presidente do PSDB surge pedindo nada
menos que R$ 2 milhões ao empresário, sob a justificativa de que precisava da
quantia para pagar despesas com sua defesa na Lava-Jato.
O diálogo gravado durou cerca de 30 minutos. Aécio e Joesley se encontraram no
dia 24 de março no Hotel Unique, em São Paulo.
Quando Aécio citou o nome de Alberto
Toron, como o criminalista que o defenderia, não pegou o dono da JBS de
surpresa.
A menção ao advogado já havia sido feita pela irmã e braço-direito do
senador, Andréa Neves.
Foi ela a responsável pela primeira abordagem ao
empresário, por telefone e via WhatsApp (as trocas de mensagens estão com os
procuradores). As investigações, contudo, mostrariam para a PGR que esse não
era o verdadeiro objetivo de Aécio.
O estranho pedido de ajuda foi aceito. O empresário quis
saber, então, quem seria o responsável por pegar as malas. Deu-se, então, o
seguinte diálogo, chocante pela desfaçatez com que Aécio trata o tema:
— Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas,
se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança —
propôs Joesley.
— Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer
delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu
porque ele sai de lá e vai no cara. E você vai me dar uma ajuda do caralho —
respondeu Aécio.
O presidente do PSDB indicou um primo, Frederico Pacheco de
Medeiros, para receber o dinheiro. Fred, como é conhecido, foi diretor da
Cemig, nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente
em 2014. Tocava a área de logística.
Quem levou o dinheiro a Fred foi o diretor de Relações
Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete delatores. Foram quatro
entregas de R$ 500 mil cada uma. A PF filmou uma delas.
No material que chegou às mãos de Fachin na semana passada, a PGR diz ter
elementos para afirmar que o dinheiro não foi repassado a advogado algum.
As
filmagens da PF mostram que, após receber o dinheiro, Fred repassou, ainda em
São Paulo, as malas para Mendherson Souza Lima, secretário parlamentar do
senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Mendherson levou de carro a propina para Belo Horizonte. Fez
três viagens — sempre seguido pela PF. As investigações revelaram que o
dinheiro não era para advogado algum.
O assessor negociou para que os recursos
fosse parar na Tapera Participações Empreendimentos Agropecuários, de Gustavo
Perrella, filho de Zeze Perrella.
Não há, portanto, nenhuma indicação de que o dinheiro tenha
ido para Toron.
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