PF prende assessor de Temer e ex-governadores do DF por
fraudes de quase R$ 1 bi no Mané Garrincha
Operação Panatenaico está nas ruas para cumprir 15 mandados
de busca de apreensão, 10 mandados de prisão temporária além de 3 conduções
coercitivas
Fabio Serapião, Julia Affonso e Fausto Macedo
23 Maio 2017 | 07h11
Tadeu Filippelli. Foto: Wilton Júnior/Estadão
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira, 23, o
ex-vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli (PMDB), atual assessor
especial do presidente Michel Temer, e os ex-governador José Roberto Arruda
(PR) e Agnelo Queiroz (PT) na Operação Panatenaico
Em nota, o Ministério Público Federal, em Brasília, informou
que também foi determinada a indisponibilidade de bens de 13 envolvidos até o
limite de R$ 60 milhões.
O objetivo das medidas cumpridas hoje é encontrar
provas de que foi constituído um cartel entre várias empreiteiras para burlar e
fraudar o caráter competitivo da licitação e assegurar, de forma antecipada,
que os serviços e as obras fossem realizadas por consórcio constituído pelas
empresas Andrade Gutierrez e Via Engenharia.
A ação investiga uma organização criminosa que fraudou e
desviou recursos das obras de reforma do Estádio Nacional Mané Garrincha para
Copa do Mundo de Futebol de 2014.
Orçadas em cerca de R$ 600 milhões, as obras no estádio
custaram ao fim, em 2014, R$ 1,575 bilhão.
O superfaturamento, portanto,
pode ter chegado a quase R$ 900 milhões.
Entre os alvos das ações de hoje estão agentes públicos e
ex-agentes públicos, construtoras e operadores das propinas ao longo de 3
gestões do Governo do Distrito Federal.
A hipótese investigada pela Polícia
Federal é que agentes públicos, com a intermediação de operadores de propinas,
tenham realizado conluios e assim simulado procedimentos previstos em edital de
licitação.
A renovação do Estádio Mané Garrincha, ao contrário dos demais
estádios da Copa do Mundo financiados com dinheiro público, não recebeu
empréstimos do BNDES, mas sim da Terracap, mesmo que a estatal não tivesse este
tipo de operação financeira prevista no rol de suas atividades.
José Roberto Arruda. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Em razão da obra do Mané Garrincha – a mais cara arena de
toda Copa de 2014 – ter sido realizada sem prévios estudos de viabilidade
econômica, a Terracap, companhia estatal do DF com 49% de participação da
União, encontra-se em estado de iminente insolvência.
Para recolher elementos que detalhem como operou o esquema
criminoso que superfaturou a obra e lesou os cofres do GDF e da União, os cerca
80 policias envolvidos na operação foram divididos em 16 equipes.
Devem ser
cumpridos, no total, 15 mandados de busca de apreensão, 10 mandados de prisão
temporária além de 3 conduções coercitivas. As medidas judiciais foram
determinadas pela 10a. Vara da Justiça Federal no DF, todas as ações ocorrem em
Brasília e arredores.
O nome da operação é uma referência ao Stadium Panatenaico,
sede dos jogos panatenaicos, competições realizadas na Grécia Antiga que foram
anteriores aos jogos olímpicos.
A história desta arena utilizada para a prática
de esportes pelos helênicos, tida como uma das mais antigas do mundo, remonta à
época clássica, quando estádio ainda tinha assentos de madeira.
A construção
foi toda remodelada em mármore, por Arconte Licurgo, no ano 329 a.C. e foi
ampliado e renovado por Herodes Ático, no ano 140 d.C., com uma capacidade de
50 mil assentos.
Os restos da antiga estrutura foram escavados e restaurados,
com fundos proporcionados para o renascimento dos Jogos Olímpicos. O estádio
foi renovado pela segunda vez em 1895 para os Jogos Olímpicos de 1896.
Fonte: http://www.estadao.com.br/
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