Temer chama Exército após protesto violento; crise se
aprofunda no País
postado em 24/05/2017 21:46
Imagem do Google
O governo convocou tropas do Exército, nesta quarta-feira
(24), para proteger prédios públicos em Brasília atacados durante um protesto
maciço para exigir a saída do presidente Michel Temer, encurralado por
acusações de corrupção.
"Nós estamos, neste momento, garantindo a evacuação.
O
senhor presidente da República decretou, por solicitação do presidente da
Câmara [Rodrigo Maia] uma ação de garantia da lei e da ordem", anunciou o
ministro da Defesa, Raul Jungmann, em curta declaração à imprensa.
Segundo o ministro, tropas já se encontram no Palácio do
Planalto e no Palácio do Itamaraty.
Jornalistas da AFP reportaram cenas de grande confusão, e
imagens aéreas de emissoras de TV mostraram vários focos de incêndio.
O governo alegou que alguns manifestantes puseram em risco a
vida de funcionários públicos ao atacarem vários ministérios com paus e pedras.
E reforçou que a ordem - vigente até o próximo dia 31 e que implica a
mobilização de 1.500 militares - havia sido tomada pelo presidente, que luta
por sua sobrevivência política há uma semana.
A decisão costuma ser tomada para apoiar a Polícia em
momentos de segurança crítica, ou de grandes eventos como os Jogos Olímpicos,
mas é sensível em um país que viveu a ditadura militar entre 1964 e 1985.
Convocar o Exército é "uma medida extrema do governo
Temer, e o sinal claro de que se perdeu o controle, com consequências muito
ruins para nossa democracia e para as instituições", disse o analista
político André Cesar, sócio da consultoria legislativa Hold em Brasília.
Nessa mesma linha, mas em tom moderado, posicionou-se o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), aliado de Temer.
Para quem viveu a ditadura, "a questão da presença
militar é sempre uma coisa que nos assusta", disse o parlamentar, um dos
nomes aventados para uma possível sucessão.
'Cena de guerra'
Aos gritos de "Fora, Temer!", a manifestação,
convocada pela esquerda e por sindicatos, reuniu entre 35 mil e 100 mil
pessoas, segundo as autoridades e os organizadores, e foi predominantemente
pacífica.
Perto do fim, porém, grupos de jovens encapuzados atacaram
vários ministérios ao longo da avenida que leva ao Congresso e conseguiram
invadir uma sala do Ministério da Agricultura, à qual atearam fogo. A polícia
respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.
Há informes de vários feridos. A Polícia confirmou que pelo
menos um deles tinha ferimento a bala.
"Estou indo embora, porque isso já é uma cena de
guerra", disse à AFP Fabio Ferreira, funcionário do Ministério do
Planejamento, ao reportar distúrbios no prédio onde trabalha.
'Temer vai cair'
No Congresso, também se vivia um clima de efervescência,
diante dos sinais de rápida erosão da base aliada de Temer.
Uma sessão da Câmara dos Deputados foi suspensa
temporariamente, depois que legisladores da esquerda tomaram a tribuna.
"Temer vai cair. Todo mundo diz que é um governo
morto", disse a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Os participantes do ato também pediram "Diretas
Já!" e a retirada dos projetos de reforma da Previdência e de flexibilização
da legislação trabalhista.
Muitos apostam em uma saída institucional via Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). De 6 a 8 de junho, o órgão examinará uma denúncia que
poderá levar à cassação da chapa Dilma-Temer, vencedora da eleição presidencial
de 2014, por suspeita de financiamento ilegal.
"O Brasil virou imponderável (...) Desde que cheguei
ontem aqui está todo mundo conspirando.
Ninguém mais acredita na continuidade
do governo", disse Paulo Pereira da Silva, o deputado Paulinho da Força
(SD-SP), líder da Força Sindical, que foi aliado de Temer nos primeiros meses
de seu governo.
A Constituição determina que, em caso de vacância na
Presidência na segunda metade de um mandato, haverá eleições indiretas para a
escolha de um nome para completá-lo.
As eleições diretas poderiam ser
realizadas somente em caso de emenda constitucional.
Uma PEC apresentada pelo
deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) teve a votação adiada nesta quarta-feira (24)
na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
Um ano após o impeachment
Esta nova crise ocorre apenas um ano depois da destituição
pelo Congresso da presidente Dilma Rousseff.
Temer, seu vice, a substituiu com
a expectativa de completar o mandato até o fim de 2018 e aplicar um programa de
ajustes severos para tirar o país da pior recessão de sua história.
O quadro atual é outro. A economia demora a se recuperar, o
desemprego atinge níveis recordes, e os escândalos de corrupção envolvem os
principais ministros e grande parte dos aliados do presidente impopular.
A gota d'água foi a divulgação, na semana passada, de uma
gravação em que Joesley Batista, um dos donos da maior processadora de proteína
animal do mundo - a JBS -, relata a Temer as manobras para se livrar das
investigações da Operação Lava Jato sobre o esquema de propina na Petrobras.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu
imediatamente ao Supremo Tribunal Federal (STF) para prosseguir com o inquérito
sobre Temer por obstrução da Justiça.
A esquerda, que denuncia um "golpe institucional",
vê na súbita aceleração da crise uma oportunidade única para se vingar.
"Este é o fim do governo golpista. O povo está nas ruas
para isso. Não precisavam roubar o Brasil", disse à AFP Francisca Gomes,
uma porteira de 59 anos de São Paulo, que protestou em Brasília nesta
quarta-feira, segurando com outras três colegas um caixão de papelão preto com
imagens do presidente e cruzes brancas com a inscrição "RIP Temer"
Fonte: http://www.em.com.br/
Momento em que o Exército toma as ruas de Brasília
Helicóptero voa rasante e se aproxima de manifestantes em Brasília
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