Lula diz que já provou inocência e pede fim da 'palhaçada'
Ex-presidente discursou nesta quinta (1º) na abertura do
congresso do PT que elegerá novo comando no sábado (3). Durante evento, plateia
chamou Dirceu e Vaccari de 'guerreiros do povo brasileiro'.
Por Fernanda Calgaro, G1, Brasília
01/06/2017 23h44 Atualizado há 2 horas
O ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma nesta
quinta
(1º), durante o congresso do PT (Foto: Lula
Marques/Agência PT)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta
quinta-feira (1º), ao discursar na abertura do 6º Congresso Nacional do PT, em
Brasília, que já provou a inocência e pediu o fim da "palhaçada" das
acusações contra ele.
O Ministério Público Federal o acusa, por exemplo, de ter sido beneficiado com
o esquema de corrupção que atuou na corrupção o que o ex-pesidente sempre
negou.
"Eu não quero que vocês se preocupem com meu problema
pessoal. Esse, eu quero decidir com o representante do Ministério Público, da
Lava Jato.
Quero decidir com eles. Eu já provei minha inocência, agora vou
exigir que eles provem minha culpa, porque cada mentira contada será
desmontada", disse o ex-presidente.
"Eu e Dilma temos até conta no exterior. Eu nem sabia
que ela tinha e ela não sabe que eu tenho.
Um canalha diz que fez uma conta
para mim e uma para a Dilma, mas que está no nome dele.
E ele mexe com a grana.
Então, é o seguinte: chegou o momento de parar com a palhaçada nesse país.
Esse
país não comporta mais viver nessa situação de achincalhamento e o Partido dos
Trabalhadores tem de dar uma resposta clara para a sociedade", acrescentou
Lula.
No congresso do PT, que irá até sábado (3), o partido
elegerá o novo presidente nacional da sigla. Até a noite desta quinta, havia
três candidatos: os senadores Gleisi Hoffmann (PR) e Lindbergh Farias (RJ),
além de um nome ligado ao movimento negro, José de Oliveira.
Além disso, será debatido no congresso do PT um documento em
que o partido critica
a Operação Lava Jato, que ajudou a instalar uma "justiça de
exceção" com o "objetivo de destruir o PT" e o ex-presidente
Lula.
O ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma, durante
congresso do PT, em Brasília (Foto: Lula Marques/
Agência PT)
Entre os presentes ao ato estavam a ex-presidente Dilma
Rousseff, os governadores Wellington Dias (PI) e Fernando Pimentel (MG), os
ex-ministros Jaques Wagner e Edinho Silva, deputados e senadores.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu
em fevereiro deste ano, foi homenageada no evento.
Durante o evento, a plateia entoou gritos de "Fora,
Temer!" e "Diretas Já!".
2018
Em um determinado momento do discurso, Lula disse que 2018
está "logo aí". "Se a esquerda for para a disputa com discurso
preparado, a gente vai voltar a governar esse país", afirmou.
Em seguida, fez um apelo aos integrantes do congresso do PT
para que deixem as disputas internas de lado e pensem na elaboração de um
programa "factível" e que possa ser executado.
Lula ponderou, ainda, que, nas autocríticas, os delegados
não devem focar somente no que o partido deixou de fazer, mas no que foi feito.
"O que a gente tem que avaliar não é o que deixou de fazer, porque a gente
deixou de fazer muita coisa, mas nunca ninguém fez tanto como nós",
afirmou.
Por fim, Lula ainda fez críticas ao presidente Michel Temer,
afirmando não ser possível imaginar que o Brasil conseguirá resolver os
problemas com um presidente "ilegítimo", que tudo o que faz é
"cortar investimento".
Dirceu e Vaccari 'guerreiros'
Durante o discurso, a líder do PT no Senado, Gleisi Hoffmann
(PR), fez uma saudação ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e entoou, assim
como a plateia, o grito de "Dirceu guerreiro do povo brasileiro!".
Um dos nomes mais fortes no primeiro mandato de Lula como
presidente, José Dirceu foi condenado
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão e preso.
No
âmbito da Lava Jato, o ex-ministro também foi preso por suspeita de
envolvimento no esquema que atuou na Petrobras - ele foi solto
no mês passado.
Em seguida, o atual presidente do PT, Rui Falcão, também
chamou Dirceu de "guerreiro do povo brasileiro", assim como o
ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto.
Preso na Lava Jato em
abril de 2015, Vaccari foi absolvido
em abril deste ano no caso que envolve um apartamento
em Guarujá (SP) que, segundo a Lava Jato, pertence a Lula, o que o
presidente nega.
A ex-presidente Dilma, durante discurso no congresso
do PT
(Foto: Lula Marques/Agência PT)
Dilma
Também presente ao evento, a ex-presidente Dilma fez um
discurso de cerca de meia hora.
À plateia, ela defendeu que haja eleições
diretas no país.
"Não haverá pactuação no nosso país sem eleições diretas.
Não porque tenhamos o melhor candidato, porque perder eleição não é vergonha. Vergonha
é ganhar no tapetão, sem voto", afirmou.
E acrescentou: "Estamos vendo o aumento de medidas de
exceção. Daí, precisamos das diretas já por uma questão de sobrevivência do
país, enquanto país sério e institucional".
Dilma também fez referência a uma eventual candidatura de
Lula e disse esperar que ele não seja inviabilizado.
"Nós sabemos que todo cidadão tem direito de ser
candidato.
O que nós queremos é que não inviabilizem o nosso presidente Lula em
qualquer processo eleitoral. Não estou dizendo que é algo garantido uma
vitória, mas que tem que ser garantido o direto de qualquer cidadão
competir", disse.
Como fazia na Presidência, Dilma voltou a dizer que sofre
perseguição política.
Ela afirmou também que é cobrada a apresentar o que
chamou de "prova diabólica". Segundo ela, significa provar que não
tinha conhecimento do que acontecia, em uma referência à Operação Lava Jato.
"Há, sistematicamente, uma tentativa de nos
criminalizar.
E tem várias formas de nos criminalizar. Uma delas é [dizer]:
'Eles sabiam'. Isso é a prova diabólica porque, para provar que não sabia, tem
que saber aquilo que não sabia. Como você prova o que não sabe? A prova
diabólica era muito usada na Inquisição", disse.
Documento
O documento que servirá de base para o 6º Congresso Nacional
do PT afirma haver uma "verdadeira caçada política" a Lula para
impedi-lo de se candidatar nas próximas eleições.
A legenda acrescenta, ainda, que Lula é o único com condição
de revogar as mudanças adotadas pelo governo Michel Temer, chamado de "golpista"
e "usurpador".
Ainda sobre Temer, o documento faz duras críticas às
políticas econômicas, como o teto para os gastos públicos, e às reformas
trabalhista e da Previdência Social.
O documento faz, também, uma observação sobre o congresso
ocorrer em meio à maior crise política do governo Temer, em razão das delações
da JBS.
Eleições diretas e autocrítica
Em outro trecho do documento, o partido defende a realização
de eleições diretas e afirma que, em caso de eleição indireta, não irá votar no
Colégio Eleitoral.
Pelas regras atuais, se Temer deixar a Presidência, por
estar nos últimos dois anos do mandato, a escolha do sucessor será feita
somente pelos deputados e senadores.
O documento apresenta, por fim, um balanço dos governos
petistas e faz uma autocrítica, ressalvando que houve "erros" e
"insuficiências".
"Ao realizar o balanço deste período, não podemos
deixar de enfatizar nossos êxitos.
Não porque não tenhamos cometido erros,
tampouco porque tenhamos sido exitosos em tudo. Aliás, se fosse assim, o golpe
não teria ocorrido e viveríamos no socialismo", afirma o texto.
Fonte: http://globo.com/
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