FHC PEDE QUE TEMER TENHA GRANDEZA E ANTECIPE ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS
Poucos dias depois de o PSDB tomar a decisão desastrosa de
reafirmar seu apoio ao governo de Michel Temer, o partido vê sua principal
liderança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defender que Temer tenha
um gesto de grandeza e antecipe as eleições gerais no País; “A ordem vigente é
legal e constitucional mas não havendo aceitação generalizada de sua validade,
ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo
antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas
pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto"; num
trecho da nota divulgada hoje, FHC parece mandar recado ao próprio PSDB e diz
que os partidos precisam pensar no país e não em interesses partidários neste
momento; “Ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não
partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido”
15 DE JUNHO DE 2017 ÀS 16:23
247 - Poucos dias depois de o PSDB tomar a decisão
desastrosa de reafirmar seu apoio ao governo de Michel Temer, o partido vê sua
principal liderança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, defender que
Temer faça um gesto de grandeza e antecipe as eleições gerais no País.
A
opinião de FHC foi manifestada em nota encaminhada ao jornal O Globo nesta
quinta-feira.
No texto, também foi enviado à agência Lupa, o ex-presidente
diz que sua percepção sobre a situação política do Brasil tem sofrido “abalos
fortes”.
Para ele, falta “legitimidade” a Temer para governar e o país vive um
tipo de “anomia” (falta de regras, desorganização).
Diante desse cenário, FHC
diz ter mudado de opinião de que seria um golpe a convocação de eleições antes
do término do mandato de Temer, em 2018.
“A ordem vigente é legal e constitucional (daí ter mencionado como ‘golpe’ uma
antecipação eleitoral) mas não havendo aceitação generalizada de sua validade,
ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder pedindo
antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas
pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto", escreveu
o tucano na nota.
Para que aconteçam eleições antecipadas, é preciso alterar a Constituição por
meio de uma proposta de emenda constitucional no Congresso (PEC).
Ao jornal O
Globo, o tucano disse que não é possível saber se a medida seria capaz de
manter Temer no poder até a aprovação de uma PEC.
"A volatilidade da
conjuntura política é de tal ordem que qualquer prognóstico se torna precário.
Vivemos, como diria o dr. Ulysses (Guimarães), sob os impulsos de sua
excelência", afirmou.
O tucano também defendeu que uma eventual antecipação das eleições gerais de
2018 seja precedida de mudanças na legislação eleitoral. Mas não mencionou qual
seriam elas.
"Não obstante e ainda mais por isso, devemos obedecer
estritamente a Constituição. Novas eleições requerem emenda constitucional que,
a meu ver, deveria ser antecedida por mudanças na legislação eleitoral. Portanto,
tudo ocorreria mais facilmente com a anuência do presidente".
Recado ao PSDB?
Num trecho da nota, Fernando Henrique parece mandar um
recado ao PSDB e colegas de partido, que decidiram permanecer no barco de
Temer.
O ex-presidente diz que os partidos precisam pensar no país e não em
interesses partidários neste momento. “Ou se pensa nos passos seguintes em
termos nacionais e não partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o
desconhecido”, escreveu.
Leia a nota na íntegra:
“A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos fortes e
minha percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e olhasse em
volta reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia. Falta o que os
políticólogos chamam de ‘legitimidade’, ou seja, reconhecendo que a autoridade
é legítima consentir em obedecer.
A ordem vigente é legal e constitucional (dai o ter mencionado como
"golpe" uma antecipação eleitoral) mas não havendo aceitação
generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem
legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se
erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo
antecipação do voto.
É diante desta perspectiva que os partidos, pensando no Brasil, nas suas
chances econômicas e nos 14 milhões de desempregados, devem decidir o que
fazer.
A chance e a cautela a que me refiro derivam de minha percepção da gravidade da
situação. Ou se pensa nos passos seguintes em termos nacionais e não
partidários nem personalistas ou iremos às cegas para o desconhecido.
A responsabilidade maior é a do Presidente que decidirá se ainda tem forças
para resistir e atuar em prol do país.
Se tudo continuar como está com a desconstrução continua da autoridade, pior
ainda se houver tentativas de embaraçar as investigações em curso, não vejo
mais como o Psdb possa continuar no governo.
Preferiria atravessar a pinguela, mas se ela continuar quebrando será melhor atravessar
o rio a nado e devolver a legitimação da ordem à soberania popular.
É este o sentimento que motiva minhas tentativas de entender o que acontece e
de agir apropriadamente, embora nem sempre no calor dos embates diários e de
declarações dadas às pressas tenha sido claro nem sem hesitações.”
Fonte: https://www.brasil247.com/
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