PGR denuncia Aécio Neves ao STF por corrupção passiva e
obstrução de Justiça
Também foram denunciados, mas somente por corrupção passiva,
a irmã e o primo do senador do PSDB-MG, e um ex-assessor do senador Zeze
Perrella (PMDB-MG). Os três estão presos.
Por Mariana Oliveira e Vladimir Netto, TV Globo, Brasília
02/06/2017 17h49 Atualizado há 1 hora
O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) (Foto: Fabio
Pozzebom/Agência Brasil)
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou
nesta sexta-feira (2) ao Supremo Tribunal Federal (STF) o senador Aécio Neves
(PSDB) pelos crimes de corrupção passiva e obstrução da Justiça (leia a
íntegra da denúncia).
Janot pediu, ainda, "a decretação da perda da função
pública para os condenados detentores de cargo, emprego público ou mandato
eletivo, principalmente por terem agido com violação de seus deveres para com o
Estado e a sociedade."
Também foram denunciados, mas somente por corrupção passiva,
a irmã de Aécio, Andrea
Neves; o primo, Frederico
Pacheco; e o ex-assessor parlamentar do senador Zezé Perrela (PMDB-MG) Mendherson
Souza Lima.
Na denúncia, Janot pede que Aécio e Andrea Neves sejam
condenados a pagar R$ 6 milhões a título de reparação por danos morais
decorrentes de corrupção (R$ 4 milhões) e reparação por danos materiais (R$ 2
milhões) causados pelas condutas deles.
>> Leia ao final desta reportagem as versões dos
denunciados
A denúncia é baseada nas investigações da Operação
Patmos, em razão da qual Aécio
foi afastado do mandato parlamentar, e Andrea Neves, Pacheco e Souza
Lima foram presos. Eles
foram citados nas delações premiadas de executivos da JBS. O senador se diz "vítima
de uma armação".
Um dos elementos da investigação é uma gravação do
empresário Joesley Batista, dono da empresa JBS, que registrou com um gravador
escondido uma conversa entre ele e o senador.
No diálogo, Aécio
pede ao empresário R$ 2 milhões a fim de pagar um advogado para
defendê-lo na Operação Lava Jato.
A Polícia Federal filmou, com autorização do STF, a entrega
por Ricardo Saud, diretor da JBS, de uma parcela de R$ 500 mil ao primo de
Aécio, Frederico Pacheco, que posteriormente repassou o dinheiro a Mendherson
de Souza Lima, assessor do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).
Pacheco e Souza
Lima foram presos na Operação Patmos.
A denúncia contra Aécio Neves será analisada pelo relator
do caso, ministro Marco Aurélio Mello, que vai notificar os acusados a
apresentarem defesa. Depois, em prazo não definido, levará o caso à Primeira
Turma do STF, que decidirá se Aécio vira réu pela acusação.
Aécio é alvo de oito inquéritos no Supremo.
Um deles é a
investigação aberta a partir da delação dos executivos e donos da JBS, na qual
o senador foi denunciado.
Há outros cinco inquéritos abertos para investigá-lo a
partir das delações dos executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht,
todos no âmbito da Operação Lava Jato, e mais dois instaurados a partir das
delações do senador cassado Delcídio do Amaral, que estão sob relatoria do
ministro Gilmar Mendes.
Versões
Desde que foi afastado
do mandato parlamentar, Aécio Neves tem divulgado notas à imprensa e
vídeos na internet para rebater as acusações dos delatores da JBS.
Nesta sexta, a assessoria do senador afastado divulgou a
seguinte nota:
"A defesa do senador Aécio Neves recebe com surpresa a
notícia de que, na data de hoje, foi oferecida denúncia contra ele em relação
aos fatos envolvendo o Sr. Joesley Batista. Diversas diligências de fundamental
importância não foram realizadas, como a oitiva do senador e a perícia nas
gravações.
Assim, a defesa lamenta o açodamento no oferecimento da denúncia e
aguarda ter acesso ao seu teor para que possa demonstrar a correção da conduta
do senador Aécio Neves e de seus familiares."
A nota é assinada pelo advogado Alberto Zacharias Toron.
Anteriormente, o tucano também já disse que irá provar o "absurdo dessas acusações" e
o "equívoco das medidas" contra ele. Aécio também já afirmou que
buscará resgatar "a honra e a dignidade" que ele diz ter.
"O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade
dos fatos e fazer ao final um julgamento justo", afirmou Aécio em uma
nota.
Em um vídeo publicado no Facebook, o senador afastado se
disse "vítima
de armação" e acrescentou:
"Nessa história, os criminosos não sou eu nem meus
familiares.
Os criminosos são aqueles que se enriqueceram às custas do dinheiro
público e que agora, nesse instante, lá no exterior, zombam dos brasileiros com
os inacreditáveis benefícios que obtiveram.
Eles, sim, têm que voltar ao Brasil
e responder à Justiça pelos muitos crimes que cometeram."
Depois de elaborar um relatório, Marco Aurélio dará prazo
para manifestação da defesa e submeterá o caso ao conjunto dos cinco ministros
da 1ª Turma do STF, que decidirá se o senador será transformado em réu de ação
penal.ansformado em réu de ação penal.
Demais denunciados
A defesa de Mendherson Souza Lima informou que só
agora ficou sabendo que o MPF formalizou a acusação contra o Mendherson, Aécio
e os outros. Mas só vai se pronunciar após ter conhecimento formal da acusação.
O advogado de Frederico Pacheco, Ricardo Ferreira de
Melo, afirma que a defesa não teve acesso à denúncia. Por desconhecer os
termos, neste momento a defesa não tem como se manifestar. Quando tiverem acesso
ao documento, vão se manifestar.
Fonte : http://globo.com/
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