Em documento, PT critica Lava Jato, defende saída de Temer e
pede diretas
Texto será debatido no 6º Congresso Nacional do partido, que
terá início nesta quinta em Brasília; além do debate, partido deve eleger novo
presidente nacional.
01/06/2017 18h37 Atualizado há 5 horas
Imagem do Google
Em um documento que será debatido no 6º Congresso Nacional
do PT, que começa nesta quinta-feira (1º), o partido critica a Operação Lava
Jato, que ajudou a instalar uma “justiça de exceção” com o “objetivo de
destruir o PT” e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O teor do documento será discutido e votado pelos delegados
da legenda, que ficam reunidos em Brasília até sábado (3), quando deverá ser
eleito o novo presidente nacional da sigla.
O texto afirma ainda haver uma verdadeira "caçada
política" a Lula para impedi-lo de se candidatar nas próximas eleições
presidenciais, acrescentando que a eleição dele é a condição para revogar as
mudanças adotadas pelo governo Michel Temer, a quem classifica de “golpista” e
“usurpador”.
O documento pondera que o congresso ocorre em meio à crise
política que atinge o governo Temer em razão das denúncias feitas pelos
executivos da JBS em delação premiada e pede a sua saída da presidência.
O partido defende a realização de eleições diretas e afirma
que, em caso de eleição indireta, não irá votar no Colégio Eleitoral. Pelas
regras atuais, se Temer deixar a Presidência, por estar nos últimos dois anos
do mandato, a escolha de seu sucessor seria feita apenas pelos deputados e
senadores.
“O PT manifesta sua posição inegociável pelas Diretas Já e
contra o golpe dentro do golpe. Enfrentamos quaisquer iniciativas das classes
dominantes de impor eleições indiretas por meio de um Colégio Eleitoral.
O PT
rejeita terminantemente as duas alternativas dos golpistas. Para por fim a essa
crescente escalada de retrocessos é preciso antecipar as eleições para que a
vontade livre e soberana do povo se manifesta nas urnas.
O PT não votará no
Colégio Eleitoral”, afirma.
O texto faz duras críticas às políticas econômicas de Temer,
como a implantação do teto de gastos para as despesas públicas da União e diz
que "o desmonte dos direitos trabalhistas trará o aumento do desemprego,
da rotatividade da mão de obra e da precarização", além de uma "queda
brutal na renda dos salários no Brasil" e de "inviabilizar a
sustentação da Previdência Social".
O partido ressalta que o programa tocado por Temer é o que
foi derrotado nas urnas desde 2003. “Trata-se do projeto dos sem-voto”, afirma.
No documento, o partido fala na possibilidade de retorno ao
governo do país, mas que não querem ser "nem um país plutocrático nem
meritocrático".
"[...] pretendemos voltar a governar e o faremos
reafirmando que não queremos ser um país plutocrático, a serviço dos que ganham
sem trabalhar; nem queremos ser um país falsamente meritocrático, que garante
para alguns padrões de 'classe média', às custas de muitos que são privados do
acesso ao consumo e aos direitos", diz o texto.
A legenda diz ainda que para mudar o Brasil "é preciso
conquistar governos". "Mas exige principalmente construir um novo
poder. E construir um novo poder é uma tarefa das organizações da classe
trabalhadora, entre as quais o próprio Partido dos Trabalhadores", afirma.
Autocrítica
O documento também traz um balanço dos governos petistas e
faz uma autocrítica, ressalvando que houve “erros” e “insuficiências”.
“Ao realizar o balanço deste período, não podemos deixar de
enfatizar nossos êxitos. Não porque não tenhamos cometido erros, tampouco porque
tenhamos sido exitosos em tudo.
Aliás, se fosse assim, o golpe não teria
ocorrido e viveríamos no socialismo”, afirma, acrescentando que “está claro que
tiveram sucesso no golpe, também devido a nossos erros e insuficiências”.
No documento, o PT reconhece ainda que já cometeu
"falhas" durante as candidaturas do partido. "Parte importante
da população brasileira aprovou o que fizemos, em nossas candidaturas, mas não
compreendeu adequadamente o vínculo existente entre nossas realizações
administrativas e um determinado programa, uma visão de mundo", diz o
texto da carta.
"Nesse sentido, é preciso reconhecer que falhamos em
explicar e convencer o conjunto de nosso eleitorado, que os êxitos obtidos por
nossos governos só foram possíveis ali onde conseguimos construir políticas
públicas que materializassem uma visão alternativa e antagônica à concepção
neoliberal, entreguista e antidemocrática que foi hegemônica na presidência da
República, entre 1990 e 2002", conclui.
Fonte: http://globo.com/
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